sexta, 29 de março de 2024
Coronavírus

Para Roselei, foi positiva reunião do Comitê contra o coronavírus

03 Abr 2020 - 17h24Por Redação São Carlos Agora
Vereador Roselei Françoso, integrante da Comissão Especial da Câmara Municipal e da OAB São Carlos para Assuntos do Covid-19 - Crédito: DivulgaçãoVereador Roselei Françoso, integrante da Comissão Especial da Câmara Municipal e da OAB São Carlos para Assuntos do Covid-19 - Crédito: Divulgação

A crise mundial sistêmica instaurada pela pandemia do coronavírus evidencia maneiras de se comportar frente ao momento, que podem “dividir” indivíduos em dois grandes grupos: o grupo de pessoas na negação da gravidade da fase, com a observância de subterfúgios diversos para “explicar” a questão dentro de argumentos que chegam até mesmo a níveis fantasiosos minimizando riscos e desqualificando a necessidade de atenção para com a mudança de hábitos e rotinas; o grupo das pessoas em pânico, que potencializam as ações de controle frente à pandemia de forma pouco funcional, ocasionando comportamentos como o de esvaziar compulsivamente prateleiras de álcool gel e mantimentos, por exemplo, dentre outras características que destituem as pessoas do equilíbrio necessário ao enfrentamento potente que a pandemia pede. Tais posturas podem ser tanto cristalizadas em uma ou outra predominância, mas são observados também os casos em que algumas pessoas transitam entre esses extremos.

Se na postura de negação observaremos as bolhas de ilusão que protegerão as pessoas do contato com a realidade, por esta de fato ser muito perturbadora para o mundo emocional de quem está observando, na postura de pânico serão observadas estratégias de controle exacerbadas frente a aspectos da vida incontroláveis e imprevisíveis, que também têm significado ameaçador ao mundo emocional de quem vê. Na negação, podemos observar indivíduos fantasiando a realidade, refutando dados reais com a licenciosidade de quem não deseja, a qualquer custo, enxergar aquilo que em essência, incomoda, desestabiliza, traz dor. Não chegar perto da realidade parece protetivo, mas com certeza, pessoas com tal postura negligenciarão medidas de prevenção e se colocarão  em risco (risco que pode ser estendido a toda a coletividade), muito mais do que as pessoas do “time” do pânico, que por sua vez, acreditarão tanto nas medidas de controle, que podem até alcançar o não contágio do vírus, mas podem desenvolver outras doenças correlatas, ou comprometer a coletividade com medidas um tanto autocentradas, com outros prejuízos no contexto da passagem pela crise.

A grande oportunidade (e por que não dizer, desafio) é encontrar o equilíbrio da Potência, entre a impotência e onipotência que são os conteúdos inconscientes que movem a negação e o pânico. Da impossibilidade de não lidar com a crise ao seu controle absoluto, tornam-se posturas infantis passar pela crise negando-a ou se sentindo “salvadores” de si mesmos, seja por meio de qual comportamento for. Negação e pânico estão, portanto, ligados a traumas infantis, lugares sistêmicos oriundos da posição de cada indivíduo em seus sistemas familiares bem como outras características da história de vida, desde os primeiros anos. Negar a crise ou controlar demais aquilo se apresenta como profundamente desconfortável podem ser apenas repetições de formas de funcionamento emocional que sempre estiveram presentes na vida das pessoas. Uma análise do passado pode contribuir para a identificação de como já nos comportamos em crises pessoais, como estamos nos comportando na atualidade e as reinvenções necessárias – pois transformar as maneiras de sentir e agir sempre será uma demanda de cada ciclo da vida e de cada fato vivenciado, em sua variabilidade de momentos e significados.      

Alcançar a potência adulta no atual momento, o que só é possível com o equilíbrio entre impotência e onipotência, conferirá a cada um de nós a adequada posição sistêmica para o enfrentamento da questão. Adultos potentes atuam na vida de forma a saberem seu papel nos sistemas que ocupam, praticando dentro de suas funções, as decisões e ações pautadas em dados de realidade, com sensatez e responsabilidade, perante si mesmos, seus familiares e a coletividade. Não minimizam a pandemia, podendo se abster da negação e também não a maximizam. Enxergam seu papel potente nas medidas de prevenção como contributivas para si e para o todo maior, mas também lidam com imprevisibilidades, incertezas e riscos, equacionando-os em cada momento diferente da crise e elegendo prioridades, reconhecendo que são participantes e podem agir positivamente sobre todos os subsistemas dos quais fazem parte, mas que essa ação tem limites. Porque afinal, muitas coisas são maiores no sistema Vida, e isso só se torna uma realidade que podemos integrar no nosso mundo emocional sem tanta angústia, quando nos colocamos do real tamanho que somos no contexto sistêmico. 

Crises, sejam elas de ordem coletiva ou pessoal, permanecem sendo grandes oportunidades de reflexão, crescimento e evolução. Aceitação e abertura para grandes transformações inegavelmente contribuirão para um aprendizado coletivo mais potente – como adultos que somos – desde que nos coloquemos na função adulta, para os desafios e enfrentamentos. Algo imprescindível para aprendizados mais profundos que serão úteis para a continuidade mais saudável do sistema Vida no período pós-pandemia.             

 

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