quinta, 28 de março de 2024
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QUALIDADE DE VIDA: Dor - entenda sobre este mal e trate o mais breve possível

22 Nov 2017 - 03h12Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
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Olá meu nome é Paulo Rogério Gianlorenço, sou fisioterapeuta e em meu consultório deparo com inúmeros casos de dores pelo corpo e como colunista do São Carlos Agora, a quem sou muito agradecido, nesta seção levamos informações sobre assuntos relacionados à nossa saúde e qualidade de vida. Nesta coluna semanal estarei levando informações sobre dores.

A IASP (Associação Internacional para o Estudo da Dor) define dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal dano.

Desde 2001, ano em que foi concebido o Plano Nacional de Luta Contra a Dor, que existem ou estão a ser criadas Unidades de Dor em hospitais de todo o país. O controlo eficaz da dor é um direito dos doentes que dela padecem um dever dos profissionais de saúde e um passo fundamental na efetiva humanização das unidades de saúde.

É importante a distinção entre os dois tipos básicos de dor, que são a dor aguda e a dor crônica, pois a sua fisiopatologia causa e tratamento são diferentes, enquanto a dor aguda pode ser geralmente, considerada como um sintoma de doença ou lesão, a dor crônica e recorrente é um problema de saúde específico, uma doença por direito próprio.

Habitualmente distingue-se a dor aguda da dor crônica, porque esta última inicia-se de maneira lenta e persiste mais do que seis meses. Em contraste com a dor aguda, a dor crônica foi desprovida da sua função protetora e de alerta e torna-se uma doença em si mesma.

dor tem muitas faces, pode ser pulsátil, contínua, cortante, difusa e até perfurante. A diferenciação destas formas diversas de manifestação é crucial para o tratamento, pois providencia pistas acerca da causa da dor e do local onde tem origem. É por essa razão que a dor também é dividida em subtipos de dor. Ou seja, pode ser classificada como dor nociceptiva, neuropática e psicossomática com base na sua causa e local de origem. Antes de poder ser realizado um diagnóstico, todas as causas orgânicas, isto é, todas as causas fisicamente detectáveis, devem ser primeiramente excluídas. Para o doente, isto significa freqüentemente um percurso longo e frustrante até ao diagnóstico correto e, assim, um longo percurso até ao tratamento da dor.

DOR AGUDA

É uma dor que surge após uma lesão, é auto limitada e desaparece com a lesão. Uma dor aguda pode ser considerada como benéfica por constituir um alerta. Associa-se a uma resposta ao stress, com elevação da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, midríase e frequentemente a uma contração muscular local. Quando uma dor aguda não é tratada conduz a uma resposta hormonal com alterações metabólicas e circulatórias, manifestando-se taquipnéia, taquicardia, alargamento da pressão de pulso e aumento da atividade do sistema nervoso simpático (SNS), conduzindo ainda à libertação de corticosteróides e à alteração da resposta imunológica. Esta dor é freqüentemente agravadas pela ansiedade que gera e por espasmos musculares reflexos secundários. Há recomendações para que as dores agudas sejam tratadas energicamente. A dor aguda é a resposta fisiológica normal e previsível a um estímulo prejudicial (nocivo), pode ser claramente localizada e a sua intensidade correlaciona-se com o estímulo. Em contraste com a dor crônica, é de duração limitada e diminui com o fim da lesão ou com a cura, a dor aguda tem uma função protetora e de alerta, indica que existem lesões e previne lesões adicionais, pois desencadeia reações de excitação.

DOR CRÔNICA

A Direção Geral de Saúde define dor crónica como uma dor prolongada no tempo, normalmente com difícil identificação temporal e/ou causal, que causa sofrimento, podendo manifestar-se com várias características e gerar diversos estádios patológicos.

Esta dor pode ser neuropática, nociceptiva, psicossomática (psicológica) e idiopática. É uma dor destrutiva, degrada a qualidade de vida do doente, altera as suas capacidades funcionais, afeta o bem-estar psicológico e espiritual, as relações interpessoais, promove o afastamento social, perturba o sono, altera o apetite, ocasiona depressão e perturbações psicomotoras. A dor crônica pode ser maligna ou não maligna e pode ser contínua ou intermitente.

Para estes doentes, a dor significa uma deficiência física, social e psicológica.
- Dois terços dos doentes com dor têm menor capacidade ou são incapazes de dormir.
- Cerca de 60 por cento dos doentes com dor crônica têm menor capacidade ou são     incapazes de trabalhar fora das suas casas;
- A um em cada cinco doentes com dor crônica foi diagnosticada depressão em conseqüência da sua dor;
- Até 50 por cento dos doentes com dor crônica referiram uma capacidade reduzida para manter relacionamentos familiares e relações sexuais.

Além do impacto na qualidade de vida dos doentes, a dor crônica é também um fardo financeiro substancial para a sociedade, uma vez que constitui uma das formas de sofrimento de mais elevado custo nos países industrializados. Em toda a Europa, a dor crônica representa aproximadamente 500 milhões de dias de trabalho perdidos em cada ano, custando à economia européia cerca de 30 mil milhões de euros. Um em cada 5 doentes com dor crônica perdeu um emprego em conseqüência da sua dor.

DOR NOCICEPTIVA

A dor provocada por uma lesão ou dano tecidular é classificada como dor nociceptiva. Os receptores conhecidos como nociceptores são ativados neste processo. Os nociceptores são "sensores da dor" que detectam estímulos da dor e transmitem-nos ao sistema nervoso central.

