Economista são-carlense aprova compra de perecíveis que iriam para os EUA pelo governo federal
Merenda escolar será um dos destinos de produtos como frutas, peixes e carnes, por exemplo
3 SET 2025 • POR Da redação • 07h42O economista são-carlense Sérgio Perussi aprova as medidas do governo federal de comprar produtos perecíveis, como frutas, peixes e carnes, que seriam exportados para os Estados Unidos, mas que esbarraram no tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump.
“Essa decisão será importante para o curto e médio prazo, pois permitirá que o estoque já colhido e em produção de frutas, peixes e outros produtos perecíveis não seja perdido, ajudando a minimizar as perdas dos produtores e, ao mesmo tempo, podendo melhorar e diversificar a alimentação de crianças e adultos em programas de assistência alimentar dos governos federal, estadual e municipal. É, portanto, uma medida sensata que beneficia a todos”, comenta.
Com relação ao café, castanhas, mel e outros produtos com tempo de prateleira mais longo, segundo Perussi, poderemos ver uma redução momentânea de preço no mercado brasileiro ou até mesmo nenhuma, pois são itens altamente demandados por se tratarem de produtos escassos no mercado mundial. Assim, já devem estar sendo direcionados para outros mercados.
“No caso do café, a oferta no mercado nacional também não deve ser alterada e os preços deverão se manter altos, já que há uma demanda maior que a oferta no mercado mundial, devendo então ser direcionado para outros países, a exemplo da China, ou mesmo continuar a ser exportado aos Estados Unidos, mesmo custando mais ao importador norte-americano, já que não conseguirá substituir o café brasileiro. Neste caso, quem pagará a conta da tarifa mais alta será o consumidor norte-americano, que sentirá o cafezinho ‘mais salgado’, pois com preço mais alto”, destaca Perussi.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar confirmou, no final de agosto, que o governo brasileiro vai comprar produtos perecíveis, como frutas, peixes e carnes.
Segundo o ministro Paulo Teixeira, o destino dos produtos deve ser a merenda escolar, a alimentação das Forças Armadas, os hospitais, os restaurantes universitários e os programas de aquisição de alimentos destinados às populações em insegurança alimentar.
“O governo vai estimular que estados e municípios possam adquirir esses produtos pelos programas públicos de alimentação escolar”, afirmou.
Paulo Teixeira explicou que isso vai representar uma alimentação escolar, por exemplo, com produtos de melhor qualidade. “Nós estamos apenas regulamentando porque percebemos que alguns setores conseguem redirecionar rapidamente esses programas para outros países.”
Um dos exemplos que ele citou foi o caso da castanha, que deve ser comercializada para a Europa. “O mesmo acontece com o café. Não há café no mundo hoje, em lugar nenhum, para substituir o produto brasileiro”, argumentou.
No caso da carne, o ministro afirmou que o produto pode ser estocado, congelado e redirecionado. No entanto, produtos mais perecíveis, como mel, açaí, uva e peixes, deverão ser absorvidos nos programas nacionais de compras públicas.
CADEIA PRODUTIVA – “O governo vai incluir em todos os seus editais de compras públicas a aquisição para que não haja perda de alimentos”, garantiu.
Ele ressaltou que as compras vão proteger os empreendedores diretos e toda a cadeia produtiva. O ministro contou que os exportadores venderão os produtos pelo preço praticado no mercado interno. “Certamente o governo não tem como pagar o preço em dólar, que é o preço de exportação. Mas o governo tem como pagar o preço do mercado interno.” (Com informações da Agência Brasil)