"Festa da Babilônia é o maior evento religioso de São Carlos", afirma historiadora da Pró-Memória
Local que começou abrigando devoção popular, mais tarde incorporado pelos católicos, hoje é espaço multicultural que envolve outras atividades empresariais, culturais e esportivas
15 AGO 2025 • POR Marco Rogério • 06h00A festa em louvor à Nossa Senhora Conceição Aparecida da Babilônia é o maior e mais tradicional evento religioso de São Carlos. A afirmação é da historiadora da Fundação Pró-Memória, Leila Maria Massarão.
“O feriado de 15 de agosto, quando se comemora o Dia de Nossa Senhora Conceição Aparecida da Babilônia, é hoje, sem dúvidas, o maior evento de matriz religiosa do município. Falo isso sem medo de errar. A história remonta ao século XIX, com cultos registrados no Almanach de 1894. É, portanto, uma história bastante antiga na cidade, que teve muito apelo popular”, destaca a historiadora.
Leila conta que, no século XIX, já havia o culto, iniciado por volta de 1860, que atraía muitas pessoas. “As pessoas passaram a peregrinar para a região do Santuário da Babilônia, motivadas pela história de que a imagem de uma santa havia sido encontrada após um grande incêndio na região, saindo ilesa das chamas. Existem outras versões dessa história. Mesmo a versão de 1894 não é a que a Igreja Católica assumiu como mito fundador, digamos assim, o milagre original. Mas o que acontece é que esses eventos na Babilônia criaram uma peregrinação e um culto que atraem pessoas desde então”, explica.
A devoção popular se consolidou e ganhou novos atores. “A partir dos anos 1930, a Igreja Católica assumiu as atividades que aconteciam ali, principalmente por meio da Paróquia de Vila Isabel. Assim, os católicos passaram a conduzir os cultos, missas e celebrações. Uma figura importante nessa história é o padre Antônio Tombolato, que, nos anos 1940 e 1950, organizou o santuário e ampliou a divulgação das atividades religiosas no local. Ele registrou a história dos acontecimentos do culto de Nossa Senhora Aparecida da Babilônia, articulou a criação do feriado de 15 de agosto e impulsionou o crescimento do santuário, promovendo a divulgação dos cultos naquela região”, relata Leila.
Segundo ela, o evento começou como uma devoção do catolicismo popular, foi incorporado pelo catolicismo institucional e, hoje, é ainda maior. O local não é apenas um templo de culto religioso: tornou-se um centro de atividades não necessariamente religiosas. “Você tem os caminhos dos ciclistas, a Tratorada, a festa de São Cristóvão, entre outros. O espaço passou a reunir diversas atividades e, atualmente, não atrai apenas religiosos, mas também pessoas que participam de práticas culturais variadas. O maior apelo ainda é o turismo religioso, mas o local abriga várias iniciativas de pessoas não necessariamente católicas. É um espaço importante que faz parte do patrimônio cultural, religioso ou não. A Babilônia alcançou esse nível de importância tradicional e patrimonial para São Carlos”, conclui.