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O que o INSS não mostra: a verdade por trás da simulação da aposentadoria

12 SET 2025 • POR Patrícia Zani • 10h33
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Muita gente acessa o simulador do INSS acreditando que ali encontrará a resposta definitiva sobre quando vai se aposentar e qual será o valor do benefício. Mas essa confiança pode custar caro.

A simulação não leva em conta toda a vida laboral do segurado e deixa de fora direitos importantes. O resultado? Você pode acabar trabalhando mais do que precisa e recebendo menos do que tem direito.

Tempo Especial (Atividade Insalubre) – O esquecido pelo INSS

Quem trabalhou em condições insalubres ou perigosas (como hospitais, fábricas, postos de gasolina, metalúrgicas, laboratórios, minas, vigilância armada, médicos, dentistas, enfermeiros, mesmo autônomos) tem direito a contar esse período como especial.

Esse tempo pode ser convertido em comum, aumentando a contagem e antecipando a aposentadoria em vários anos.

O problema é que o simulador do INSS nunca reconhece automaticamente o tempo insalubre. É preciso apresentar documentos, como o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), e às vezes até discutir judicialmente.

Sem essa análise, o trabalhador perde a chance de se aposentar mais cedo e com um valor melhor.

Pessoa com Deficiência (PCD) – Direitos esquecidos

Quem tem deficiência física, sensorial, intelectual ou mental possui regras diferenciadas para se aposentar. A lei prevê:

Menos tempo de contribuição;

Idade reduzida;

Cálculo mais vantajoso.

O problema é que o sistema do INSS não aplica essas regras na simulação. Mesmo que o segurado tenha sequelas permanentes de doenças (como câncer, limitações motoras, problemas neurológicos), o sistema não considera automaticamente.

Somente com laudos médicos, análise técnica e avaliação especializada é possível garantir esse direito.

Professores – Uma regra esquecida

Professores da educação infantil, ensino fundamental e médio possuem regra especial de aposentadoria, podendo se aposentar com menos tempo de contribuição.

No entanto, o simulador do INSS ignora essa regra e calcula como se fosse aposentadoria comum. Isso faz muitos professores acreditarem que precisam trabalhar mais anos do que realmente é necessário.

Esse é um dos erros mais comuns e que mais gera prejuízos, já que milhares de professores deixam de aproveitar o benefício na hora certa.

Erros no CNIS – O cadastro que engana

Além das falhas nas regras especiais, há os erros de cadastro, como:

Vínculos em aberto;

Salários de contribuição menores do que os reais;

Períodos sem registro.

Cada detalhe errado diminui o valor do benefício.

E o pior: se o segurado não verificar e corrigir, o INSS calcula a aposentadoria com base nesses erros, prejudicando o resultado final.

O resultado: mais anos de trabalho e menos dinheiro no bolso

Confiar na simulação do INSS pode custar anos de trabalho a mais e um benefício menor pelo resto da vida.

Muitos trabalhadores só descobrem isso depois que já se aposentaram – e aí precisam entrar com revisões, o que nem sempre é simples.

O caminho certo

Antes de pedir a aposentadoria, é fundamental fazer uma análise completa da vida laboral com um especialista em Direito Previdenciário.

Só assim é possível:

Identificar períodos especiais e convertê-los corretamente;

Verificar se há direito à aposentadoria da pessoa com deficiência;

Aplicar as regras diferenciadas para professores;

Corrigir falhas no CNIS e atualizar salários;

Escolher a regra mais vantajosa para se aposentar.

Conclusão

O simulador do INSS é apenas uma estimativa superficial. Ele não conhece a sua vida de trabalho em detalhes e nunca vai aplicar todas as regras que a lei prevê.

Você que trabalhou a vida toda não merece ser enganado. Uma análise correta garante que sua aposentadoria seja concedida no momento certo e pelo valor justo.