Mercado Global

Trump confirma tarifa de 25% sobre aço e alumínio; São Carlos pode ser afetado?

12 FEV 2025 • POR Marco Rogério • 10h39
Medidas de Trump poderão afetar as exportações brasileiras nos próximos meses - FOTO: Vale/Agência Brasil/Divulgação

O presidente Donald Trump anunciou, nesta segunda-feira, 10 de fevereiro, uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio, aumentando seus esforços para proteger indústrias politicamente importantes dos EUA com taxas que atingem alguns aliados mais próximos do país.
As tarifas serão amplamente aplicadas a todas as importações de aço e alumínio dos EUA, inclusive do Canadá e do México, que estão entre os principais fornecedores estrangeiros de metais do país.

As taxas, que também incluem produtos metálicos acabados, têm como objetivo reprimir o que as autoridades do governo disseram ser esforços de países como a Rússia e a China para contornar as taxas existentes.
Trump considerou o esforço como algo que ajudaria a reforçar a produção doméstica e a trazer mais empregos para os EUA, e alertou que a taxa sobre as tarifas de metais "pode aumentar".

As novas tarifas entrarão em vigor em 12 de março, às 12h01, horário de Washington, de acordo com duas proclamações emitidas pela Casa Branca na segunda-feira.


Marcos Henrique Santos do CIESP: As metalúrgicas brasileiras podem até se beneficiar se o preço destes produtos caírem no mercado nacional em função da queda das exportações” 

 

O diretor regional do CIESP São Carlos, Marcos Henrique dos Santos, afirma que a recente decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio deve impactar significativamente as exportações brasileiras. “Em 2024, os EUA foram o principal destino do aço brasileiro, representando 48% das exportações totais do setor.  Já em relação ao alumínio o impacto será um pouco menor, uma vez que os EUA são responsáveis por 15% das exportações brasileiras”, diz ele. 

Santos enfatiza que essa medida pode reduzir a competitividade do aço e alumínio brasileiro no mercado norte-americano, levando a uma diminuição no volume exportado. “Consequentemente, o Brasil precisará buscar novos mercados ou aumentar o consumo interno para compensar essa perda e se não conseguir fazer isso pode acarretar na queda de produção e desemprego neste setor. Este aumento das tarifas não beneficia nenhum dos países, pois aumenta o preço no mercado americano e desacelera a indústria brasileira”, explica.

Santos não vê grandes impactos das medidas de Trump em São Carlos. “No tocante à indústria de São Carlos ela não será afetada diretamente neste momento, pois não exportamos o aço e o alumínio na sua forma bruta, mas sim produtos acabados compostos destes materiais e estes produtos acabados ainda não foram sobretaxados”, pondera ele. 

Ele ainda vê possibilidades de o Brasil ganhar neste imbróglio. “As metalúrgicas brasileiras podem até se beneficiar se o preço destes produtos caírem no mercado nacional em função da queda das exportações. Porém o CIESP acredita que estas medidas serão revertidas através da diplomacia e das negociações bilaterais entre os países”.

A postura do governo norte-americano, segundo Santos, gera problemas no mundo todo. “O modus operandi do governo Trump, frequentemente é baseado na tática de ameaça e pressão máxima para obter concessões.  Essa abordagem já teve alguns sucessos, mas gera tensões diplomáticas e incertezas no comércio global”. 

O engenheiro mecânico especialista em aço, Paulo Altomani: “a curto prazo as exportações brasileiras continuarão e os preços dos produtos americanos sofrerão aumento”

QUESTÃO DE SOBERANIA - O engenheiro mecânico, fundador da Engemasa e especialista em aço, Paulo Altomani ressalta que a crise pode ser favorável ao Brasil se tivermos soberania. “Apesar da taxação de 25%pelo Trump, não será fácil para os importadores americanos substituírem quase 4,5 milhões de toneladas de aço brasileiro por outros fornecedores, uma vez que o aço chinês não tem qualificação necessária para o mercado americano”, destaca ele.

Segundo Altomani, o mercado não será afetado de forma imediata. “Então, a curto prazo as exportações brasileiras continuarão e os preços dos produtos americanos sofrerão aumento. A médio prazo eles conseguirão novos fornecedores e aí isso vai gerar desemprego no Brasil. Como o governo brasileiro deve agir? À medida que caem as exportações vai fechando a torneira de importação da China ao redor de 6 milhões de Ton./ano. O aço chinês é 40%mais barato que o produzido no Brasil. Se reduzirmos as importações chinesas os produtos brasileiros terão uma qualidade melhor e um custo benefício vantajoso comparado com o produto chinês que quando quebra vamos reclamar com o Bispo? Como diz o Jabu a qualidade vale mais e não custa mais, pois o benefício é maior”, comenta o especialista. 

A relação Brasil/China atual é, segundo Altomani, prejudicial para o país. “Hoje destruímos o parque industrial brasileiro, exportamos minério para a China e importamos manufaturados de lá. O parque industrial brasileiro produzindo vai empregar, o governo vai arrecadar mais, vai reduzir o bolsa família. Voltaremos a ser fortes industrialmente e resgataremos nossa autoestima como brasileiros”, conclui ele.