quinta, 25 de abril de 2024
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QUALIDADE DE VIDA: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

17 Jan 2018 - 02h10Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

A DPOC é uma doença crônica intimamente ligada ao tabagismo, que pode se agravar sem o tratamento adequado, comprometendo significativamente a qualidade de vida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a DPOC será a terceira principal causa de morte em 2020.

É comum as pessoas acharem que a DPOC é uma doença de pessoas idosas e, por isso, não se preocuparem com ela. Na verdade, a doença atinge principalmente pessoas com mais de 40 anos, podendo inclusive ser identificada em pessoas mais jovens.

Os pacientes com DPOC grave têm falta de ar com a maioria das atividades e são internados no hospital com muita freqüência. Ente as possíveis complicações da doença estão o desenvolvimento de arritmias, necessidade de máquina de respiração e oxigenoterapia, insuficiência cardíaca no lado direito ou cor pulmonale (inchaço do coração ou insuficiência cardíaca devido à doença pulmonar crônica), pneumonia, pneumotórax, perda de peso ou desnutrição grave e osteoporose.

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) refere-se a um grupo de doenças pulmonares que bloqueiam o fluxo de ar, tornando a respiração difícil. Só no Brasil, cerca de cinco milhões de pessoas sofrem com o problema.

 É uma doença lenta, que freqüentemente se inicia com discreta falta de ar associada a esforços como subir escadas, andar depressa ou praticar atividades esportivas, no entanto, com o passar do tempo, a falta de ar (dispnéia) se torna mais intensa e surge depois de esforços cada vez menores, nas fases mais avançadas, a falta de ar está presente mesmo com o doente em repouso e agrava-se muito diante das atividades mais corriqueiras. O quadro é perigoso porque, além do potencial para interromper a respiração de vez, diminui a circulação de oxigênio no sangue e dispara substâncias inflamatórias pelo corpo todo, o risco de infarto e AVC dobra, os portadores podem ainda sofrer com fraqueza muscular, raciocínio prejudicado e até ficarem mais sujeitos à depressão.

Existem duas formas principais de DPOC. A maioria das pessoas com DPOC tem uma combinação dessas condições:

Bronquite crônica, que envolve tosse prolongada com muco.

A bronquite crônica deixa os brônquios inflamados, e por isso eles passam a produzir mais muco. Isso pode bloquear as ramificações mais estreitas, causando a dificuldade na respiração. Além disso, seu organismo desenvolve a tosse crônica, na tentativa de limpar suas vias respiratórias.

Enfisema, que envolve a destruição dos pulmões ao longo do tempo.

 O enfisema, parte do quadro de DPOC, provoca a destruição das paredes frágeis e fibras elásticas dos alvéolos. Isso ocasiona um pequeno colapso das vias aéreas quando você expira, prejudicando o fluxo de ar para fora de seus pulmões.

Quando você respira, entra ar nos seus pulmões através de dois grandes tubos, chamados brônquios, dentro de seus pulmões, estes tubos criam diversas ramificações, como uma árvore, que terminam em aglomerados de pequenos sacos de ar (alvéolos), os sacos de ar têm paredes muito finas cheias de pequenos vasos sanguíneos, chamados capilares, o oxigênio do ar que você inala passa para estes vasos sanguíneos e entra na corrente sanguínea, ao mesmo tempo, o dióxido de carbono - um gás que é produzido durante esse processo - é exalado.

Seus pulmões contam com a elasticidade natural dos brônquios e sacos aéreos para forçar o ar para fora do seu corpo - por isso seu peito infla na inspiração e desincha da expiração. A DPOC faz com que eles percam essa elasticidade, o que deixa um pouco de ar preso em seus pulmões quando você expira.

Sinais e sintomas: Tosse, Pigarro, Falta de ar e fadiga, Catarro em excesso, Chiado no peito, Aperto no peito, Ter que limpar a garganta logo no início da manhã, devido ao excesso de muco nos pulmões, Tosse crônica que produz expectoração, o muco pode ser claro, branco, amarelo ou esverdeado, Lábios ou camas de unha azulada (cianose), Infecções respiratórias freqüentes, Falta de energia, Perda de peso não intencional (em fases mais avançadas).

Fatores de risco: Tabagismo, Histórico familiar, Inalação constante de gases, como fumaça de lenha e produtos tóxicos.

Pessoas com DPOC também são propensas a experimentar episódios chamados de exacerbações, durante o qual os sintomas se tornam piores e persistem por dias. No período da manhã, por exemplo, o paciente com DPOC tem grande dificuldade, precisando de mais tempo que outras pessoas para começar o seu dia, ações como trocar uma roupa, escovar dentes e andar de um cômodo para o outro viram um desafio diário.

