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Curta-metragem de São Carlos é premiado em mostra sobre vidas indígenas

Premiação da Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa - Vidas Indígenas revelou 12 vencedores na noite de quarta (27), em São Paulo, nas categorias “Criadores Indígenas", “Novos Talentos", “Livre” e “Júri Popular”

30 AGO 2025 • POR Assessoria • 07h09
Moara Brasil Xavier da Silva, vencedora na categoria Criadores Índigenas - Ali Karakas

Histórias de resistência, memória e ancestralidade estão no centro da 5ª Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa – Vidas Indígenas, que estreia hoje (29) sua plataforma online e gratuita com 31 curtas-metragens de realizadores de todo o Brasil. A Mostra pode ser acessada integralmente em mostra.museudapessoa.org, ampliando o alcance de obras que celebram a diversidade e a potência do audiovisual como ferramenta de memória, identidade e resistência dos povos indígenas.

“Quando ouvimos as histórias dos povos indígenas, percebemos que existe uma tecnologia ancestral de memória, que passa de geração em geração e resiste ao apagamento. A Mostra dá visibilidade a essas narrativas, que agora também se renovam no ambiente digital, evidenciando a força do audiovisual como forma de preservar e compartilhar saberes", disse Karen Worcman, diretora e fundadora do Museu da Pessoa.

A fala foi feita durante a cerimônia de premiação, realizada na noite de quarta (27), no Espaço Petrobras de Cinema, em São Paulo, que revelou 12 produções vencedoras entre mais de 200 filmes inscritos. Cada premiado recebeu R$ 4 mil.

As categorias premiadas foram Criadores Indígenas, Livre, Novos Talentos e Júri Popular. A primeira destacou produções realizadas e protagonizadas por indígenas; a segunda, aberta a todos os perfis de realizadores, valorizou a pluralidade de olhares e técnicas; a de Novos Talentos buscou revelar jovens cineastas em formação; e a de Júri Popular representou um marco de engajamento, com a escolha direta do público.

Entre os vencedores, exemplos ilustram a amplitude da Mostra: de um relato sobre o ritual de pesca Tariano no Alto Rio Negro, com o curta Conhecedor de jejum para cacuri, de João Arimar Noronha Lana (Iaureté, AM), a partir da história de Dorval Lana, pai do diretor; à animação O Homem que enfrentou o Curupira, de Moara Brasil Xavier da Silva (Belém, PA), criada a partir do depoimento de Karari Kaapor e inspirada em um conto ancestral; passando pelos cantos de Alzenira Guajajara, revisitados em Vai existir esses cantos, de Raíssa Souza (Alcântara, MA); e pela videoarte Cacique Alberto e os “Seus”: Uma História em Três Atos, dirigida pro Maria Eduarda Trindade (Rio de Janeiro, RJ), a partir do depoimento de Francisco Alves Teixeira

Todos os curtas foram produzidos a partir de entrevistas do acervo do Museu da Pessoa, registradas por meio do programa Patrimônios Imateriais e Vidas Indígenas. Cada realizador teve acesso ao catálogo e pôde escolher a história de vida que desejava transformar em narrativa audiovisual. As entrevistas, que em média duram 1h30 e estão integralmente transcritas, puderam ser trabalhadas por até quatro candidatos, garantindo múltiplos olhares sobre um mesmo relato, processo que reforça o caráter colaborativo do Museu e demonstra como a edição criativa de um mesmo material pode gerar obras singulares, preservando a memória e multiplicando formas de expressão.

Criada em 2020, a Mostra Audiovisual é uma iniciativa cultural gratuita e online que estimula a criação de vídeos curtos a partir de histórias de vida registradas no acervo do Museu da Pessoa. Em cinco edições, o projeto já reuniu centenas de produções de realizadores de perfis variados, de jovens estudantes a cineastas profissionais, que transformaram relatos pessoais em curtas documentais e experimentais.

A 5ª Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa é viabilizada pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura (Lei Rouanet), por meio do Ministério da Cultura, com patrocínio oficial da Petrobras. O projeto também conta com o patrocínio de Spcine, Mercado Livre, 3M e Itaú Unibanco; parcerias com o Museu Nacional dos Povos Indígenas, Funai, Instituto Criar, Casa Redonda, Navega, Instituto de Políticas Relacionais e Kinoforum; apoio do Canal Futura; apoio de mídia do Canal Curta! e CurtaOn; e apoio financeiro do BNDES.

A noite de premiação 

Durante a cerimônia, diferentes vozes reforçaram a importância do audiovisual como meio de preservação de histórias de vida e fortalecimento de narrativas indígenas.

“Ver esses filmes é ver a vida dos nossos parentes contada por nós mesmos. O audiovisual é uma ferramenta de luta e de afirmação da nossa existência. O Ministério dos Povos Indígenas reconhece a importância desta Mostra porque ela abre espaço para que nossas vozes sejam ouvidas pelo Brasil inteiro", comentou Karkaju Pataxó, assessor especial do Ministério dos Povos Indígenas, na abertura do evento. 

“É emocionante ver a juventude indígena se apropriando dessas narrativas e transformando entrevistas em obras audiovisuais tão potentes. A Mostra cumpre um papel fundamental de formação e de estímulo à criação, reforçando que nossas histórias podem ser contadas de muitas formas, sempre com sensibilidade e coragem", afirmou Alberto Alvares, cineasta e formador da Mostra. Indígena Guarani Nhandewa, ele atua há anos na formação de jovens realizadores e na produção de filmes com temática indígena.

A noite de premiação teve como mestre de cerimônias Olinda Tupinambá, jornalista e cineasta indígena Tupinambá e Pataxó Hãhãhãe, que une arte e política na afirmação indígena. Ela também integrou o júri técnico da Mostra, formado ainda por Bárbara Trugillo, Minom Pinho, Edgar Kanaykõ, Priscila Machado e Tatiana Toffoli, profissionais do audiovisual reconhecidos nacionalmente, além de Karen Worcman. 

Conheça o filme premiado de São Carlos

Autora: Ana Choueiri - Estudante de Imagem e Som na UFSCar, atua em roteiro, direção e som, com trabalhos selecionados em festivais independentes. 

Região: São Carlos, SP

Acervo do Museu da Pessoa: Lucila da Costa Moreira

Sinopse: Lucila compartilha a reconstrução da memória do povo Nawa, destacando educação, oralidade e espiritualidade como formas de resistência ao apagamento.

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