São-Carlense Pardinho completaria 93 anos nesta quinta-feira
Ao lado de Tião Carreiro, formou a melhor, mais afinada e mais popular dupla caipira raiz da história da verdadeira música sertaneja
14 AGO 2025 • POR Marco Rogério • 09h48Nesta quinta-feira, 14 de agosto, se estivesse vivo, o cantor Pardinho completaria 93 anos. Antônio Henrique de Lima, conhecido como Pardinho, nasceu em São Carlos, na Fazenda São Joaquim. Logo depois, mudou-se para a Fazenda Figueira Branca. “Na época da colheita do café havia muita festa e, na Fazenda Figueira Branca, meu pai ganhou um cavaquinho, com 12 anos mais ou menos”, contou Carlos Henrique, seu filho.
O cantor morreu em Sorocaba, em 2 de junho de 2001, há 24 anos. Pardinho estava internado no Hospital Leonor Mendes de Barros, em Sorocaba, com hipertensão e sofreu um derrame cerebral. Poucos dias depois, entrou em coma, com morte cerebral decretada pelos médicos, e faleceu em consequência de uma parada respiratória. Foi sepultado em Piedade (SP).
Antônio começou cantando com o nome de Miranda e formou uma dupla com Zé Carreiro (da dupla Zé Carreiro & Carreirinho) em 1956, para concorrer a um concurso para violeiros lançado pela Rádio Tupi. A dupla ganhou o prêmio com o cururu Canoeiro.
A partir daí, Antônio Henrique adotou o pseudônimo de Pardinho e começou a criar seus próprios sucessos. Fez sucesso com o companheiro Tião Carreiro, formando a dupla Tião Carreiro & Pardinho. A discografia dos dois soma mais de 45 discos, encontrados facilmente em qualquer loja do Brasil. Pardinho também cantou com outros parceiros, como Zé Carreiro (Lúcio Rodrigues de Souza), Peão Carreiro (Manoel Nunes Pereira), João Mulato (Wilson Leôncio de Melo) e Pardal (Gonçalo Gonçalves), com quem gravou sete discos, incluindo o álbum 4 Azes, no qual também participam Tião Carreiro e Paraíso.
Entre suas músicas de destaque está a trilogia do Menino da Tábua, que conta a história de um menino que só bebia leite e água sobre uma tábua onde vivia, e suas continuações, que falam de seus milagres após a morte.
Pardinho e Pardal também gravaram O Poder da Viola, que conta a história de uma menina picada por aranhas enquanto dormia e que se salvou depois de ser benzida ao toque da viola. A dupla gravou também Sertão do Virador, de Zé Fortuna e Pitangueira, com o nome de O Poder da Fé, no disco O Poder da Viola (1980).
Devoção à Nossa Senhora da Babilônia – Embora tenha se mudado muito jovem de São Carlos, entre 13 e 14 anos, Pardinho sempre visitava a cidade no dia 15 de agosto, pois era devoto de Nossa Senhora Aparecida da Babilônia. Em janeiro de 1963, casou-se com Lucília Pires de Lima e passou a lua de mel no município. Tiveram dois filhos, Carlos Henrique e Rosângela Aparecida de Lima, que lhes deram duas netas: Lívia e Daniele de Lima.
Homenagem – Na noite de 14 de agosto de 2007, dia em que completaria 75 anos, Antônio Henrique de Lima, o músico Pardinho, foi homenageado com a inauguração de um parque que leva seu nome. Um show com apresentações de 15 duplas de viola e do músico Mazinho Quevedo, ao lado de Carlos Henrique, filho de Pardinho, com apoio da EPTV Central, marcou o evento.
O parque, localizado no início da Serra do Cidade Aracy, no bairro Monte Carlo, possui 15 mil m² e abriga um monumento em homenagem ao músico, projetado e confeccionado pela cenógrafa Sueli Russo Paes de Barros, chefe da Divisão de Teatro da Prefeitura de São Carlos.
Discografia – A dupla Tião Carreiro e Pardinho foi uma das mais importantes da música sertaneja de raiz, conhecida por suas modas de viola e pela criação do pagode de viola. Tião Carreiro (José Dias Nunes) e Pardinho (Antônio Henrique de Lima) se conheceram em 1954, no circo Rapa Rapa, em Pirajuí (SP), onde começaram a cantar juntos. Na época, Tião Carreiro era conhecido como Zé Mineiro. Com a ajuda do renomado compositor Teddy Vieira, que batizou José Dias Nunes como Tião Carreiro e deu a Antônio Henrique o apelido de Pardinho (por causa da música Ferreirinha), a dupla se consolidou.
Em 1956, gravaram o primeiro disco, com destaque para Cavaleiro do Bom Jesus e Boiadeiro Punho de Aço. Tião Carreiro e Pardinho se tornaram referência no sertanejo de raiz, com letras que retratavam a vida no campo e o trabalho na roça.
A dupla é considerada inventora do pagode sertanejo, um subgênero que mistura o pagode de viola com o sertanejo tradicional. Gravaram mais de 30 álbuns e participaram de filmes e peças teatrais, como O Mineiro e o Italiano e Sertão em Festa.
Suas músicas se tornaram clássicos do sertanejo, como Rei do Gado, Ferreirinha, Pagode de Brasília, Prato do Dia e Boi Soberano.
Apesar do sucesso, enfrentaram desavenças e se separaram várias vezes. As diferenças de personalidade — como a boemia de Tião e o estilo mais metódico de Pardinho — contribuíram para os conflitos. Mesmo assim, sempre se reconciliavam, gravavam novos discos e voltavam aos palcos. A separação definitiva ocorreu em 1993, ano da morte de Tião Carreiro.
Tião Carreiro e Pardinho deixaram um legado importante na música sertaneja, com mais de 700 músicas gravadas e inúmeros sucessos que continuam sendo ouvidos. A dupla influenciou diversas gerações de artistas e é lembrada como uma das maiores da história da música brasileira. Pardinho continuou se apresentando até seu falecimento em 2001.