sexta, 29 de março de 2024
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QUALIDADE DE VIDA: Atenção ao Cuidador (nossos idosos merecem e precisam desse profissional)

24 Jan 2018 - 02h56Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
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Cuidador, sujeito social, não reconhecido na sociedade e no contexto social dos serviços de saúde por meios de direitos legais, desse modo, desprovido de atenção que forneça suporte ao papel que lhe é responsabilizado, ou seja, prestar cuidado de modo ininterrupto a pessoa com incapacidade. Esta condição tem resultado no desgaste físico-psico-emocional, o que torna a ação do cuidado muitas vezes penalizante. "Cuidador é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exercício das suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde e demais serviços requeridos no cotidiano - como a ida a bancos ou farmácias -, excluídas as técnicas ou procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas, particularmente na área da enfermagem".

O Programa de Saúde da Família (PSF), que deu origem à Estratégia de Saúde da Família, é uma proposta que reafirma os princípios de universalização, descentralização, integralidade e participação da comunidade e tem como principal objetivo criar condições favoráveis para mudança do modelo tradicional da prática assistencial centrada na doença e na hospitalização, desde a atenção básica em saúde. É uma estratégia assistencial e de organização de serviços nesse nível de atenção com foco no cuidado à família e na ação sobre os determinantes de saúde de uma dada população (AMENDOLA, 2007). O atual perfil demográfico e epidemiológico brasileiro, caracterizado pelo envelhecimento populacional e aumento da incidência de doenças crônico-degenerativas, evidencia o aparecimento de grupos populacionais com limitações nas atividades cotidianas e maiores necessidades de cuidados à saúde. A família, enquanto principal responsável pela formação pessoal e social dos indivíduos assume a função de cuidado diante de tais situações e seu papel torna-se particularmente relevante durante períodos transitórios ou permanentes de menor capacidade física e/ ou psíquica de seus membros (ALMEIDA, 2005). Nesse contexto surge a figura do cuidador, pessoa que presta cuidados fundamentais a alguém que apresente algum tipo de dependência, de forma parcial ou integral. Para Karsch (2003), o termo se refere a uma pessoa que chama para si a incumbência de apoiar a pessoa que vivencia um episódio mórbido ou ainda aquelas com alguma limitação (cognitiva, sensorial ou física) na realização de determinadas tarefas, desde a higiene pessoal até a administração financeira da família. O papel de cuidador pode ser informal, quando assumido por um membro da família ou da comunidade, e formal, quando assumido por um profissional com formação específica ou contratado. Nesta pesquisa foi considerado apenas o cuidador informal. Segundo o Guia Prático do Cuidador, do Ministério da Saúde (2008), o papel do cuidador ultrapassa o simples acompanhamento das atividades diárias dos indivíduos e, na maioria dos casos, essa pessoa não possui preparo adequado ou suporte para lidar com tais cuidados, além disso, as atividades prestadas somam-se a outras cotidianas.

O cuidador tem um importante papel de ligação entre a equipe de saúde e a pessoa cuidada, executando tarefas recomendadas. Entretanto, mais que isso, como membro da família, o cuidador é usuário do serviço de saúde e também requer atenção específica, inclusive de caráter preventivo. A esse respeito, Araújo et al. (2009) apontam que o foco de atenção na prática profissional, na maioria das vezes, é o indivíduo doente, cabendo ao cuidador uma posição mais à margem dos acontecimentos. Recentemente, no Brasil, a atenção básica em saúde conta com os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), com os objetivos de ampliar a abrangência e escopo das ações da Atenção Básica (Brasil, 2008) e apoiar a inserção da ESF na rede de serviços. Dessa forma, os NASF´s devem atuar de modo integrado à rede de serviços do território, onde é implantado, para complementar e compartilhar as práticas das Equipes de Saúde da Família, por meio de uma equipe multiprofissional. Considerando tais atribuições, um dos profissionais que adquire relevância na equipe é o terapeuta ocupacional. Sua prática pode envolver o conhecimento e contato direto com a dinâmica da família, propondo intervenções que influenciem nos processos saúde/doença de seus membros e da comunidade e, assim, auxiliar os cuidadores a lidarem com a sobrecarga emocional e ocupacional gerada pelo cuidado oferecido. Considerando tais aspectos, cuidar de quem cuida "passa a ser então um problema real e uma função no papel dos profissionais de saúde, principalmente aqueles vinculados à Atenção Primária a Saúde" (ALMEIDA, 2005).

