quarta, 24 de abril de 2024
"Aguardava ansiosamente"

Pediatra da Santa Casa comemora vacinação em crianças

Especialista em imunização, Wander Rezende vê somente resultados positivos na imunização contra a Covid-19

17 Jan 2022 - 07h05Por Marcos Escrivani
Rezende: "Vai o meu recado final. Pais levem seus filhos para serem vacinados" - Crédito: Assessoria Santa CasaRezende: "Vai o meu recado final. Pais levem seus filhos para serem vacinados" - Crédito: Assessoria Santa Casa

“Baseado nas decisões das Sociedades científicas mundiais e brasileiras SBIM / SBI / SBP, recomendo a imunização nessa faixa etária, porque sei que as crianças ficarão protegidas, e também porque a vacina é muito segura”. Essa frase foi proferida pelo médico pediatra da Santa Casa de São Carlos e especialista em imunização, Wander Rezende.

Em uma entrevista ao São Carlos Agora, Rezende foi sabatinado sobre a imunização em crianças de 5 a 11 anos. Com frases bem objetivas, salientou que vacinar os pequenos é necessário como uma forma de evitar que a pandemia se torne ainda mais grave.

“Pais levem seus filhos para serem vacinados. Se nós observarmos o que aconteceu durante esses dois anos de pandemia, o número de crianças que morreram por causa da Covid foi muito maior do que as mortes provocadas por outras doenças como a meningite”, orientou. “As crianças vivem em núcleos familiares, compostos muitas vezes por idosos e pessoas com comorbidades, que são as mais propensas a desenvolverem a forma mais grave. Ao vacinar as nossas crianças, reduzimos ainda mais a chance do vírus circular entre essas pessoas também”, emendou.

Rezende deixou claro, ainda, que a vacina em crianças não causa danos. Pode ocorrer reações, mas as consideradas leves. “A vacina é segura”, garantiu.

A ENTREVISTA

São Carlos Agora - Como pediatra, como o senhor vê a vacinação em crianças para proteger da Covid-19? Como especialista em imunização, é fundamental a iniciativa, independentemente da idade do paciente?

Wander Rezende - Como pediatra e especialista em imunizações, nós aguardávamos ansiosamente uma vacina para as crianças. Sabe-se que grande parte das crianças apresentam quadro mais leve. Entretanto, com a elevada contaminação por esta nova variante, Ômicron, o número de crianças que evoluem com desfechos graves torna-se bastante grande.

SCA - Há pais que temem que a vacina contra a Covid-19 possa causar algum dano à criança. Há estudos que comprovam essa tese?

Rezende - Digo aos pais que devem levar seus filhos para fazer a vacina. Nós temos estudos que comprovaram que a vacina é segura. Pode ocorrer reação local, dor de cabeça, mas é sabido que isso é muito menos frequente na criança do que no adulto.

SCA - Como profissional da área da saúde e especialista em crianças. Particularmente indica a imunização nesta faixa etária?

Rezende - Baseado nas decisões das Sociedades científicas mundiais e brasileiras SBIM / SBI / SBP, recomendo sim a imunização nessa faixa etária, porque sei que as crianças ficarão protegidas, e também porque a vacina é muito segura.

SCA - Como o senhor vê as questões políticas influenciarem temas sobre saúde e exigirem receita médica para vacinar crianças contra a Covid-19?

Rezende - Ficamos felizes com a decisão de não ser mais exigido receita médica para fazer a vacina nas crianças. Isso foi uma decisão bastante correta. As autoridades tiveram aí um bom senso, o que é ótimo”. 

SCA - Por si só, as crianças tem mais resistência quanto a se infectar e/ou adoecer devido a agressividade do SARS-CoV-2?

Rezende - Não são as crianças que têm mais resistência à Covid-19. Isso é uma característica peculiar do SARS-CoV-2, desse coronavírus. Ele não tem desfechos tão graves nessa faixa etária de cinco a onze anos. Mas a questão é que as crianças vivem em núcleos familiares, compostos muitas vezes por idosos e pessoas com comorbidades, que são as mais propensas a desenvolverem a forma mais grave. Ao vacinar as nossas crianças, reduzimos ainda mais a chance do vírus circular entre essas pessoas também.

SCA - Crianças com comorbidades estão mais propensas a adoecer e, no pior cenário, irem a óbito?

Rezende - Crianças com comorbidades são mais vulneráveis a ter complicações, portanto devem ser vacinadas com prioridade, que é o que já foi proposto. 

SCA - Caso seja pai, irá vacinar seu filho? Mas sendo tio, aconselha imunizar os sobrinhos? Aconselha os amigos a vacinar seus filhos?

Rezende - Independentemente do grau de parentesco, incentivarei as famílias e os responsáveis a vacinarem seus filhos contra a Covid-19, assim que chegar a vez de cada uma delas na escala que já foi programada.  

SCA - Opinião pessoal: como vê o avanço desta nova cepa (Ômicron)? Ela pode causar novos danos ao sistema de saúde de São Carlos?

Rezende - Comparando a Ômicron com a primeira cepa que surgiu na China, em Wuhan, a diferença de contaminação é bastante grande. Enquanto a taxa de reprodução da primeira cepa era de dois e meio (ou seja, cada duas pessoas diagnosticadas com Covid poderiam contaminar outras cinco), A taxa de contaminação da Ômicron é quatro vezes maior (cada pessoa diagnosticada com Covid pode contaminar outras dez). Em relação ao sistema de saúde de São Carlos, não acredito que deverá sofrer impacto porque, felizmente, os desfechos graves deverão ser menores com essa cepa. 

SCA - Considerações finais:

Rezende - Vai o meu recado final. Pais levem seus filhos para serem vacinados. Se nós observarmos o que aconteceu durante esses dois anos de pandemia, o número de crianças que morreram por causa da Covid foi muito maior do que as mortes provocadas por outras doenças como a meningite. O número de crianças internadas, que tiveram desfechos graves e foram a óbito com a Covid-19 foi muito acima de qualquer outra doença prevenível por vacina. Então vá, leve seu filho. Reações podem ocorrer, no entanto, são reações leves e, destaco mais uma vez, as reações no adulto são mais frequentes do que na criança. Vamos fazer, vamos prevenir as doenças, e assim proporcionar mais saúde para as nossas crianças.

Leia Também

Últimas Notícias