História

Fábrica de Lápis H. Fehr completa 99 anos

Em 1926, entra em operação a primeira fábrica de lápis de toda a América Latina, empregando aproximadamente 60 operários.

3 AGO 2025 • POR Da redação • 08h35
Prédio da fábrica Lápis H Fehr - Acervo APH-FPMSC

O início das atividades da fábrica de lápis H. Fehr Ltda em São Carlos, a primeira da América Latina, ocorreu em 1926, com registro aprovado pela Junta Comercial do Estado de São Paulo no dia 17 de setembro daquele ano.

O imigrante suíço Germano Fehr (1864–1943) era o maior sócio da sociedade. Exatamente 95 anos atrás, no dia 22 de maio de 1930, foi feito o anúncio da instalação de uma fábrica de lápis no Brasil pela empresa alemã Johann Faber.

Com isso, o imigrante suíço Germano Fehr e os outros sócios da fábrica de lápis H. Fehr de São Carlos abriram mão do controle acionário e se associaram à Johann Faber, dando origem à Lápis Johann Faber, atual Faber-Castell. Hoje, a empresa gera mais de 1.000 empregos e atua nas áreas de material escolar e cosméticos.

Fehr era um empresário polivalente: fabricou móveis, foi empreiteiro da construção civil — de pequenas a grandes obras —, comerciante de veículos Ford e pioneiro na indústria têxtil.

“Em 1925, convenceu seu cunhado (em primeiras núpcias), Fritz Johannsen, a realizar uma viagem à Alemanha com a finalidade de estudar o processo de fabricação de lápis. Johannsen, habilidoso mecânico dinamarquês empregado na fábrica de móveis de Fehr, visitou várias empresas produtoras de lápis em seu país de origem, desenhou as principais máquinas e conseguiu reproduzi-las aqui em São Carlos.

Em 1926, entra em operação a primeira fábrica de lápis de toda a América Latina, empregando aproximadamente 60 operários. Quatro anos mais tarde, em virtude da Johann Faber (a maior exportadora de lápis da época) ameaçar instalar uma fábrica aqui, Fehr e seus sócios abrem mão do controle acionário da empresa e se associam à empresa alemã”, relata o escritor Oswaldo Truzzi, no livro Café e Indústria: São Carlos – 1850-1950. Há mais de 80 anos, a cidade já se mostrava à frente de seu tempo, antecipando elementos da espionagem industrial.

FABER-CASTELL – A principal subsidiária do grupo está localizada no Brasil, com cerca de 3.000 colaboradores. É formada por uma unidade de produção em São Carlos, no interior de São Paulo, uma unidade de produção de mudas e operações florestais com industrialização da madeira em Prata (MG), uma unidade de fabricação de produtos plásticos em Manaus (AM) e uma área de preservação permanente em Morretes, no Paraná.

A produção anual de 2,0 bilhões de EcoLápis de madeira plantada torna o Brasil líder mundial no setor. A unidade brasileira da Faber-Castell produz mais de mil itens, que abastecem o mercado interno e são exportados para mais de 70 países.

A Faber-Castell do Brasil, seguindo a mesma filosofia social e ambiental da matriz alemã, foi a primeira empresa a plantar suas próprias árvores para a produção de lápis quando, na década de 1950, importou as primeiras sementes de Pinus com o objetivo de ocupar antigas pastagens com o plantio de florestas que iriam fornecer a matéria-prima para a produção de lápis. O projeto no Brasil é pioneiro e o maior do mundo.

Em São Carlos (SP), foram feitas as primeiras experiências ao final da década de 1950 e início dos anos 1960. Esta experiência foi levada para o sul do Brasil (PR e SC) nas décadas de 1970 e 1980, vindo, com toda a experiência acumulada, a resultar na década de 1980 no Projeto Prata, na região do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais — pioneiro e único no mundo na indústria do lápis.

MAIOR FABRICANTE MUNDIAL – Na edição da revista Veja de 23 de julho de 2008, em reportagem intitulada “As cidades que são número 1”, foi destacado: “A maior fabricante mundial de lápis – No país que mais fabrica lápis, São Carlos, na região central do Estado de São Paulo, se destaca; a cidade é responsável por 40% da produção nacional, com 1,8 bilhões de unidades por ano. Desse total, 50% são exportados para mais de setenta países e o restante abastece o mercado local.”

O lápis está ligado à história da escrita. As mais antigas — os hieróglifos e a cuneiforme — foram criadas há mais de 5.000 anos no Egito Antigo e na Mesopotâmia, onde hoje é o Iraque.

Os ingleses foram os pioneiros no uso de lápis, a partir da descoberta de uma mina de grafite em Borrowdale (1564). Por muito tempo, dominaram a produção. Na Alemanha, Kaspar Faber deu início à produção de lápis em 1761.

Uma outra matéria da revista Veja, publicada na edição 2025, de 12 de setembro de 2007, revela que, para provar que seus lápis são os melhores do mundo, o conde Anton Wolfgang von Faber-Castell convidou quinze jornalistas ao castelo de sua família, em Stein, na Alemanha, para serem testemunhas de um teste de resistência.

Do topo de uma das torres, a 30 metros de altura, o Conde atirou 144 lápis. Nenhum se quebrou. "Nem a internet é capaz de eliminá-los", festejou o Conde, confiante na invencibilidade dos lápis. O acessório de escrita mais usado no mundo é também o mais barato. Um único lápis pode escrever cerca de 80 quilômetros. Seu suporte técnico é um simples apontador. Você pode deixá-lo de lado por 100 anos, e ele ainda escreverá.

O Conde citava que existe um enorme número de escritores, pensadores, arquitetos e músicos que não se desvencilham do lápis, mesmo tendo à disposição a mais alta tecnologia. No caso deles, o lápis os ajuda a formular as primeiras ideias — seja o desenho de um carro, seja o esboço de uma pintura. Além disso, o lápis tem seu papel na era da eletrônica.
“Você será capaz de usar o computador melhor no futuro se, na infância, desenvolveu suas habilidades mentais com a ajuda dos lápis”, comentou, coberto de razão.