O cuidado: Cuidado significa atenção, precaução, cautela, dedicação, carinho, encargo e responsabilidade. Cuidar é servir, é oferecer ao outro, em forma de serviço, o resultado de seus talentos, preparo e escolhas; é praticar o cuidado. Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é, e como se mostra, seus gestos e falas, sua dor e limitação. Percebendo isso, o cuidador tem condições de prestar o cuidado de forma individualizada, a partir de suas idéias, conhecimentos e criatividade, levando em consideração as particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada. Esse cuidado deve ir além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento físico decorrente de uma doença ou limitação, há que se levarem em conta as questões emocionais, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa a ser cuidada.

Quem é o cuidador:  Cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço de amor à humanidade, de solidariedade e de doação. A ocupação de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações - CBO sob o código 5162, que define o cuidador como alguém que "cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida". É a pessoa, da família ou da comunidade, que presta cuidados à outra pessoa de qualquer idade, que esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas ou mentais, com ou sem remuneração. Nesta perspectiva mais ampla do cuidado, o papel do cuidador ultrapassa o simples acompanhamento das atividades diárias dos indivíduos, sejam eles saudáveis enfermos e/ ou acamados, em situação de risco ou fragilidade, seja nos domicílios e/ou em qualquer tipo de instituições na qual necessite de atenção ou cuidado diário. A função do cuidador é acompanhar e auxiliar a pessoa a se cuidar, fazendo pela pessoa somente as atividades que ela não consiga fazer sozinha. Ressaltando sempre que não fazem parte da rotina do cuidador técnicas e procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas, particularmente, na área de enfermagem. Cabe ressaltar que nem sempre se pode escolher ser cuidador, principalmente quando a pessoa cuidada é um familiar ou amigo. É fundamental termos a compreensão de se tratar de tarefa nobre, porém complexa, permeada por sentimentos diversos e contraditórios.

Tarefas que fazem parte da rotina do cuidador:

  • Atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde, Escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada, Ajudar nos cuidados de higiene, Estimular e ajudar na alimentação, Ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e exercícios físicos, Estimular atividades de lazer e ocupacionais, Realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto, Administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde, Comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa cuidada, Outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da qualidade de vida e recuperação da saúde dessa pessoa.

O cuidador e a pessoa cuidada:  O ato de cuidar é complexo. O cuidador e a pessoa a ser cuidada podem apresentar sentimentos diversos e contraditórios, tais como: raiva, culpa medo, angústia, confusão, cansaço, estresse, tristeza, nervosismo, irritação, choro, medo da morte e da invalidez. Esses sentimentos podem aparecer juntos na mesma pessoa, o que é bastante normal nessa situação. Por isso precisam ser compreendidos, pois fazem parte da relação do cuidador com a pessoa cuidada. É importante que o cuidador perceba as reações e os sentimentos que afloram, para que possa cuidar da pessoa da melhor maneira possível. O cuidador deve compreender que a pessoa cuidada tem reações e comportamentos que podem dificultar o cuidado prestado, como quando o cuidador vai alimentar a pessoa e essa se nega a comer ou não quer tomar banho. É importante que o cuidador reconheça as dificuldades em prestar o cuidado quando a pessoa cuidada não se disponibiliza para o cuidado e trabalhe seus sentimentos de frustação sem culpar-se. O estresse pessoal e emocional do cuidador imediato é enorme. Esse cuidador necessita manter sua integridade física e emocional para planejar maneiras de convivência. Entender os próprios sentimentos e aceitá-los, como um processo normal de crescimento psicológico, talvez seja o primeiro passo para a manutenção de uma boa qualidade de vida. É importante que o cuidador, a família e a pessoa a ser cuidada façam alguns acordos de modo a garantir certa independência tanto a quem cuida como para quem é cuidado. Por isso, o cuidador e a família devem reconhecer quais as atividades que a pessoa cuidada pode fazer e quais as decisões que ela pode tomar sem prejudicar os cuidados. Incentive-a a cuidar de si e de suas coisas. Negociar é a chave para se ter uma relação de qualidade entre o cuidador, a pessoa cuidada e sua família. O "não", "não quero" ou "não posso", pode indicar várias coisas, como por exemplo: não quero ou não gosto de como isso é feito, ou agora não quero, vamos deixar para depois? O cuidador precisa ir aprendendo a entender o que essas respostas significam e quando se sentir impotente ou desanimado, diante de uma resposta negativa, é bom conversar com a pessoa, com a família, com a equipe de saúde. Também é importante conversar com outros cuidadores para trocar experiências e buscar alternativas para resolver essas questões. Procure se informar sobre grupos de cuidadores. É importante tratar a pessoa a ser cuidada de acordo com sua idade. Os adultos e idosos não gostam quando os tratam como crianças. Mesmo doente ou com limitações, a pessoa a ser cuidada precisa e tem direito de saber o que está acontecendo ao seu redor e de ser incluída nas conversas. Por isso é importante que a família e o cuidador continuem compartilhando os momentos de suas vidas, demonstrem o quanto a estimam, falem de suas emoções e sobre as atividades que fazem, mas acima de tudo, é muito importante escutar e valorizar o que a pessoa fala. Cada pessoa tem uma história que lhe é particular e intransferível, e que deve ser respeitada e valorizada. Muitas vezes, a pessoa cuidada parece estar dormindo, mas pode estar ouvindo o que falam a seu redor. Por isso, é fundamental respeitar a dignidade da pessoa cuidada e não discutir em sua presença, fatos relacionados com ela, agindo como se ela não 10 entendesse, não existisse, ou não estivesse presente. Isso vale tanto para o cuidador e família como para os amigos e profissionais de saúde. Encoraje o riso. O bom humor é uma boa maneira de contornar confusões e mal entendidos.