Sensação de dor que emana da pele, músculos, articulações, ossos ou tecido conjuntivo é classificado como dor somática. É de natureza cortante e, habitualmente, fácil de localizar. Se a dor tem origem nos órgãos internos, como no caso de ataque biliar ou apendicite, é conhecida como dor visceral. A dor visceral é freqüentemente vaga, contínua e bastante difícil de localizar.

DOR NEUROPÁTICA

Em contraste com a dor nociceptiva, a dor neuropática não é provocada por dano tecidular, mas por lesão ou perturbação funcional no próprio nervo. A dor é descrita como queimadura, cortante e tipo choque elétrico. Os fatores que provocam a dor neuropática incluem perturbações metabólicas como a diabetes ou doenças infecciosas como a zona.

DOR PSICOSSOMÁTICA

Esta forma de dor não é baseada em causas orgânicas. A dor psicossomática é provocada por problemas psicológicos. Mas isto pode ser difícil de detectar.

DOR IDIOPÁTICA

Utiliza-se o termo "dor idiopática" para indicar que se desconhece a causa; o médico não encontra provas que sugiram uma doença nem uma causa psicológica.

DOR MISTA

Uma combinação de ambos os sintomas de dor neuropática e nociceptivos.

DOR VISCERAL

Maçante, difusa, mal definida.

CONTINUE SE MOVIMENTANDO

Você deve pensar que é melhor descansar neste período. Mas ser ativo é uma boa idéia. Você se tornará mais forte e se movimentará melhor. A chave é saber o que é OK para você fazer para se tornar mais forte e desafiar seu corpo, sem fazer muito quando for cedo demais.

Seu médico pode te ajudar com as mudanças. Por exemplo, se você costumava correr e suas juntas não conseguem neste momento porque você tem uma condição crônica como osteoartrite, você pode ser capaz de trocar por algo como andar de bicicleta ou nadar.

FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL

Leve sua recuperação a outro nível com estes tratamentos. Em fisioterapia, você focará nos exatos músculos que você precisa fortalecer alongar e recuperar da lesão. Seu médico pode recomendar também a "terapia ocupacional", que foca em tarefas específicas, como subir e descer escadas, abrir uma jarra, ou entrar e sair de um carro, com menos dor.

ACONSELHAMENTO

Se a dor te derrubar, levante-se. Um conselheiro pode te ajudar a se sentir você mesmo novamente. Você pode falar sobre qualquer coisa, estabelecer metas e ser apoiado. Mesmo em poucas sessões é uma boa idéia. Procure por um terapeuta que faça "Terapia Cognitiva Comportamental", onde você aprende formas de pensar para se apoiar enquanto busca soluções.

MASSAGEM TERAPÊUTICA

Não é uma cura, mas pode ajudar a se sentir melhor temporariamente e aliviar tensões nos seus músculos. Pergunte ao seu médico ou terapeuta físico para recomendar a massagem terapêutica. Na sua primeira consulta informe qual é a dor que você sente. E avise se a massagem estiver muito intensa.

RELAXAMENTO

Meditação e respirações profundas são duas técnicas a se tentar. Você pode também imaginar uma cena de paz, fazer um alongamento gentil, ou ouvir músicas que você gosta. Outra técnica é explorar seu corpo vagarosamente na sua mente, e conscientemente tentar relaxar cada parte do seu corpo, uma a uma, da cabeça ao dedo do pé. Qualquer atividade de saúde que te ajude a relaxar é boa e pode ajudar a se sentir melhor preparado para lidar com a dor.

Considerar tratamentos complementares assim como acupuntura, biofeedback e manipulação espinhal. Na acupuntura, um praticante treinado delicadamente insere agulhas muito finas em certos lugares na sua pele para estimular a liberação de hormônios e neurotransmissores analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares, não dói. Biofeedback treina você a controlar como seu corpo responde a dor. Numa sessão, você irá usar eletrodos presos em uma máquina que acompanha seu batimento cardíaco, respiração, e temperatura da pele, para que você possa ver resultados.

Apesar de não existir produtos que tiram completamente a dor, existem algumas coisas que você e seu médico podem considerar.

TENS E ULTRASSOM

Neuroestimulação elétrica transcutânea, ou TENS, utiliza um aparelho para enviar uma corrente elétrica para a pele sobre a área de dor.

Ultrassom envia ondas sonoras para os lugares que doem. Os dois podem oferecer alívio por bloquear as mensagens de dor para o cérebro.

Seu médico irá considerar o que está causando dor, por quanto tempo isso dura, qual é a intensidade e quais medicamentos podem ajudar. Eles podem recomendar um ou mais dos seguintes medicamentos:

Podem ser incluídos analgésicos sem necessidade de prescrição, como paracetamol, dipirona, aspirina, ibuprofeno, ou naproxeno. Ou você pode precisar de medicações mais fortes que precisam de prescrições como esteróides, morfina, codeína ou anestesia.

Alguns são pílulas ou tabletes. Outros são doses. Há também sprays e loções para aplicar na pele. Outras drogas, como relaxantes musculares e alguns antidepressivos, são também usadas para dor. Algumas pessoas podem precisar de drogas anestésicas para bloquear a dor.

Pergunte a seu médico como tomar seus medicamentos, qual é o alívio esperado e quais são os efeitos colaterais.

(*) O Autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia. Dúvidas e Sugestões: paulinhok10@hotmail.com / Facebook Paulinho Rogério Gianlorenço.

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