Economistas são-carlenses apostam em sucesso da resposta do Governo Lula ao Tarifaço de Trump
Ambos os especialistas ouvidos pelo São Carlos Agora acreditam que a principal saída para os empresários e para o governo é a conquista de novos mercados
17 AGO 2025 • POR Marco Rogério • 17h09Dois economistas são-carlenses entrevistados com exclusividade pelo São Carlos Agora aprovaram as medidas tomadas pelo governo federal, intituladas “Brasil Soberano”, e apostam que elas ajudarão o setor exportador a enfrentar o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros.
Para Elton Casagrande, as medidas são suficientes para garantir caixa e capacidade de produção no curto prazo — cerca de seis meses — e permitir que as empresas abram novos mercados. “Há pouquíssima chance de isso voltar ao normal em relação aos Estados Unidos. O caminho é um só: novos mercados. Então, as medidas são suficientes para atenuar o tarifaço. Vamos acompanhar a balança comercial, que deve apresentar dados mais consistentes em breve. O efeito tributário é bem relevante, assim como o financiamento e a busca de novos mercados e contratos. Mas isso, quando envolve processo produtivo e readequação, é engenharia de processo. E o tempo é da engenharia de processo.”
Concluindo sua reflexão, Casagrande ressalta que o tarifaço é, para o Brasil, “um bom desafio”. “Nós vamos mudar a trajetória e, quem sabe, isso não desperte o Brasil, porque todos terão que fazer economia”, destaca.
O economista Sérgio Perussi afirma que as medidas do Brasil Soberano vão ajudar muito o setor exportador que tinha os EUA como principal mercado. “Entendo que as medidas irão aliviar os produtores da agropecuária e da indústria neste momento de parada brusca das exportações aos Estados Unidos, ajudando-os com crédito subsidiado, aumento da restituição parcial de impostos federais e compras governamentais.”
Mas Perussi também enxerga problemas pela frente. “Entretanto, esse novo endividamento terá que ser pago e somente a abertura de novos mercados, ou mesmo a manutenção, apesar das tarifas, das vendas aos Estados Unidos, ou ainda a absorção pelo mercado interno dos produtos, poderá sustentar o setor. Sem isso, será muito difícil manter os empregos que as medidas exigem como contrapartida a esse apoio”, conclui.