Fundação da ABASC completa 86 anos
Entidade foi criada numa época em que a cidade abrigava cerca de 137 alfaiatarias com 600 alfaiates
25 SET 2025 • POR Da redação • 07h34A ABASC (Associação Beneficente dos Alfaiates de São Carlos) foi criada no dia 23 de setembro de 1939, há exatamente 86 anos, por um grupo de alfaiates liderados por Carmine Botta (18991988), Antonio Talarico Filho (19031974) e Albano Ferro (19122001).
A associação surgiu com a ajuda financeira de firmas atacadistas de São Paulo, que compraram um terreno na Rua Jesuíno de Arruda, onde funcionou de 1941 a 2003, quando o edifício foi vendido. A instituição também possuía uma sede de campo na Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Junior (SP-318), km 237.
A entidade, que ganhou força tanto nos eventos sociais quanto esportivos, foi criada numa época em que São Carlos poderia ser chamada de "Capital Nacional dos Alfaiates". A cidade abrigava centenas de profissionais da costura e alfaiatarias, em sua maioria lideradas por imigrantes italianos.
A maioria desses estabelecimentos confeccionava, de forma artesanal e sob medida, ternos masculinos. Havia também alfaiatarias que produziam uniformes para empregados em cooperativas ligadas à Companhia Paulista de Estradas de Ferro e até mesmo para trabalhadores das Indústrias Matarazzo.
Carmine Botta, liderança de destaque, era um imigrante nascido no início do século XX em Salerno, na Itália, que viveu durante 80 anos em São Carlos. Além de alfaiate, comerciante e fundador da ABASC, foi também líder comunitário e provedor da Santa Casa.
No ano de 1959, a ABASC cresceu tanto que já possuía uma ampla sede social. A entidade decidiu dar saltos maiores e estender suas atividades para a coletividade. Assim, a agremiação tornou-se palco de grandes eventos culturais, bailes, shows de artistas populares e encontros da categoria.
À frente de tais iniciativas destacava-se sempre o diretor social Alberto Ivo de Medeiros, o Bertinho. Ele foi o responsável direto pelas promoções do clube. A partir de 1970, o arrojo e a criatividade de Bertinho ganharam ainda mais força e a ABASC se agigantou. Ele ingressou na associação em 1953 como escriturário. Foi também vereador, gerente do Funrural de São Carlos, mesário da Santa Casa, membro do Lions Clube e presidente da Comissão Municipal de Turismo.
Entre as décadas de 1950 e 1970, São Carlos chegou a ter 137 alfaiatarias com 600 alfaiates promovendo seu trabalho manual e quase artístico. Esses números, aliados à qualidade dos ternos e uniformes produzidos, projetavam a cidade nacionalmente. A força de São Carlos no setor era tão grande que, em 1948, sediou o 1º Congresso Nacional dos Alfaiates.
O congresso foi um grande sucesso e contou com a participação de cerca de dois mil alfaiates de todo o país. No 2º Congresso, em 1957, o número de participantes saltou para 5 mil, um recorde histórico.
Em 1948, existiam em São Carlos os hotéis Accacio, Toscano, Paulista e Henrique, que ficavam lotados de turistas. Os congressistas, que viajavam de trem, desembarcavam na estação da Fepasa.
Para hospedar tanta gente, o então deputado Vicente Botta, que tinha nos alfaiates um reduto eleitoral, conseguiu providenciar junto ao governo estadual a instalação de alojamentos em escolas como Eugênio Franco e Paulino Carlos, ao estilo das acomodações de atletas nos Jogos Abertos.
Em 1974, o 13º Congresso Nacional da categoria também foi realizado em São Carlos. Três anos depois, em 1977, a cidade enviaria representantes (Carmine Botta e Rinaldo Pucci, entre eles) para o 17º e último congresso da classe, realizado no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. De lá para cá, a produção industrial de roupas ganhou força e o trabalho dos alfaiates foi desaparecendo. Hoje, somente uma elite bastante reduzida ainda recorre aos cada vez mais raros artistas dos tecidos e das máquinas de costura.