O cuidador e a equipe de saúde: O cuidador é a pessoa designada pela família para o cuidado do idoso, quando isto for requerido. Esta pessoa, geralmente leiga, assume funções para as quais, na grande maioria das vezes, não está preparada. É importante que a equipe tenha sensibilidade ao lidar com os cuidadores. No livro "Você não está sozinho" produzido pela ABRAz, Nori Graham, Chairman da ADI - Alzheimer Disease International, diz: "uma das maneiras mais importantes de ajudar as pessoa é oferecer informação. As pessoas que possuem informações, estão mais bem preparadas para controlar a situação em que se encontram". O ato de cuidar não caracteriza o cuidador como um profissional de saúde, portanto o cuidador não deve executar procedimentos técnicos que sejam de competência dos profissionais de saúde, tais como: aplicações de injeção no músculo ou na veia, curativos complexos, instalação de soro e colocação de sondas, etc. As atividades que o cuidador vai realizar devem ser planejadas junto aos profissionais de saúde e com os familiares. Nesse planejamento deve ficar claro para todos as atividades que o cuidador pode e deve desempenhar. É bom escrever as rotinas e quem se responsabiliza pelas tarefas. É importante que a equipe deixe claro ao cuidador que procedimentos ele não pode e não deve fazer, quando chamar os profissionais de saúde, como reconhecer sinais e sintomas de perigo. As ações serão planejadas e executadas de acordo com as necessidades da pessoa a ser cuidada e dos conhecimentos e disponibilidade do cuidador. A parceria entre os profissionais e os cuidadores deverá possibilitar a sistematização das tarefas a serem realizadas no próprio domicílio, privilegiando-se aquelas relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de incapacidades e à manutenção da capacidade funcional da pessoa cuidada e do seu cuidador, evitando-se assim, na medida do possível, hospitalização, asilamentos e outras formas de segregação e isolamento.

O cuidador e a família: A carência das instituições sociais no amparo às pessoas que precisam de cuidados faz com que a responsabilidade máxima recaia sobre a família e, mesmo assim, é geralmente sobre um elemento da família. A doença ou a limitação física em uma pessoa provoca mudanças na vida dos outros membros da família, que têm que fazer alterações nas funções ou no papel de cada um dentro da família, tais como: a filha que passa a cuidar da mãe; a esposa que além de todas as tarefas agora cuida do marido acamado; o marido que tem que assumir as 11 tarefas domésticas e o cuidado com os filhos, porque a esposa se encontra incapacitada; o irmão que precisa cuidar de outro irmão. Todas essas mudanças podem gerar insegurança e desentendimentos, por isso é importante que a família, o cuidador e a equipe de saúde conversem e planejem as ações do cuidado domiciliar. Com a finalidade de evitar o estresse, o cansaço e permitir que o cuidador tenha tempo de se autocuidar, é importante que haja a participação de outras pessoas para a realização do cuidado. A pessoa com limitação física e financeira é a que mais sofre, tendo que depender da ajuda de outras pessoas, em geral familiares, fazendo com que seu poder de decisão fique reduzido, dificultando o desenvolvimento de outros vínculos com o meio social. Para oferecer uma vida mais satisfatória, é necessário o trabalho em conjunto entre o Estado, a comunidade e a família. A implementação de modalidades alternativas de assistência como hospital-dia, centro de convivência, reabilitação ambulatorial, serviços de enfermagem domiciliar, fornecimento de refeições e auxílio técnico e financeiro para adaptações arquitetônicas, reduziria significativamente a demanda por instituições de longa permanência, as famílias teriam um melhor apoio e a pessoa a ser cuidada seria mantida em casa convivendo com seus familiares, mantendo os laços afetivos.

