terça, 16 de abril de 2024
Eleições 2020

Mestre Taroba ousa nas propostas: ônibus a R$ 1,50 e 10 mil moradias

Candidato do Avante diz que quase 10 mil famílias estão sem um teto em São Carlos; para ele, o futuro prefeito tem que zerar o déficit habitacional

16 Out 2020 - 11h11Por Redação São Carlos Agora
Mestre Taroba da Capoeira diz que viabilizará 10 mil moradias populares - Crédito: DivulgaçãoMestre Taroba da Capoeira diz que viabilizará 10 mil moradias populares - Crédito: Divulgação

Antônio Zacarias da Silva, o Mestre Taroba da Capoeira é o candidato a prefeito de São Carlos pelo Avante. Taroba construiu a sua história na cidade por meio da capoeira. Está na atividade há 42 anos. Protagonista no esporte, Taroba mostrou  projetos ousados para São Carlos. Segundo ele, é possível oferecer transporte público a R$ 1,50, reforçando as linhas que ligam a periferia aos centros comerciais.

Além disso, o candidato afirma ser possível viabilizar 10 mil moradias populares. “Tem candidato prometendo cinco mil casas populares. Como assim? Se o déficit habitacional de São Carlos é de quase 10 mil casas, onde colocar as outras cinco? Eu penso grande, o gestor precisa ser visionário. Vou trabalhar por 10 mil moradias populares”.

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Acompanhe a entrevista:

  1. Por que ser prefeito de São Carlos?

Encontrei muitas dificuldades nesses 42 anos de projeto social. Quando chegou essa época de pandemia do coronavírus, pensei: preciso fazer algo diferente. Muitos quiseram a minha candidatura a vereador, mas eu sou candidato a prefeito, pois acredito que é importante a gente tomar algumas atitudes na vida. Batalhar pelo fim das dificuldades da periferia.

  1. Qual é a sua opinião sobre a saúde? O que precisa ser melhorado?

Dinheiro para a saúde tem. A pandemia chegou, a Prefeitura não tinha planejamento para isso e fez as ações necessárias. Eu acho que falta é planejamento, cuidar mais das pessoas e investir em tecnologia. Esse é o caminho. Criarmos um dispositivo tecnológico que avise o paciente sobre as consultas e que reduza os sofrimentos das pessoas. Precisamos, também, cuidar da saúde dos nossos idosos. Nessa pandemia, quantos idosos não estão sofrendo com abalos psicológicos. E nós não temos equipes médicas necessárias para atender aos pacientes desse grupo.

  1. O que você acha da Educação Municipal? Quais são as suas propostas?

Primeiro, vamos ouvir os professores, entender a demanda da Educação, quais são as dificuldades... Os políticos falam muito de educação, mas não investem adequadamente, não ouvem os professores, os diretores e os outros servidores. Temos de agregar o esporte à educação, isso é muito importante. O esporte é ferramenta de ação social. Inclui os excluídos. Parte da juventude está no mundo da droga, que acaba com a família. As mães não aguentam mais. A Fundação Casa não dá resultado. Um menino, na prevenção, você gasta de R$ 150 a R$ 200. Na Fundação Casa, ele custa de R$ 5 mil a R$ 6 mil. Precisamos cuidar dos professores. Os políticos profissionais olham a educação pelo telhado. Eu olho pelo alicerce, que são os professores e os outros profissionais da educação.

  1. São Carlos está a seis anos sem a licitação do transporte público. O que você pretende fazer?

O dever de casa é fazer a licitação. Passagem a R$ 1,50 é possível. Os bairros da periferia, o grande Aracy, o grande Santa Felícia, cresceram muito. O Aracy, no começo, tinha ônibus de duas em duas horas; hoje tem ônibus a cada 10 minutos. Você precisa colocar nesses bairros a via secundária. O ônibus roda dentro do bairro e dali se constrói um terminal. A partir desse terminal no bairro, o usuário vai até o centro a R$ 1,50. Quando você coloca ônibus de hora em hora, em 10 bairros, temos 10 ônibus rodando. Quando chegar no final da tarde, já se rodou umas 120 vezes. Nós vamos encurtar esse espaço. É possível fazer. O problema é que a política daqui é um choque de vaidades. Cada um quer ser melhor que o outro e não é assim que funciona.

  1. São Carlos é a Capital Nacional da Tecnologia. Como potencializar essa condição? Existe uma proximidade entre universidade, centros de pesquisa, Prefeitura e comunidade?

Temos que fazer parcerias. Eu vejo assim: temos 30 mil estudantes e acho que eles podem contribuir muito com a periferia, oferecendo trabalhos voluntários e trocando ideias com os jovens da periferia, contando as histórias de como chegaram à universidade pública, incentivando esse jovem a se esforçar e ingressar na universidade. Não dá pra ficar brincando por bandeiras em São Carlos. Ah! Essa universidade é da esquerda, aquela é da direita. A universidade é a bandeira de São Carlos.

