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QUALIDADE DE VIDA: Perigos da queda no idoso

27 Dez 2017 - 01h39Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

A fase do envelhecimento é marcada pelas alterações fisiológicas progressivas no organismo, elas reduzem a capacidade de adaptação do idoso às atividades funcionais, afetando principalmente o equilíbrio, o que ocasiona maiores riscos de queda nesta idade. A queda no idoso é um desafio para os médicos e cuidadores, já que é a principal causa de morte acidental na população com mais de 65 anos. 

Com o envelhecimento, o controlo postural é posto em causa levando a alterações que podem ir desde a instabilidade até as quedas, as quais constituem um problema de saúde pública, de grande impacto social, enfrentado por todos os países em que ocorre um expressivo envelhecimento populacional.

A queda se trata de um evento não intencional de deslocamento do corpo durante um movimento executado que é incapaz de ser corrigido. É um problema sério de saúde pública e de relevante impacto social na vida dos idosos, relacionando as conseqüências desse evento à perda de confiança, baixa autoestima, isolamento social e depressão.

Segundo Tinetti mais de um terço dos idosos caem todos os anos e, em 50% destes casos, as quedas são recorrentes. Ainda segundo o mesmo autor, as quedas representam 10% das idas ao Serviço de Urgência e destas, 6% são motivo de internamento. Alguns estudos evidenciam que entre 40 a 60% das quedas provocam algum tipo de lesão, sendo 30 a 50% de gravidade menor, 5 a 6% de gravidade maior e ainda 5 % de fraturas.

Quem sofre uma queda apresenta um maior risco para voltar a cair no ano seguinte de 60 a 70%.  Além disso, uma percentagem elevada dos idosos que caem e que sofrem lesões apresentará redução da mobilidade, da independência e aumento do risco de morte.

É o mais freqüente e sério problema de acidente doméstico registrado em idosos que pode resultar em hospitalização, dependência de locomoção e até a morte. Uma parcela de 30% dos idosos acima de 65 anos sofrem quedas pelo menos uma vez por ano e metade já moram em asilos ou casas de repouso, sendo mais freqüente em mulheres que homens e os riscos aumentam consideravelmente em idosos acima de 75 anos.

Existem diversas circunstâncias que podem favorecer a queda, estão relacionadas às condições do ambiente que vivem, sedentarismo, as doenças relacionadas ao envelhecimento, comprometimento da acuidade visual e ou até mesmo aos medicamentos de uso contínuo utilizados pelo paciente, algumas patologias podem comprometer a integridade muscular e óssea do idoso, como artrose, osteoporose e labirintite, que resultam em perda do equilíbrio e fraqueza muscular e articular, além de doenças cardíacas e neurológicas que predispõem o idoso à queda.

Após sofrerem uma queda os idosos apresentam dificuldades em realizar atividades diárias como levantar da cama, tomar banho, caminhar fora de casa, realizar compras e subir escadas. Além da restrição de atividades as principais conseqüências de uma queda em idosos são o risco de fraturas, imobilidade, prejuízos psicológicos, redução na qualidade de vida e maiores chances de ser acomodado em instituições. Algo que vai além das conseqüências de uma queda é que a maioria dos idosos pode sofrer mais ainda com o trauma produzido por ela e, conseqüentemente, o maior medo de cair novamente e necessitar de hospitalização ou de perder sua autonomia.

Os fatores de risco que mais se associam às quedas são: idade avançada (80 anos e mais); sexo feminino; história prévia de quedas; imobilidade; baixa aptidão física; fraqueza muscular de membros inferiores; fraqueza do aperto de mão; equilíbrio diminuído; marcha lenta com passos curtos; dano cognitivo; doença de Parkinson; sedativos, hipnóticos, ansiolíticos e polifarmácia, atividades e comportamentos de risco e ambientes inseguros aumentam a probabilidade de cair, pois levam as pessoas a escorregar, tropeçar, errar o passo, pisar em falso, trombar, criando, assim, desafios ao equilíbrio.

 Os riscos dependem da freqüência de exposição ao ambiente inseguro e do estado funcional do idoso, idosos que usam escada regularmente têm menor risco de cair que idosos que a usam esporadicamente, por outro lado, quanto mais vulnerável e mais frágil o idoso, mais suscetível aos riscos ambientais, mesmo mínimos. O grau de risco, aqui, depende muito da capacidade funcional, pequenas dobras de tapete ou fios no chão de um ambiente são um problema importante para idosos com andar arrastado, manobras posturais e ambientais, facilmente realizadas e superadas por idosos saudáveis, associam-se fortemente a quedas naqueles portadores de alterações do equilíbrio e da marcha, idosos fragilizados caem durante atividades rotineiras, aparentemente sem risco (deambulação, transferência), geralmente dentro de casa, num ambiente familiar e bem conhecido.

"PREVINA QUEDAS"

Iluminação: ambientes mal iluminados favorece a ocorrência de quedas.
Arquitetura: casas mal planejadas aumentam o risco de quedas.
Móveis: disposição inadequada atrapalha a locomoção e quando instáveis não servem como       apoio.
Espaço: oferecem risco os objetos escorregadios espalhados pela casa.
Cores: ambiente muito escuro aumenta a chance de quedas.

Faça exames oftalmológicos e físicos anualmente, em específico para detectar a existência de problemas cardíacos e de pressão arterial.

Mantenha em sua dieta uma ingestão adequada de Cálcio e vitamina D, Tome banhos de sol diariamente.

Participe de programas de atividade física que vise o desenvolvimento de agilidade, força, equilíbrio, coordenação e ganho de força do quadríceps e mobilidade do tornozelo.

