São Carlos iniciou essa semana com um grande susto, a Santa Casa comunicou que não realizaria mais atendimentos leves e teria um serviço “referenciado”, onde somente as pessoas que previamente passassem por uma unidade de saúde seriam encaminhadas e atendidas. Este é o chamado atendimento de “Porta Fechada”. Com a porta fechada, somente será atendido o paciente que passou pelo “postinho” e recebeu antes o encaminhamento para a Santa Casa.
Não é de hoje que a Santa Casa tem realizado um número de procedimentos acima de sua própria capacidade, mesmo durante sua reforma o hospital estava sempre cheio. Sabemos sim que a Saúde de São Carlos está na UTI.
A proposta de regionalização em saúde, no entanto, não é uma opção, é princípio do Sistema Único de Saúde - SUS e deve ser aplicada de maneira organizada, sem prejuízos e com respeito total à população e aos servidores públicos.
Entretanto, como é marca de muitas administrações, o improviso, a correria e as falhas de comunicação são a regra, enquanto o planejamento, a gestão, a boa comunicação e a transparência são as exceções.
São Carlos vive uma verdadeira epidemia de má-gestão generalizada em várias áreas do poder público municipal. Essa doença já ataca o transporte público de São Carlos na “esquecida” época de intervenção, pegou de jeito a Secretaria de Agricultura e comeu a carne da merenda escolar, adoeceu a mobilidade urbana de nossa Capital da Tecnologia, com sintomas perceptíveis em faixas de pedestres azuis e brancas nas ruas. E, infelizmente, a saúde não é nenhuma exceção. Até quando viveremos assim?
Mesmo com a boa vontade da Santa Casa em dar um tempo para a prefeitura buscar organizar suas unidades de saúde, UPAs e USFs, sabemos que se hoje elas já não dão conta da demanda que aumenta a cada dia, imaginem o que será se caso venha a se concretizar o fechamento da Santa Casa para as urgências e emergências.
O remédio para curar essa doença que está instalada em nossa cidade é “caseiro”, não precisa importar nada, e não é impossível de ser implementado.
Precisamos urgentemente de:
- Profissionalização nos cargos comissionados;
- Planejamento de políticas públicas, sem esquecermos da correta execução dessas políticas;
- Contratação de novos médicos e técnicos da área de saúde, com remuneração adequada e ambiente de trabalho onde possam exercer o trabalho em sua plenitude;
- Deixar claro para a população com funciona o sistema de saúde do Município;
- Aumento da transparência no serviço público, com contínua observância aos princípios éticos.
Resumindo, precisamos pensar em uma Política de Estado para a saúde, onde o atendimento à população não seja prejudicado pelas mudanças de Prefeitos. Não podemos deixar que mudanças, por um mero capricho do gestor público de plantão, ocorram. Por mais de um ano, a atual Administração, fechou duas UPAs sem necessidade, prejudicando demais toda população e seus servidores.
Dessa forma, somente com uma mudança de atitude e uma postura firme é que conseguiremos nos livrar da má gestão e fazer de São Carlos uma cidade mais saudável!
(*) O autor é advogado, especialista em Direito Público e mestre em Gestão e Políticas Públicas, na Fundação Getúlio Vargas - FGV/SP.
O exposto artigo não reflete, necessariamente, o pensamento do São Carlos Agora.