Desenvolvimento

Mercado imobiliário aposta em crescimento de até 8% no segundo semestre

Minha Casa Minha Vida puxa setor com de 85% das transações; pessoas podem adquirir imóveis de R$ 500 mil com 20% de entrada e fazer um financiamento em até 35 anos

17 JUL 2025 • POR Marco Rogério • 18h25
Puxado pelo Minha Casa Minha Vida, construção civil pode crescer 8% neste segundo semestre em comparação ao primeiro - Fernando Frazão/Agência Brasil

O clima é de otimismo no mercado imobiliário para este segundo semestre de 2025, com previsão de crescimento de até 8%, caso o Tarifaço de Trump não cause uma grande crise. O crescimento do emprego formal, acrescido às medidas do governo no programa Minha Casa, Minha Vida, vem dando fôlego tanto ao setor imobiliário quanto à construção civil. Quem afirma isso é José Augusto Viana Neto, presidente do CRECISP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo), em entrevista exclusiva ao SÃO CARLOS AGORA.

“A expectativa tanto do mercado imobiliário quanto da construção civil para este segundo semestre tem um parâmetro positivo. Porque até então, mesmo com as taxas de juros elevadas como estão, o mercado tem tido um desempenho excelente, temos um mercado sempre crescente. Até o presente momento, as altas taxas de juros ainda não geraram um efeito negativo”, afirma Viana Neto.

De acordo com ele, é importante lembrar que o Minha Casa, Minha Vida abrange cerca de 85% das transações imobiliárias em todo o Brasil. E isso está dando um excelente resultado. “Afinal, as pessoas podem adquirir imóveis de R$ 500 mil com 20% de entrada e fazer um financiamento em até 35 anos, o que, na maioria dos casos, deixa o valor da prestação abaixo do valor do aluguel. E é claro que isso é muito positivo. A pessoa deixa de pagar o aluguel e paga uma prestação que é uma capitalização que está fazendo. É um dinheiro que está sendo guardado. O dia em que ele quiser vender o imóvel, ele pega esse dinheiro de volta com lucro, porque a valorização da propriedade imobiliária é constante e sempre acima da inflação”, destaca.

Viana Neto teme que o Tarifaço de Trump possa atingir o mercado imobiliário como “efeito dominó”. “Evidentemente que sim, pois não vai atingir diretamente o mercado imobiliário, já que não trabalhamos com exportações. O mercado imobiliário é local. As pessoas compram e vendem imóveis de acordo com suas necessidades locais e pouca influência têm investidores estrangeiros no Brasil. Então, neste aspecto, não há a menor preocupação. Porém, no que diz respeito à economia como um todo, ela evidentemente deverá ser afetada e, neste sentido, o mercado imobiliário dificilmente ficará de fora, pois, se atinge a economia como um todo, temos o risco de haver desemprego, queda nos salários, queda na atividade econômica, e isso tudo pode gerar um efeito negativo, sim, no mercado imobiliário”.

Para ele, o caminho mais curto para a solução desse problema é a revogação desse Tarifaço prometido pelo presidente Trump e imposto ao Brasil. “É uma coisa que não se justifica, pois o Brasil tem sido um parceiro muito leal, honesto e tradicional dos Estados Unidos. O presidente americano, no meu ponto de vista, erra grosseiramente ao tomar esta medida que prejudica não só o Brasil, mas prejudica muito o povo norte-americano, pois, afinal de contas, quem bebe suco de laranja terá que pagar 50% a mais. Os EUA não têm produção e não têm de quem comprar esse suco, têm que comprar do Brasil. O café é outro produto: 70% do café vendido aos EUA vem do Brasil. Eles terão que pagar mais caro pelo café. Tudo isso vai prejudicar muito a população americana. Eu considero esta medida totalmente sem sentido. Não há como explicar uma medida dessas. Mas é evidente que o Brasil sempre foi um bom negociador, e eu acredito na capacidade do governo de negociar algo que possa minimizar esses problemas”.

O presidente do CRECISP ressalta que todas as medidas que estão sendo tomadas pelo Governo Federal para incentivar o mercado imobiliário são positivas. “São medidas que trazem bons resultados para o mercado imobiliário, pois, afinal de contas, é o financiamento com taxa de juro mais baixa, que é o caso do Minha Casa, Minha Vida. Enquanto no mercado tradicional a taxa está em 14%, nós temos, no Minha Casa, Minha Vida, para imóveis de até R$ 500 mil, a taxa de 10% ao ano. E para imóveis de até R$ 350 mil, até 8,2%. É uma medida altamente positiva. O financiamento de até 35 anos é outro aspecto muito interessante que colabora demais. E um ponto muito importante que não se deve perder de vista: o emprego está praticamente pleno. O número de pessoas com carteira assinada continua crescendo. Se não tivermos nenhuma reviravolta na questão econômica como consequência do Tarifaço do Trump, nós vamos ter uma possibilidade muito boa no mercado imobiliário, porque o que mais precisa para que o mercado funcione bem é que as pessoas estejam empregadas com carteira assinada, que é o documento necessário para poder ter acesso ao financiamento imobiliário”.

Viana Neto é otimista quanto ao futuro do Brasil. “Numa visão geral do mercado, acho que podemos continuar trabalhando com bastante entusiasmo, pois o Brasil tem tido uma desenvoltura muito grande e muito especial após a pandemia, quando o mercado imobiliário teve um crescimento expressivo e continua nesta linha de crescimento. Isso nos dá uma expectativa muito boa de futuro e confiança para fazer investimentos no mercado. Eu acredito que as questões que aparecem de vez em quando e que trazem uma certa dificuldade servem muito para nos alertar sobre os cuidados que temos que ter, as percepções do dia a dia, mas sempre com muita confiança no futuro. O Brasil é um país que tem aspectos extremamente produtivos e positivos para um crescimento sólido, um crescimento firme e seguro”, conclui.