quinta, 25 de abril de 2024
Artigo Rui Sintra

Todos juntos por um Povo: Por uma Nação

18 Abr 2020 - 07h00Por (*) Rui Sintra
Todos juntos por um Povo: Por uma Nação -

Cerca de 92 Km2 de área, com uma população estimada em 10.260 mi. Um dos três países mais pacíficos do mundo, com um dos melhores sistemas de saúde do planeta. Ele está entre os dez países com maior qualidade de vida e tem um dos mais elevados índices de desenvolvimento humano. Piadas brejeiras, por vezes maliciosas, tentam por vezes desclassificá-lo perante alguns olhos míopes e torpes, aqui e além. O presente confirma aquilo que se vem observando, principalmente ao longo da última década. Portugal pode, mas não deve, fazer piada de seus pares. Ao contrário, o melhor é dar exemplos concretos, práticos e inequívocos, de um povo que sabe respeitar e que sabe ser respeitado, e que tem noção de suas responsabilidades individuais e coletivas. Em suma, a maior piada que esse país pode oferecer aos outros são suas cultura e educação, que desaguam em um elevado índice de disciplina.

Com a pandemia da COVID-19 e consequente isolamento social, tudo isso foi revelado e posto à prova em todos os setores da sociedade. Ao ter detectado, no início do mês de março do corrente ano, que a contaminação pelo novo coronavírus estava avançando a partir do Leste para o Oeste europeu e que inevitavelmente passaria por Espanha, o governo português instalou imediatamente medidas de isolamento social rígidas e o inevitável estado de emergência. Resultado: todo mundo obedeceu - 10.260 milhões de pessoas ficaram em casa. Todos os imigrantes ilegais foram legalizados, por forma a permitir que todos pudessem ter acesso irrestrito ao Sistema Único de Saúde (SMS), equivalente ao nosso SUS, equiparando-os aos portugueses. O estado determinou a imediata ajuda financeira a todos os setores econômicos e aos trabalhadores de todo o país.

Já antes, no parlamento, deixaram de se ouvir as vozes e expressões que cotidianamente caracterizam a vida político-partidária, e num exemplo que é difícil encontrar em qualquer parte do mundo, os parlamentares dos partidos da oposição e da situação convergiram para um só sentido: proteger o povo e proteger a Nação à luz das orientações da OMS e dos cientistas. A palavra de ordem foi: “deixem o governo trabalhar”.

Habituado em muitos momentos de sua história a “espadeirar” com mouros, chineses, holandeses, espanhóis e franceses, Portugal teve a inteligência de se resguardar de um inimigo que, ao contrário dos anteriores, se apresentou invisível, silencioso, traiçoeiro - a COVID-19. Atualmente, parte dos militares portugueses continua sua missão de patrulhamento por terra, ar e mar, garantindo a soberania territorial e contribuindo para a segurança da União Europeia, enquanto outra parte está confinada nos quartéis, de prontidão, caso sejam acionados para intervir em caso de emergência, ao serviço da população. Todas as forças policiais estão nas ruas, garantindo a livre e rápida passagem dos profissionais considerados essenciais para o período de emergência nacional, atuando de forma firme, mas não intimidadora, junto de cidadãos que, por qualquer razão, tenham que sair de casa, inclusive acompanhando-os aos seus destinos - farmácias, postos de saúde, etc.. Todos os jornalistas têm que estar identificados pelo governo para fazerem seu trabalho, lembrando que esses profissionais são obrigados a ter registro, sem o qual não poderão desenvolver sua atividade.

Alguém poderá argumentar que a situação é boa em Portugal devido ao tamanho do país e ao reduzido número de população, comparativamente com o Brasil. Não, não é isso. A diferença está em quatro vertentes essenciais: um Governo, uma Cultura, uma Educação, uma Organização.

(*) O autor é Jornalista profissional / Membro da GNS Press Association (Alemanha) / Correspondente internacional freelancer.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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