Artigo Rui Sintra

USP de São Carlos ganha destaque - Tratamento do câncer de pele será aplicado no SUS

28 JUL 2023 • POR (*) Rui Sintra • 06h00

A notícia rapidamente se espalhou, primeiramente entre os pesquisadores e depois pela sociedade como um todo, gerando uma onda de satisfação. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou a incorporação da terapia fotodinâmica no SUS. Trata-de de um tratamento não-invasivo que, após mais de vinte anos de estudos e pesquisas, consegue ser implementado como uma alternativa para pacientes com carcinoma basocelular superficial e nodular, ou seja, o tipo de câncer de pele mais frequente no Brasil.

Desenvolvido no Instituto de Física de São Carlos (USP), este inovador tratamento contou com um investimento público que envolveu ensaios clínicos realizados em 72 centros de saúde em todo o Brasil, visando a validação da nova técnica. É óbvio que a maioria das pessoas não sabe - nem imagina - o quanto de esforço, estudo e trabalho estiveram envolvidos neste sensacional projeto que lança o Brasil como o primeiro país a oferecer a terapia fotodinâmica no sistema público de saúde.

Segundo uma nota da Conitec, esta foi a primeira vez que uma universidade propôs a incorporação de uma tecnologia no SUS, já anteriormente classificada, perante as pesquisas, como um projeto de sucesso em termos de inovação tecnológica no país. Contudo, há que sublinhar que a primeira linha de tratamento é a cirurgia para a retirada das lesões, sendo que nos casos de pacientes que não podem se submeter à cirurgia, ou que foram diagnosticados com tumores de baixo risco, existem muitas vantagens com a utilização da terapia fotodinâmica, atendendo ao fato de que o procedimento não precisa de internação, bastando apenas duas sessões para que o tratamento seja exitoso.

Mas, afinal, o que é terapia fotodinâmica empregada neste tratamento? Trata-se da aplicação, na lesão, de um medicamente em forma de creme e que tem a particularidade de selecionar as células cancerígenas. Após essa aplicação, a lesão é submetida à incidência de uma luz especial através de um equipamento desenvolvido no Instituto de Física de São Carlos, procedendo-se, então, a uma reação química que neutraliza as células cancerígenas, mantendo as células sadias, sendo que duas sessões bastam para obter os resultados esperados. 

Como funciona o processo? Ele é composto por duas fases - a fonte de luz e o medicamento. A fonte de luz do equipamento emprega elementos LED’s como emissores, tanto para o tratamento quanto para evidenciar a extensão do câncer. A interação do fármaco em forma de pomada com a luz emitida LED gera uma fotorreação que leva as células cancerígenas à morte. O diferencial e grande benefício que o equipamento desenvolvido na USP de São Carlos proporciona é auxiliar no diagnóstico e realizar o tratamento no mesmo dia, quase simultaneamente, otimizando tempo e custo com extrema eficiência. A de técnica terapia fotodinâmica é um procedimento não invasivo e produz ótimos resultados estéticos, pois preserva o paciente de mutilações e cicatrizes que são comuns nos processos cirúrgicos

Aguarda-se, agora, a decisão final da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do Ministério da Saúde, que formula, implementa e avalia a Política Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde do país. Foram muitos os jovens pesquisadores que trabalharam neste projeto ao longo de mais de vinte anos, mas cabe aqui destacar os nomes dos Profs. Vanderlei Salvador Bagnato, Cristina Kurachi, Hilde Buzza e  Kate Blanc, da médica Drª . Gabriela Salvio, das pesquisadoras Dra. Natalia Inada e Lilian Moriyama, e dos pós-doutores Michelle Requena, Mirian Stringasci e  José Dirceu Vollet Fiho. A USP de São Carlos está de parabéns. Os pesquisadores de nossa cidade estão de parabéns.

O autor é jornalista profissional / correspondente para a Europa pela GNS Press Association  / EUCJ - European Chamber of Journalists / European News Agency) - MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.