Obituário

Morre o médico Pedro Kamimura

2 OUT 2018 • POR Redação • 19h12

Faleceu nesta terça-feira (2), aos 79 anos o médico neurologista  Seiya Pedro Kamimura. Segundo informações, ele teria sofrido um infarto.

Nas redes sociais amigos e pacientes lamentaram a morte do médico que era bastante conhecido em São Carlos e estava aposentado. Por muito tempo ele atendeu no Centro Municipal de Especialidades (CEME) e outras unidades públicas.

Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento.

Abaixo um texto publicado pelo também médico Lenon Tiossi em fevereiro de 2017, em uma rede social, onde homenageou Kamimura. 

Esse texto de hoje tenho adiado há muito tempo.

Pensando que a gratidão é a maior virtude das almas nobres, venho por meio desse texto deixar registrado, em nome da Cidade de São Carlos e Região nosso reconhecimento a um guerreiro chamado Dr. Pedro Kamimura.

Como médico, é desprovido de vaidade, egocentrismo, sempre falou pouco e agiu muito.

Merecia uma Avenida em seu nome, mas sua timidez supera a empáfia, e também porque as pessoas só homenageiam, em grande parte as pessoas em duas situações: ricos e seus parentes cujos feitos nunca se soube ou in memoriam, para fazer sensacionalismo.

Ta ai a dica.

Salvou milhares de vidas ao longo de mais de 40 anos de carreira se dedicando a Neurocirurgia e Neurologia.

Acredito que metade da cidade, hoje em idade adulta,,já foi atendida por Ele em algum momento.

Tive o prazer de trabalhar e aprender muito com Dr. Pedro até sua aposentadoria há, aproximadamente três ou quatro anos atrás e tive muitos bons exemplos, assim como muitos que tiveram a oportunidade de conviver com ele.

Algumas coisas que muita gente não sabe: toda vez que Dr. Pedro era chamado para avaliar um paciente, independente do horário, mesmo que fosse um caso de baixa gravidade ele vinha para o hospital imediatamente.

Com dificuldade visual e de madrugada, pegava seu carro e vinha ver o doente, e, sempre me enganei ao pensar que sua casa ficava próxima ao hospital. Ele mora do outro lado da cidade, cruzando a Rodovia Washington Luiz.

No CEME atendia diariamente e sua obrigação era atender doze consultas diárias, mas sua generosidade e amor a profissão o faziam atender próximo de trinta ou mais por dia sem reclamar.

Certa vez chego no CEME, Dr. Pedro já aposentado e enfermo na ocasião, por diabetes; chega ao meu ouvido que um médico se recusou a fazer uma receita de insulina para ele.

Até hoje queria saber quem foi, mas nunca me disseram.

Lembro sempre desse fato quando chego no CEME para atender e fico imaginando o dia que eu ficar velho e doente, qual a deferência que os jovens médicos terão comigo,

Então peço a Deus que esse colega, tome consciência do que fez e reflita, pois quem negligencia uma vez corre o risco de tomar como hábito, então mude, porque a medicina não é para qualquer um.

Escreva a sua história para um dia seus filhos terem mais de uma linha para ler e se orgulharem de você.

Falando em filhos Dr. Pedro tem nove e uma esposa que o adoram e o cercam de carinho o tempo todo.

Para as pessoas que o conhecem pessoalmente ou somente por nome saibam que Dr. Pedro está bem de saúde, inclusive estamos tentando trazê-lo de volta ao trabalho, mas esse guerreiro já enfrentou muitas batalhas e merece curtir sua família.

Gostaria de encerrar dizendo ao senhor Dr. Pedro, que sempre o admiramos muito como médico, ser humano e sentimos muito a sua ausência no hospital.

Obrigado pelo carinho que sempre teve comigo desde quando eu estava engatinhando na profissão e por tudo que me ensinou.

Tenho o Senhor e toda sua família no meu coração.

“ A gratidão é único tesouro dos humildes”. Sakespeare

Grande abraço do seu amigo.

Lenon Tiossi