
Quando uma escola de samba pede passagem, ela não apenas entra em cena — ela afirma sua existência com ritmo, cor, história e força. Esse gesto simbólico inspira a mostra itinerante “Mama África pede passagem”, que percorre a cidade de São Carlos levando a cultura negra para o centro do espaço urbano e do debate social.
Aqui, o pedido de passagem é um chamado ancestral. É a cultura negra reivindicando visibilidade, respeito e reconhecimento. É a nossa ancestralidade africana dizendo: “estamos aqui”. A exposição convida à escuta, à celebração e à construção coletiva de um futuro mais justo, reconhecendo as raízes africanas que moldam a identidade brasileira.
Essa mostra acontece em um momento fundamental para São Carlos, que recentemente firmou um pacto com o Ministério Público para se tornar uma cidade antirracista. A cidade está desenvolvendo, junto com a comunidade negra, um plano de ações para enfrentar o racismo estrutural — e a mostra integra esse processo, levando o debate para dentro dos territórios e aproximando a população dessa construção.
As obras da mostra são produzidas em colaboração entre os artistas Loany Santos e daSilva, que unem palavra, imagem e ancestralidade em peças que instigam a reflexão e o pertencimento.
“Mama África pede passagem” é uma realização da empresa Gaia Lila, que acaba de lançar em São Carlos uma linha de materiais educativos com a proposta de promover a educação antirracista desde a infância. “Precisamos enfim abrir espaço para que a cultura negra ocupe seu lugar de direito dentro da cidade de São Carlos”, afirma Loany Santos, fundadora da empresa e idealizadora da mostra.
A cada novo espaço, “Mama África pede passagem” é recebida por lideranças negras da cidade, reafirmando o protagonismo de quem historicamente teve sua voz silenciada. A exposição já está em movimento e seguirá o seguinte itinerário:
22 a 30/4 – Paço Municipal
30/04 – Batalha da Alcatéia
6 a 11/05 – Biblioteca Comunitária da UFSCar
19 a 25/05 – USP São Carlos
26 a 28/05 – Onovolab