quarta, 24 de abril de 2024
Luta pela vida

No grupo de risco e após 15 dias intubado, aposentado vence a Covid-19

São-carlense Rafael Fernandes lutou contra a morte no Hospital Universitário; “Me senti no fim do túnel, ao lado de uma máquina...”

19 Jan 2021 - 07h16Por Marcos Escrivani
O aposentado Rafael, em casa: “Agradeço a Deus, aos médicos e as enfermeiras do HU. São anjos em forma de gente” - Crédito: divulgaçãoO aposentado Rafael, em casa: “Agradeço a Deus, aos médicos e as enfermeiras do HU. São anjos em forma de gente” - Crédito: divulgação

Durante 15 dias, a busca pela vida, pelo ar. Talvez a batalha mais ferrenha que o aposentado Rafael Fernandes, 68 anos, teve até aqui. Com pneumonia aguda e 60% dos pulmões comprometidos, após 15 dias intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário, foi mais um são-carlense a vencer a Covid-19.

O filho do aposentado, Júnior, em entrevista ao São Carlos Agora na tarde desta segunda-feira, 18, relatou os momentos de drama que passou ao lado da mãe (a dona de casa Helena Vieira da Silva Fernandes, 56 anos), que também contraiu a infecção e do irmão Ralni. “Foram 15 dias de medo e lado a lado com nosso pai, pensei no pior. Não vou mentir. Teve momentos que achei que ele iria nos deixar”, disse Júnior.

“No período de internação, o pior momento foi quando fiquei na UTI, intubado, ao lado de uma máquina (respirador de ar). Pensei que estava indo embora. Me senti no fim do túnel”, afirmou o aposentado. “Agora estou em casa, me recuperando e ficando forte. Hoje estou aqui e peço para todos: se cuidem e usem máscara. Não desrespeite o distanciamento e se protejam. Esta doença judia da gente. Espero ansioso pela vacina e que ela cure todas as pessoas”, afirmou.

O CONTÁGIO

Junior disse que seus pais residem na Vila São José. “Mora ele e minha mãe lá”. Apesar de aposentado, Rafael trabalhava como autônomo para aumentar a renda familiar e na semana de Natal começou a apresentar sintomas gripais e febre.

Por ser do grupo de risco (68 anos) e ainda ter comorbidades (há três anos faz tratamento no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto devido a uma infecção no rim), o aposentado usava máscara e álcool em gel. Porém, foi mais uma vítima do SARS-CoV-2.

Naquela semana chegou a ir na UPA Santa Felícia onde o médico o diagnosticou com uma virose. Após ser medicado, retornou para sua casa. Porém, três dias depois (dia 30), piorou. “Minha mãe me ligou e disse que o pai não tinha forças nem para tomar banho e sentia falta de ar. Voltamos para a UPA onde uma enfermeira disse que isso era sintomas da Covid-19 e orientou para que fôssemos até o Centro de Triagem no Milton Olaio Filho (ginásio municipal de esportes). Ali, no dia 31, confirmou que ele estava com a infecção, bem como minha mãe, mas que ficou assintomática. Retornamos para casa e como meu pai apresentou piora”, relatou Junior.

No dia 1º de janeiro, em estado considerado grave, a família pediu ajuda no Samu e o aposentado foi encaminhado diretamente para o Hospital Universitário e no dia 2, teve a sua batalha mais difícil até aqui: lutar pela vida.

Do dia 2 até o dia 17, Rafael ficou internado na Ala Covid e correu risco de morte, com 60% dos pulmões comprometidos. “Muitas vezes pensei no pior. Meu pai na sala, sozinho, intubado”, relatou. “Agora que tudo passou, não tenho porque esconder tudo que eu senti. Eu não acreditava na pandemia. Pensei que era jogo político e ninguém falava mais de mortes por enfarte, Aids, câncer. Só acreditava no nosso lado. Mas quando alguém da família para por isso, ai é que o calo aperta. Peço a todas as pessoas: acredite nesta doença, pois ela existe. Aprendi a lição da pior maneira. Reitero: usem máscaras, fiquem sempre com um pé atrás. Mantenham distanciamento e use álcool em gel. Não seja negacionista. Eu fui e me arrependo demais”, finalizou Junior.

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