quinta, 28 de março de 2024
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Universitários e a Saúde Mental

15 Abr 2019 - 06h50Por (*) Bianca Gianlorenço
Universitários e a Saúde Mental -

O ingresso na universidade configura-se como um momento de satisfação para o estudante, devido à possibilidade de concretização de sua formação profissional, seja na graduação ou pós graduação.

No entanto, apesar de motivado pela busca do diploma, não significa que o estudante esteja completamente preparado para enfrentar esse desafio. Muitas vezes, ele pode encontrar dificuldades para se adaptar a esse novo ambiente em virtude das demandas relacionadas ao curso e à instituição, às relações interpessoais e às questões emocionais, como o estresse e ansiedade.

A vida universitária corresponde a um período de grandes mudanças na vida do estudante, sendo que estas são responsáveis por inúmeras situações estressantes, como a distância da família, novos relacionamentos interpessoais, relacionamentos amorosos, a adaptação à vida acadêmica, decisão sobre prioridades e gerenciamento da vida financeira

As situações estressantes aumentam progressivamente, uma vez que a cada etapa do curso surgem novas exigências que requerem o desenvolvimento de habilidades e competências por parte dos estudantes.

Juntamente com a obtenção de novos conhecimentos, a vida universitária proporciona o contato com novos valores e crenças, questionamentos e experiências acadêmicas e sociais que propiciam aos estudantes um amadurecimento pessoal e que irão repercutir sobre a profissão escolhida e sobre a constituição individual dos estudantes. Além disso, o meio universitário pode representar para o discente tanto um ambiente promotor de saúde quanto um espaço limitante desta, com possibilidades de estresse, por ser um local onde o estudante permanece grande parte do dia, por vários anos convivendo com uma diversidade de pessoas.

Dessa forma, a adaptação à vida universitária não é um processo fácil e as repercussões deste processo que, muitas vezes, pode levar ao insucesso acadêmico, vão além da área da educação e incidem, diretamente, sobre a saúde do indivíduo e da comunidade e no desenvolvimento social e econômico do país.

Os estudantes, muitas vezes, experimentam altos níveis de estresse e ansiedade, cujas manifestações psicológicas e fisiológicas, acontecem em maior proporção entre graduandos. Estes, muitas vezes, sentem-se vulneráveis às diversas demandas universitárias, como os problemas relativos à qualidade do ensino e ao ambiente educacional, situações pessoais, o planejamento do futuro profissional, a organização frente ao crescente volume de informações e o estresse resultante das atividades práticas.

Estas e outras situações, como as dificuldades adaptativas, podem predispor ao aparecimento dos Transtornos Mentais Comuns (TMC) que se referem a quadros menos graves de transtorno mental e incluem sintomas como esquecimento, insônia, irritabilidade, dificuldade na concentração e tomada de decisões, fadiga e queixas somáticas, como cefaleia, falta de apetite, tremores, entre outras.

Na maioria das vezes, os TMC não são identificados ou tratados corretamente e tendem a ser subestimados pelos profissionais de saúde, especialmente na ausência de sintomas físicos, e, assim, podem evoluir e se tornarem crônicos. O diagnóstico precoce e correto desses transtornos pode prevenir os prejuízos físicos e psicológicos.

Compreende-se que o estudante necessita de atenção e cuidado, a fim de manter sua saúde física e mental em níveis adequados e satisfatórios, de modo que venha a refletir em sua futura atuação profissional.

É necessário ações de Saúde Mental nas universidades, conscientizando essa população da importância do cuidado com a saúde e dispondo de condições para que ele possa ser ajudado.

Muitas vezes os estudantes são novos na cidade e não sabem quais profissionais buscar, a universidade deve estar atenta a esse contexto e promover essa ajuda.

Sem saúde mental não há saúde!

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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