Porém, o diagnóstico na fase inicial da doença é extremamente importante para impedir seu avanço e o comprometimento maior das funções pulmonares, além de garantir a maior eficácia do tratamento, estudos revelam que a deterioração da doença é mais rápida nas fases iniciais, assim sendo, a intervenção precoce se faz ainda mais importante e necessária. No entanto, a maioria dos doentes é diagnosticada já numa fase moderada ou grave, depois de um primeiro episódio de agravamento da doença ou quando surgem queixas de cansaço fácil e de dificuldade respiratória.

O diagnóstico da DPOC é feito baseado as alterações identificadas no exame físico, aliado às alterações referidas pelo paciente, o diagnóstico deve ser confirmado por alguns exames:

espirometria ou prova de função pulmonar é um exame que avaliamos os volumes e fluxos de ar que entram e saem do pulmão. Utiliza-se um aparelho no qual a pessoa assopra em um bocal, chamado espirômetro, e avalia-se o fluxo e a quantidade de ar que sai dos pulmões. Se o resultado indicar alguma alteração, outros exames serão necessários para confirmar um diagnóstico de DPOC.

gasometria arterial mede o pH e os níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue de uma artéria. Esse exame é utilizado para verificar se os seus pulmões são capazes de mover o oxigênio dos brônquios para o sangue e remover o dióxido de carbono do sangue.

A radiografia de tórax pode mostrar enfisema, uma das principais causas da DPOC. Um raio-X também pode descartar outros problemas pulmonares ou insuficiência cardíaca, confirmando o diagnóstico de DPOC, a tomografia computadorizada dos pulmões pode ajudar a detectar enfisema e a determinar se você pode se beneficiar de uma cirurgia para a DPOC, tomografia computadorizada também pode ser usada para detectar o câncer de pulmão, que é comum entre pessoas com DPOC.

A doença não tem cura, mas uma série de medidas a mantém sob controle e, na medida do possível, devolve um pouco da função pulmonar. Os medicamentos broncodilatadores, que melhoram a respiração, são os mais usados, mas anti-inflamatórios também podem acabam prescritos em alguns casos.

Quando a concentração de oxigênio no sangue está muito baixa, o indivíduo precisa fazer terapia para suplementar o fôlego. Fora isso, deve estar sempre atento às chamadas exacerbações agudas, picos de piora da doença que podem levar à insuficiência respiratória se não tratados imediatamente.

Infecções respiratórias disparam as crises e agravam o quadro, por isso o médico geralmente recomenda a vacinação contra a gripe todos os anos. As atividades físicas também são importantes no tratamento, uma vez que problemas em fibras musculares são comuns em quem tem a doença, além de fortalecer a musculatura, o exercício ainda combate a inflamação nos pulmões típicas do quadro.

O prejuízo da funcionalidade é demonstrado na redução das atividades físicas, que repercutem nas atividades da vida diária, assim como nas internações por agravamento do quadro respiratório.

 A fisioterapia pulmonar tem sido bem-estabelecida e, cada vez mais, recomendada aos pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Os elementos-chaves para o tratamento incluem uma abordagem multidisciplinar, sendo que os pacientes que mais procuram atendimento fisioterápico são os que apresentam sintomas respiratórios.

A intervenção da fisioterapia respiratória deve ser precoce, pois isto minimiza os efeitos deletérios da obstrução brônquica, promovendo melhora da ventilação pulmonar e da funcionalidade do paciente, beneficiando também sua qualidade de vida. Nos programas de fisioterapia em pacientes com DPOC, a duração da reabilitação pulmonar, as estratégias de manutenção pós-reabilitação, a intensidade de treino de exercício aeróbico, o treinamento muscular inspiratório, as orientações comportamentais e o apoio psicológico fazem parte de um conjunto de atenções necessárias ao sucesso terapêutico no qual o fisioterapeuta participa diretamente.

Ao contrário de algumas doenças, a DPOC tem uma causa clara e um caminho claro de prevenção, a maioria dos casos está diretamente relacionada ao tabagismo, e a melhor maneira de prevenir a DPOC é nunca fumar ou parar de fumar. A exposição ocupacional a vapores químicos e poeira é outro fator de risco para a DPOC, se você trabalha com este tipo de irritante para o pulmão, converse com seu supervisor sobre as melhores maneiras de se proteger, como o uso de equipamentos de proteção respiratória.

(*) O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia. Dúvidas e Sugestões: paulinhok10@hotmail.com / Facebook Paulinho Rogério Gianlorenço.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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