História

Homenagem a soldados de São Carlos na II Guerra Mundial completa 30 anos

Expedicionários brasileiros lutaram contra o nazi-fascismo em batalhas em Monte Castelo, Montese e na planície do rio Pó, na Itália

29 JUN 2025 • POR Marco Rogério • 16h32
Alberto Crestana: ele foi homenageado com a denominação de um dispositivo na Rodovia Washington Luís - Arquivo pessoal

Completa-se hoje, 25 de junho, exatamente trinta anos da homenagem que a Câmara Municipal de São Carlos prestou aos soldados que enviou às frentes de combate na II Guerra Mundial.

Alberto Crestana, Eduardo Bragatto, Francisco Rantin e Gelmo José Micheloni,foram os são-carlenses integrados à Força Expedicionária Brasileira, a FEB, nas batalhas em Monte Castelo, Montese e na planície do rio Pó, na Itália.

A coragem de enfrentar o nazi-fascismo e a valentia de jovens que arriscaram suas vidas em nome da democracia e da vitória dos aliados não passaram despercebidas pelo Poder Legislativo de São Carlos, que rendeu justo reconhecimento aos heróis são-carlenses.

Falecidos, deixaram para São Carlos um legado de amor à pátria, honrando a máxima de nosso hino que diz: “verás que um filho teu não foge à luta”. Eles foram, viram e venceram, e hoje fazem parte da rica história de São Carlos, que já foi do Pinhal e hoje é da Tecnologia e do Conhecimento.

Em uma das raríssimas vezes em que estiveram reunidos publicamente, em 25 de junho de 1995, a Câmara Municipal prestou-lhes rara homenagem, dedicando medalhas alusivas ao cinquentenário do término do conflito com a derrota do nazifascismo.

Alberto Crestana faleceu no dia 20 de dezembro de 1999, aos 77 anos. Gelmo José Micheloni nos deixou em 19 de agosto de 2005. Rantin morreu na manhã do dia 24 de fevereiro de 2016, aos 93 anos.

O último remanescente dos expedicionários locais, Eduardo Bragatto, partiu no dia 27 de outubro de 2017, aos 94 anos, encerrando sua participação, até então infalível, nos desfiles cívicos na Avenida São Carlos e em eventos do Tiro de Guerra, que costumava prestigiar em datas comemorativas.

Os soldados brasileiros são tidos como heróis em cidades italianas, que todos os anos comemoram a libertação. Em Montese, uma praça foi batizada com o nome de "Piazza Brasile", o museu histórico conta uma parte da história brasileira durante a II Guerra Mundial, e crianças italianas cantam em português a Canção do Expedicionário, o hino da FEB ("Por mais terras que eu percorra/Não permita Deus que eu morra/Sem que eu volte para lá").

Nossos soldados mostraram ao mundo que o nosso país era mais que samba e futebol. O Brasil representado por eles foi capaz de transformar angústia em coragem, sofrimento em vitória.

DISPOSITIVO RODOVIÁRIO – Em 2024, o governador Tarcísio de Freitas (REPUBLICANOS) homenageou Alberto Crestana com a denominação de um dispositivo na Rodovia Washington Luís. O Projeto de Lei foi apresentado pelo deputado estadual Itamar Borges (MDB).

A Lei 17.979, que denomina “Alberto Crestana” o Complexo Viário composto por dispositivo de acesso e retorno com viaduto localizado no km 218 + 350 metros, na Rodovia SP-310, Washington Luís, foi promulgada pelo governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, no dia 15 de julho de 2024.

“Trata-se de um resgate histórico que valoriza a todos aqueles que se dedicaram e se dedicam à nossa Pátria através do trabalho, da honestidade e da defesa da democracia, arriscando a própria vida”, afirma o físico da Embrapa Sylvio Crestana, representando a família.

HISTÓRIA – A expressão “a cobra vai fumar” já era um ditado popular da época, que significava algo difícil de ser realizado e, se acontecesse, sérios problemas poderiam surgir.

Algumas pessoas começaram a usá-lo durante o início da 2ª Guerra Mundial, como uma provocação dos mais pessimistas à Força Expedicionária Brasileira, que diziam que “era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”. Com o envio de cerca de 25.000 militares para combater na Itália, a expressão tornou-se, então, símbolo da FEB.

Em 2 de julho de 1944, o governo brasileiro enviou os primeiros soldados e oficiais rumo à Itália para lutar contra o nazifascismo durante a Segunda Guerra Mundial.

O início da missão completou 80 anos, mas historiadores e familiares ainda buscam reconhecimento da sociedade sobre os feitos dos chamados pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira).

Dos cerca de 25 mil pracinhas que foram para a Itália, em torno de 90% eram civis da reserva. Ou seja, foram convocados por telegrama. Largaram seus empregos, suas vidas comuns e partiram sem a certeza de voltar. E muitos realmente não voltaram: 451 morreram em confrontos.

Os pracinhas deixaram o Brasil sem saber ao certo o que iriam encontrar. Na Itália, enfrentaram o frio, pois começaram a combater apenas em setembro de 1944 e adentraram o inverno no hemisfério Norte. O terreno era montanhoso e acidentado, e o principal inimigo era o Exército alemão.

Mesmo com as adversidades, as tropas da FEB tiveram vitórias importantes, como a tomada do Monte Castelo, em fevereiro de 1945. Na batalha de Fornovo, em abril do mesmo ano, quase 20 mil soldados alemães se renderam aos soldados brasileiros em uma “manobra ágil e rápida”.