  1. Quais as suas propostas para melhorar a empregabilidade em São Carlos? De que forma atrair novas empresas?

Milhares de pessoas estão, hoje, no auxílio emergencial. Hoje são R$ 600, depois R$ 300 e logo a seguir, isso acaba. O administrador precisa agir com inteligência. Inclusive o atual prefeito deveria começar a agir e planejar o futuro do trabalho. Uma das minhas propostas é incentivar o empreendedorismo por intermédio das ‘feirinhas’ nos bairros. Tem muita dona de casa com talento, que faz bordado e outros trabalhos manuais. Usar os centros comunitários para a qualificação, usar as praças para as feirinhas. E, num segundo momento, buscar incentivos para trazer novas empresas. Temos que desburocratizar e incentivar a vinda de novas empresas para gerar empregos. Aqui tem empresa com descontos de impostos de mais de 50 anos. E o que fizeram? Informatizaram a produção e desempregaram. O robô tomou conta do chão de fábrica e o trabalhador está na rua. Para trazer uma empresa, tem que ter responsabilidade. Conceder benefícios, sim, mas exigir a contrapartida em benefício do trabalhador.

  1. Quais são as políticas públicas para os jovens? O que pretende fazer?

A juventude tá largada pra rua. A droga tá dominando, acaba com a família, tira o sossego de todos. Precisamos de uma política pública para os jovens, oferecendo cursinhos gratuitos nos bairros, cursos profissionalizantes e levá-los para o esporte. Prepará-los para equipes de competição. Meu projeto formou 22 mil crianças. E hoje temos cidadãos reconhecidos internacionalmente. Quer um exemplo? Nenê Hilário, do basquete. O Rubens Charles Maciel, o cobrinha, campeão de jiu-jitsu é outro. Precisamos cuidar dos jovens. Muitos deles, com 18 e 20 anos ainda não sabem o que querem da vida. Eles precisam de alguém que pegue nas mãos deles e mostre o caminho.

  1. O que você propõe para melhorar a arrecadação do município?

Com a vinda de novas empresas, incentivando a sua instalação na cidade. As ‘feirinhas’ também podem gerar um aumento na arrecadação, cobrando uma pequena taxa do empreendedor. Eu vejo muita vaidade na política e pouca ação para melhorar a arrecadação precisa de trabalho, de incentivo ao empresário. Tem candidato por aí que vive de currículo, mas currículo não enche a barriga do trabalhador e não melhora a arrecadação do município.

  1. Hoje, o SAAE tem reclamações de desabastecimento em vários bairros e vazamento de água tratada. De que forma melhorar a gestão dos serviços?

Primeiro, qualificar o funcionário de carreira. E a gestão do SAAE precisa parar de dar desculpa. Tem vazamento, sabemos disso. O povo paga pelo ar que paga pelo cano. Então, precisamos cuidar dessas e de outras questões. Privatizar não vai resolver essas questões. Vendem a empresa pública e quem paga as altas taxas é a população.

  1. Quais são seus planos para evitar as enchentes em São Carlos?

O problema da enchente é grave e o comerciante sofre muito. São Carlos vive muito em estado de calamidade, só mexe quando chove. Não é desta forma que a coisa funciona. Muitos deputados vêm a São Carlos, levam o voto do são-carlense e não fazem nada. Os políticos de São Carlos precisam de união, lançar poucos candidatos, eleger seus representantes e lutar por verbas. Precisamos unir o conhecimento dos engenheiros e pesquisadores para buscarmos soluções para este problema gravíssimo, fazendo intervenções, sem agredir o meio ambiente.

  1. As políticas habitacionais dos governos estadual e federal foram reduzidas. De que forma, então, resolver o déficit habitacional?

Eu tenho uma proposta que é ousada. Vamos atrás dos governos para colocar a cidade em programas habitacionais. Eu tenho projetos de terrenos populares. Tem candidato prometendo cinco mil casas populares. Como assim? Se o déficit habitacional de São Carlos é de quase 10 mil casas, onde colocar as outras cinco? Eu penso grande, o gestor precisa ser visionário. Vou trabalhar por 10 mil moradias populares. Eu tenho 42 anos de projeto social. Eu trabalho com família pobre. E por que deu certo? Porque eu planejei. Fiz campanha de sorvete, de biju e de pizza para arrecadar dinheiro. E meu projeto nunca fechou. Onde eu quero chegar? Quero chegar na seguinte reflexão: se o gestor quiser, ele consegue viabilizar 10 mil moradias populares.

  1. O que você promete de diferente dos seus adversários?

Trabalhar com caráter e honestidade. Fazer valer a família, vamos tirar as crianças da rua. E eu tenho experiência suficiente pra isso. Vou colocar o jovem no caminho do bem. O povo tá passando fome por causa da desigualdade social. Meia dúzia tem dinheiro; o resto passa dificuldade ou necessidade do básico. Temos que minimizar os impactos sociais que interferem na vida das pessoas da periferia, promover o bom funcionário público e deixá-lo mostrar o que tem de bom pra população.

Sua mensagem final ao eleitor

Eleitor. Confie no Mestre Taroba da Capoeira. Eu tenho história em São Carlos. Não tenha medo de mim. O meu currículo é menor que muitos outros candidatos, mas eu tenho ideias para uma São Carlos melhor. Vote 70.

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