Saúde do Cérebro

Você tem dor de cabeça? Será cefaleia ou enxaqueca? Sabe a diferença entre elas?

1 SET 2020 • POR Dr. Daniel Pedro Comineli Beltrame • 16h55
Uma dor que não avisa a hora que vai chegar. Pode acontecer em situações de estresse, após ficar muito tempo sem comer ou depois de uma noite sem dormir…
 
Praticamente todas as pessoas já tiveram dor de cabeça alguma vez na vida, e ela é uma das queixas mais comuns em consultórios médicos. 
 
Ter essa dor em situações esporádicas como as citadas acima é comum a qualquer pessoa. Contudo, quando esta passa a ser frequente, ocorrendo por meses ou até por anos, merece ser investigada.
 
A confusão das pessoas entre cefaleia e enxaqueca é muito frequente. Enquanto cefaleia é o termo médico usado para designar a dor de cabeça, enxaqueca é um tipo específico e muito comum de cefaleia primária. Trata-se geralmente de uma dor de cabeça crônica, unilateral, com dor moderada a severa, do tipo pulsátil, associada a náusea/vômitos, podendo piorar com a luz ou alguns tipos de odor.
 
Na prática médica podemos diferenciar as cefaleias entre primárias e secundárias. As primeiras ocorrem quando não há nenhum problema estrutural ou anatômico (tumores, aneurismas, anomalias ósseas ou anatômicas) provocando a dor de cabeça, havendo apenas as alterações químicas, como ocorre na cefaleia tensional e na enxaqueca.
 
Já as cefaleias secundárias são as dores relacionadas a outras causas, como sinusites, distúrbios da articulação temporomandibular, tumores no cérebro, aneurismas cerebrais, meningites, hidrocefalias, sinusites, miopia, AVCs, entre outras.
 
A prática da automedicação, muito difundida com o fácil acesso aos analgésicos, pode justamente piorar a dor. Parece paradoxal, mas pacientes com cefaleia crônica que fazem uso de analgésicos de forma indiscriminada podem desenvolver um novo tipo de cefaleia, o de abuso de analgésicos.
 
Por isso, sempre que a cefaleia for incômoda e se tornar recorrente é importante que haja investigação profunda dos motivos pelos quais ela ocorre, podendo avaliar a necessidade de medidas e medicações profiláticas, visando-se evitar que a dor aconteça.
 
Estudos mostram que pacientes com enxaqueca (especialmente com aura, ou seja, aquelas precedidas de sintomas visuais ou sensitivos) têm o maior risco de acidente vascular isquêmico, epilepsia, asma, dor crônica, doenças gastrointestinais, depressão, ansiedade, entre outras doenças.
 
Então, se você sofre com dores de cabeça, analise qual o padrão da dor, a intensidade e a frequência com que ela ocorre. Perceba se há alguma ligação externa, como comer certos alimentos ou ter insônia. Isso são informações valiosas que podem ser usadas para investigar o motivo pelo qual a dor acontece, afastando causas graves e podendo conduzir um tratamento individual adequado.