Nossa música raiz

Chora, Viola fará tributo a Tião Carreiro em São Carlos

6 FEV 2020 • POR Redação • 07h10
Tião Carrero terá uma merecida homenagem em São Carlos - Divulgação

Tião Carreiro, um dos mais renomados artistas da música raiz brasileira e considerado “mestre da viola” será homenageado no Sesc São Carlos, com o Chora, Viola, que acontece domingo, 9, a partir das 10h na área de convivência externa. O evento é gratuito e os lugares limitados.

Nesse show, as duplas Peão Dourado & Paraense e Luciano Violeiro & Juliano Damas, fazem uma homenagem ao mestre da viola Tião Carreiro, apresentando os grandes sucessos das formações com Pardinho, Carreirinho, Paraíso e Praiano. Acontece também a apresentação do Grupo Os Defensores do Catira de Santa Eudóxia.

O projeto Chora, Viola!, busca homenagear grandes nomes que marcaram a história da Música Caipira ou Música Sertaneja Raiz, mantendo viva a cultura e tradição tão significante, principalmente para o nosso interior Paulista.

TIÃO CARREIRO

Com o nome de José Dias Nunes foi batizado e como “Tião Carreiro” ficou consagrado. Natural de Monte Azul, norte de Minas Gerais, nasceu em 1934. Filho dos lavradores, teve mais seis irmãos, três homens e três mulheres Seus dotes de músico já eram notados desde os 8 anos de idade, quando José dedilhava no cabo da enxada e tentava tirar notas de um elástico pregado em uma madeira. O menino da viola nunca foi à escola, mas tinha o sonho de ler e escrever, o que aprendeu sozinho, folheando jornais velhos. E foi desta forma, juntando letras e frases, que José Dias se alfabetizou. Da mesma maneira aprendeu a tocar, autodidata, observando e juntando acordes e notas.

Aos 16 anos, tomou a decisão que marcaria sua vida. Já apaixonado pela música, decidiu deixar o trabalho no campo e se aventurar em outros mundos, em uma nova profissão. Que sorte a nossa: o Brasil ganharia um dos músicos sertanejos mais importantes, que revolucionaria e influenciaria gerações, até hoje.

Em março de 1959 nascia um novo ritmo - o “Pagode de Viola”. Tião percebeu que, naquele recortado mineiro que tocava misturado com outras batidas, a viola assumia um papel importante e ele que havia, portanto, encontrado algo realmente novo.

O primeiro pagode a ser gravado foi "Pagode em Brasília". Na cultura da música raiz, o pagode sertanejo é, atualmente, um dos ritmos mais tradicionais, tendo projetado Tião Carreiro por seu toque marcante e inconfundível, passando a enriquecer a lista de ritmos regionais.

Tião, com sua habilidade e destreza, criou inúmeras introduções e arranjos de pagode de viola, verdadeiras preciosidades. E não parou por aí, pois desenvolveu uma inconfundível batida, inovando o modo de tocar viola. Na verdade, Tião inventou um estilo original para os violeiros que cantam em dupla e usam como acompanhamento a viola e o violão. Na riqueza de ritmos e estilos, Tião gravou, com seus parceiros, moda de viola, cururu, cateretê, valseado, querumana e até tango.

E quando a música sertaneja se tornou mais urbana, ganhando outras influências, o violeiro se mostrou aberto a novas experiências e gravou guarânias, rasqueados e balanços.

Tião também aprimorou - “o estilo de cantar em dupla”. A segunda voz, que é a mais grave, passava a ser colocada com mais destaque do que a primeira. Estilo que depois foi seguido por várias duplas até hoje.

A sua carreira de sucesso, foram produzidos 25 discos 78 rpm, mais de 50 LPs, 2 LPs em solos de viola caipira e mais de 300 composições com importantes nomes da música sertaneja.

Tião Carreiro foi também um dos grandes responsáveis pela popularização da música sertaneja, tirando-a dos programas sertanejos das rádios nas madrugadas e colocando-a nos teatros, rodeios, exposições e no horário nobre da televisão.