Ato discriminatório

Câmara Municipal aprova moção de Azuaite e apoia jornal diante de “atos persecutórios” do governo

3 DEZ 2019 • POR Redação • 15h53

A Câmara Municipal s aprovou nesta terça-feira (3) uma moção do vereador Azuaite Martins de França (Cidadania), que manifesta apoio ao jornal “Folha de S. Paulo” diante de atos persecutórios da Presidência da República. O vereador considerou que o jornal foi vítima de “ato discriminatório” do governo que excluiu o periódico da relação de veículos nacionais e internacionais exigidos em um processo de licitação para fornecimento de acesso digital ao noticiário da imprensa. No último dia 29, o presidente Jair Bolsonaro defendeu um boicote contra anunciantes do jornal.

“Claramente o governo age contra os princípios da moralidade e impessoalidade que devem nortear a administração pública”, afirmou Azuaite. “Estamos diante de uma agressão à imprensa brasileira, aviltada pela atitude contrária a um ambiente de normalidade democrática”.

No seu entender, “o ataque frontal a um jornal prestes a completar cem anos e com decisiva participação nos movimentos pela redemocratização do país após a nefasta ditadura militar, revela a inclinação do atual governo para a supressão da democracia e das liberdades vigentes no país e tão duramente conquistadas”.

Azuaite faz eco à do partido Cidadania23, que em nota lamentou que “o governo venha tentando empurrar o Brasil para o abismo da intolerância” e qualificou a perseguição à “Folha” como “uma agressão frontal à liberdade de imprensa “.

Na moção, o parlamentar citou o editorial publicado pela “Folha” no último dia 30, repelindo a ofensiva presidencial e assinalou que agressões à imprensa e acenos ao AI-5da ditadura “devem merecer o mais enfático repúdio de toda a sociedade que não aceita o retrocesso obscurantista a um passado sombrio, superado pelo país à custa do sacrifício de tantos brasileiros mortos, torturados e desaparecidos”.

De acordo com Azuaite, ninguém pode se omitir de expressar repúdio ao arbítrio e ao autoritarismo, “sob pena de a história tragicamente se repetir”. O vereador citou, ao finalizar, um poema de Eduardo Alves da Costa: “Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada”. Cópias da moção serão encaminhadas à “Folha de S. Paulo”, à Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI Inter) e Associação Brasileira de Jornais (ANJ) e ao Diretório Nacional do Cidadania23.