terça, 23 de abril de 2024
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João Havelange, ex-presidente da Fifa, morre ao 100 anos

16 Ago 2016 - 10h06Por Tatiana Ramil/Reuters
Foto: José Cruz/Agência Brasil - Foto: José Cruz/Agência Brasil -

Morreu nesta terça-feira aos 100 anos, no Rio de Janeiro, o ex-presidente da Fifa e ex-membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) João Havelange. Atleta olímpico e dirigente, dedicou a vida ao esporte.

Havelange presidiu a Fifa, entidade que controla o futebol mundial, de 1974 a 1998, tendo organizado seis Copas do Mundo e criado os campeonatos sub-17, sub-20, a Copa das Confederações e o Mundial feminino.

"A maior façanha de Havelange como um administrador do futebol foi garantir um aumento da participação em nível mundial de times da Ásia, África, Concacaf e Oceania", descreveu a Fifa em seu site.

Em 1998, quando saiu do comando da Fifa para ser substituído por Joseph Blatter, que deixou o cargo após escândalos de corrupção na entidade, Havelange tornou-se presidente de honra.

Mas o próprio Havelange se viu forçado a renunciar a essa posição, depois que um relatório do comitê de ética da Fifa descreveu como "moral e eticamente reprovável" o comportamento de Havelange na relação com a ISL, que era sócia da Fifa em ações de marketing, e faliu em 2001.

COMITÊ OLÍMPICO

O brasileiro foi também membro do COI, eleito em 1963. Em dezembro de 2011, no entanto, renunciou ao posto. O ex-dirigente estava sob investigação do COI por suposta ligação com a ISL, antiga agência de marketing da Fifa que é suspeita de ter pago propina a dirigentes da federação responsável pelo futebol mundial. A ISL faliu em 2001, com dívidas de 300 milhões de dólares.

Com o desligamento dias antes de uma audiência que analisaria sua conduta, Havelange evitou uma eventual expulsão do COI, que acabou anunciando que a investigação contra o brasileiro estava encerrada.

Ricardo Teixeira, ex-genro de Havelange, também foi acusado de participação no esquema. Em 2012, no entanto, Teixeira renunciou como presidente da Confederação Brasileira de Futebol após 23 anos no cargo e também como chefe do comitê organizador da Copa do Mundo de 2014.

OLIMPÍADA NO RIO

Jean Marie Faustin Godefroid Havelange, que nasceu no Rio de Janeiro em 8 de maio de 1916, começou cedo sua vida esportiva. Foi atleta infantil do Fluminense e se destacou em vários esportes.

Em 1936 participou dos Jogos Olímpicos de Berlim como nadador, e em 1952, em Helsinque, disputou a Olimpíada como jogador de pólo aquático.

A partir daí virou dirigente e comandou a delegação brasileira em Melbourne, em 1956. Dois anos depois assumiu a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que reunia 24 modalidades esportivas. Ficou no cargo até 1974. No período, o Brasil viveu sua maior glória no futebol, conquistando o tricampeonato mundial nos anos de 1958, 62 e 70.

Havelange, que se formou advogado em 1936, era membro nato permanente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Em 2009, participou da campanha vitoriosa do Brasil para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Em seu discurso, afirmou que esperava ver, aos 100 anos, a Olimpíada em seu país natal.

"Queria convidar a todos a uma Olimpíada em minha cidade no ano de meu centésimo aniversário", disse ele, sob aplausos, em Copenhague. A morte de Havelange ocorre enquanto o Rio sedia a Olimpíada, a primeira realizada na América do Sul.

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