Elimine de sua casa tudo aquilo que possa provocar escorregões e instale suportes corrimão e outros acessórios de segurança.

Use sapatos com sola antiderrapante, amarre o cadarço do seu calçado, substitua os chinelos que estão deformados ou estão muito frouxos, use uma calçadeira ou sente-se para colocar seu sapato, evite sapatos altos e com sola lisa, nunca ande só de meias.

Evite ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.

Mantenha uma lista atualizada de todos os medicamentos que está tomando ou que costuma tomar, e as dê para os médicos com quem faz consulta.

Informe-se com o seu médico sobre os efeitos colaterais dos remédios que você está tomando e de seu consumo em excesso, certifique-se de que todos os medicamentos estejam claramente rotulados e guardados em um local adequado (que respeite as instruções de armazenamento), tome os medicamentos nos horários corretos e da forma que foi receitada pelo médico, na maioria dos casos, acompanhados com um copo d'água.

Fadiga muscular e confusão mental aumentam o risco de quedas.

Mulheres que não conseguem encontrar sapatos esportivos suficientemente largos para o formato do seu pé devem comprar na seção masculina, pois estes sapatos têm fôrmas maiores.
Estatísticas indicam que 60% das quedas em idosos acontecem dentro de casa, ao subir escadas, escorregões em superfícies muito lisas e tropeços, entre outras situações. 

Coloque uma lâmpada, um telefone e uma lanterna perto de sua cama.

Durma em uma cama na qual você consiga subir e descer facilmente (cerca de 60 a 65 cm). Substitua os lençóis e o acolchoado por produtos feitos por materiais não escorregadios, como por exemplo, algodão e lã.

Os armários devem ter portas leves e maçanetas grandes para facilitar a abertura, assim como iluminação interna para facilitar a localização dos pertences dentro do seu armário, arrume as roupas em lugares de fácil acesso, de preferência evitando os locais mais altos.

Instale algum tipo de iluminação ao longo do caminho da sua cama ao banheiro.

Não deixe o chão do seu quarto bagunçado, organize os móveis de maneira que você tenha um caminho livre para passar sem ter que ficar desviando muito.
Mantenha as mesas de centro, porta revistas, descansos de pé e plantas fora da zona de tráfego.
Instale interruptores de luz na entrada das dependências de maneira que você não tenha que andar no escuro até que consiga ligar a luz, interruptores que brilham no escuro podem servir de auxílio.

Ande somente em corredores, escadas e salas bem iluminadas, não acumule ou deixe caixas próximas do caminho da porta ou do corredor, deixe sempre o caminho livre de obstáculos.

Mantenha fios de telefone, elétricos e de ampliação fora das áreas de trânsito, mas nunca           debaixo de tapetes, não deixe extensões cruzarem o caminho.

Reorganize a distribuição dos móveis.

Coloquem nas áreas livres tapetes com as duas faces adesivas ou com a parte de baixo não deslizante.

Não sente em uma cadeira ou sofá muito baixo, porque o grau de dificuldade exigido para se levantar é maior, sendo que estes devem ser confortáveis e com braços.

Na cozinha remova os tapetes que promovem escorregões, limpe imediatamente qualquer líquido, gordura ou comida que tenham sido derrubados no chão, armazene a comida, a louça e demais acessórios culinários em locais de fácil alcance, as estantes devem estar bem presas à parede e ao chão para permitir o apoio do idoso quando necessário, não suba em cadeiras ou caixas para alcançar os armários que estão no alto, no piso utilize ceras que após a aplicação não deixem seu piso escorregadio, a bancada da pia deve ter de 80 a 90 cm do chão para permitir uma posição mais confortável ao se trabalhar. 

Na escada não deixe malas, caixas ou qualquer tipo de bagunça nos degraus, interruptores de luz devem estar instalados tanto na parte inferior quanto na parte superior da escada, outra opção é instalar detectores de movimento que fornecerão iluminação automaticamente, a iluminação deverá permitir a visualização desde o princípio da escada até o seu fim, assim como as áreas de desembarque, mantenha uma lanterna guardada em algum lugar próximo em caso de apagão, remova os tapetes que estejam no início ou fim da escada, carpete fixo na escada: selecione um carpete que tenha uma cor sólida (sem desenhos ou muitas formas) através do qual seja possível visualizar claramente as bordas dos degraus, coloque tiras adesivas antiderrapantes em cada borda dos degraus, instale corrimãos por toda a extensão da escada e em ambos os lados. Eles devem estar em uma altura de 76 cm acima da escada, repare imediatamente as áreas em que o carpete esteja desgastado (principalmente as bordas dos degraus).

No banheiro coloque um tapete antiderrapante ao lado da banheira ou do Box para sua segurança na entrada e saída, instale na parede da banheira ou do Box um suporte para sabonete líquido, instale barras de apoio nas paredes do seu banheiro, duchas móveis são mais adequadas, mantenha algum tipo de iluminação durante as noites, use dentro da banheira ou no chão do Box tiras antiderrapantes, substitua as paredes de vidro do Box por um material não deslizante, ao tomar banho, utilize uma cadeira de plástico firme com cerca de 40 cm, caso não consiga se abaixar até o chão ou se sinta instável.

Sei que muito do que descrevo aqui é difícil de ser colocado em prática, por outro lado são dicas baseadas em estudos realizados para que se evite a queda de idosos e com esse apanhado de cuidados possa estar diminuindo os riscos e todas as conseqüências que trazem esse problema através de quedas inesperadas para toda família.

(*) O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista. Crefito-3/243875-f - Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia. Dúvidas e Sugestões: paulinhok10@hotmail.com / Facebook Paulinho Rogério Gianlorenço.

 Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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