Uma Luz no Processo de Envelhecimento: A Relação entre Sarcopenia, Cognição e Oxigenação Cerebral e Muscular
7 SET 2025 • POR Kleber Jorge Savio Chicrala • 07h37Um projeto realizado no Laboratório de Biomecânica e Biofotônica (LaBioTec) da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Unidade de Passos em parceria com a Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL) busca entender o que acontece com o processo de envelhecimento, especificamente a perda de massa/força muscular e o declínio da função cognitiva usando luz para diagnóstico, através de um equipamento chamado de Espectroscopia por Infravermelho Próximo.
Este estudo faz parte do Mestrado do Fisioterapeuta Cristiano Baltazar de Oliveira, no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR) da UNIFAL, sob orientação da Profa. Dra. Fernanda Rossi Paolillo.
Segundo o Fisioterapeuta Cristiano, com o passar dos anos, os sistemas metabólico, neuromuscular e hormonal, importantes para a manutenção da qualidade muscular, sofrem alterações. Isso faz com que as pessoas reduzam ou até mesmo deixem de realizar suas funções do dia a dia, o que resulta na perda de massa muscular durante a vida. Porém, quando essa perda de massa muscular é associada à perda de função é perigoso e caracteriza uma doença denominada sarcopenia, que é definida pela perda generalizada e progressiva de massa muscular, causando alteração de força e desempenho físico, o que provoca alterações na saúde, tais como incapacidade, maior risco de queda e até a mortalidade do indivíduo. Ainda, a sarcopenia pode estar relacionada com o declínio do desempenho cognitivo.
Então, Cristiano explica que a cognição refere-se à capacidade mental de processar informações, raciocinar, lembrar e tomar decisões. A perda de massa muscular pode gerar alterações sistêmicas, como a redução da produção de fatores neurotróficos, que são essenciais para a regulação do crescimento e sobrevivência das células nervosas, reduzindo a atividade neural. Além disso, a sarcopenia também pode afetar a circulação sanguínea, reduzindo o fornecimento de oxigênio e nutrientes para o cérebro, fazendo com que o mesmo perca a capacidade de realizar funções básicas, o que afeta ou retarda as funções cognitivas.
Para compreender melhor essa relação entre o músculo e o cérebro, os pesquisadores utilizam um equipamento com luz para diagnóstico, técnica conhecida como Espectroscopia por Infravermelho Próximo, traduzido do inglês Near-Infrared Spectroscopy (NIRS), que possui a capacidade de monitorar em tempo real a proteína hemoglobina responsável por transportar o oxigênio. O NIRS identifica a hemoglobina em suas duas fases: (1) Oxiemoglobina: ligada ao oxigênio (O2), transportada do pulmão para o cérebro e tecidos; (2) Deoxiemoglobina: ligada ao dióxido de carbono (CO2), transportada do cérebro e tecidos de volta para o pulmão.
O NIRS é um método não invasivo, pois os sensores que emitem e detectam luz são colocados sobre a perna e a cabeça para medir a oxigenação muscular e cerebral. Outros equipamentos de diagnóstico utilizados nesta pesquisa são o ultrassom doppler, a câmera termográfica e o dinamômetro.
A partir dos resultados desta pesquisa, os pesquisadores esperam compreender melhor a relação do surgimento e/ou agravo da sarcopenia com o declínio da cognição para desenvolver estratégias de tratamento e proporcionar melhor qualidade de vida para as pessoas durante o processo de envelhecimento.
Este projeto, coordenado pela Profa. Dra. Fernanda Rossi Paolillo, é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG – Processo APQ-01982-23 e APQ-04648-24). Cristiano Baltazar de Oliveira é bolsista pelo Programa de Bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no PPGCR-UNIFAL. Também conta com a participação de alunos bolsistas de Iniciação Científica (IC): Lúcia Aparecida Cintra Reis (PIBIC-FAPEMIG 08-2024), Matteo Lucca Moreira Araújo (PAPq/UEMG 01-2025), Emily Vasconcelos Gonçalves (PAPq/UEMG 01-2025) e Gabriel Henrique de Paiva Vieira (PAEX/UEMG 01-2025).
Ainda, a Profa. Fernanda relembra a importância do conhecimento adquirido em seu Pós-Doutorado no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Ela ressalta que, na época do seu pós-doutorado, as pesquisas foram realizadas com Diagnóstico Óptico, que incluiu técnicas de Espectroscopia por Fluorescência e Espectroscopia Raman, sob supervisão dos Professores Vanderlei Salvador Bagnato e Jarbas Caiado de Castro Neto. Segundo a Profa. Fernanda, sua experiência no CEPOF-IFSC-USP foi fundamental para suas atuais ações em pesquisa, ensino, extensão e inovação tecnológica em Minas Gerais.
Cristiano Baltazar de Oliveira é Bacharel em Fisioterapia pelo Centro Universitário de Formiga (UNIFO), Pós-Graduado em Fisioterapia Intensiva Adultos, Fisioterapia Respiratória, Gestação Hospitalar pela Santa Casa de Belo Horizonte e Mestrando em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL).
Fontes: Profa. Dra. Fernanda Rossi Paolillo da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - Unidade de Passos; Cristiano Baltazar de Oliveira, Mestrando em Ciências da Reabilitação pela PPGCR-UNIFAL; Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato - Coordenador do CEPOF - INCT - IFSC - USP; e Ms. Kleber Jorge Savio Chicrala - Jornalismo Científico e Difusão Científica - CEPOF - INCT - IFSC - USP.