Saúde

Covid-19 acelera envelhecimento vascular, mesmo em casos leves, mostra estudo

19 OUT 2025 • POR Da redação • 13h29
Teste Covid - divulgação

Mesmo após a recuperação clínica, a Covid-19 pode deixar marcas no sistema cardiovascular. Essa é a conclusão do maior estudo populacional com sobreviventes da doença, realizado com mais de 2 mil pessoas em 16 países, incluindo o Brasil. O trabalho mostrou que todos os participantes que foram infectados pelo vírus apresentaram maior rigidez nas grandes artérias em comparação com aqueles que não foram infectados.

De acordo com o estudo, publicado no European Heart Journal, a infecção por Covid-19 pode acelerar o envelhecimento vascular, com efeitos mais pronunciados em mulheres, especialmente aquelas com sintomas persistentes, independente da gravidade da doença.

Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde foram notificados em 2025, até 28 de setembro, 311.849 casos de Covid-19 no Brasil.

A investigação, realizada pelo consórcio Cartesian – que juntou esforços de integrantes de 34 centros de pesquisa em todo o mundo –, é a primeira a avaliar os efeitos de longo prazo da Covid-19 na rigidez arterial, um indicador do envelhecimento vascular que pode aumentar o risco de desenvolver insuficiência cardíaca, infarto, acidente vascular cerebral e outras complicações cardiovasculares.

“O estudo mostrou que pessoas que tiveram Covid-19 apresentam maior rigidez das grandes artérias, o que pode indicar envelhecimento vascular e comprometer o fluxo de sangue para o cérebro e outros órgãos”, diz Emmanuel Ciolac, professor da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru – uma das instituições que participaram do consórcio. “Esse efeito foi independente da gravidade da doença ou de fatores como hipertensão, embora estudos com outras populações demonstrem que a pressão alta contribua em parte para esse quadro.”

A investigação realizada foi apoiada pela Fapesp.

A boa notícia, destaca o pesquisador da Unesp, é que a rigidez arterial tende a diminuir com o tempo, conforme observado entre os participantes do estudo após um ano da infecção. “Isso ressalta a importância de programas de reabilitação envolvendo atividade física, por exemplo. São situações, na maioria dos casos, que podem ser reversíveis e, cada vez mais, vemos que é preciso uma atenção de longo prazo nos infectados pela Covid-19”, diz o pesquisador que em uma outra investigação, com um grupo pequeno de participantes e desvinculado do consórcio Cartesian, comprovou os efeitos da prática de exercício físico na reversão da rigidez arterial.

Agência SP