Cuidando do cuidador:  A tarefa de cuidar de alguém geralmente se soma às outras atividades do dia-a-dia. O cuidador fica sobrecarregado, pois muitas vezes assume sozinho a responsabilidade pelos cuidados, soma-se a isso, ainda, o peso emocional da doença que incapacita e traz sofrimento a uma pessoa querida. Diante dessa situação é comum o cuidador passar por cansaço físico, depressão, abandono do trabalho, alterações na vida conjugal e familiar. A tensão e o cansaço sentidos pelo cuidador são prejudiciais não só a ele, mas também à família e à própria pessoa cuidada.

Algumas dicas podem ajudar a preservar a saúde e aliviar a tarefa do cuidador:

O cuidador deve contar com a ajuda de outras pessoas, como a ajuda da família, amigos ou vizinhos, definir dias e horários para cada um assumir parte dos cuidados. Essa parceria permite ao cuidador ter um tempo livre para se cuidar, se distrair e recuperar as energias gastas no ato de cuidar do outro; peça ajuda sempre que algo não estiver bem.

É fundamental que o cuidador reserve alguns momentos do seu dia para se cuidar, descansar, relaxar e praticar alguma atividade física e de lazer, tais como: caminhar, fazer ginástica, crochê, tricô, pinturas, desenhos, dançar, etc. O cuidador pode se exercitar e se distrair de diversas maneiras, como por exemplo:

 1. Enquanto assiste TV: movimente os dedos das mãos e dos pés, faça massagem nos pés com ajuda das mãos, rolinhos de madeira, bolinhas de borracha ou com os próprios pés.  2. Sempre que possível, aprenda uma atividade nova ou aprenda mais sobre algum assunto que lhe interessa.  3. Leia, participe de atividades de lazer em seu bairro, faça novos amigos e peça ajuda quando precisar.

Cuidados no domicílio para pessoas acamadas ou com limitações físicas:

A higiene corporal além de proporcionar conforto e bem-estar se constitui um fator importante para recuperação da saúde. O banho deve ser diário, no chuveiro, banheira ou na cama. Procure fazer do horário do banho um momento de relaxamento.

Algumas pessoas idosas, doentes ou com incapacidades podem, às vezes, se recusar a tomar banho. É preciso que o cuidador identifique as causas. Pode ser que a pessoa tenha dificuldade para locomover-se, tenha medo da água ou de cair, pode ainda estar deprimida, sentir dores, tonturas ou mesmo sentir-se envergonhada de ficar exposta à outra pessoa, especialmente se o cuidador for do sexo oposto. É preciso que o cuidador tenha muita sensibilidade para lidar com essas questões. Respeite os costumes da pessoa cuidada e lembre que confiança se conquista, com carinho, tempo e respeito.

Como proceder no banho de chuveiro com auxílio do cuidador:

Regule a temperatura da água,  Separe antecipadamente as roupas pessoais, Prepare o banheiro e coloque num lugar de fácil acesso os objetos necessários para o banho,  Mantenha fechadas portas e janelas para evitar as correntes de ar, Retire a roupa da pessoa ainda no quarto e a proteja com um roupão ou toalha, Evite olhar para o corpo despido da pessoa a fim de não constrangê-la.Coloque a pessoa no banho e não a deixe sozinha porque ela pode escorregar e cair, Estimule, oriente, supervisione e auxilie a pessoa cuidada a fazer sua higiene. Só faça aquilo que ela não é capaz de fazer, Após o banho, ajude a pessoa a se enxugar. Seque bem as partes íntimas, dobras de joelho, cotovelos, debaixo das mamas, axilas e entre os dedos, A higiene dos cabelos deve ser feita no mínimo três vezes por semana. Diariamente inspecione o couro cabeludo observando se há feridas, piolhos, coceira ou áreas de quedas de cabelo. Os cabelos curtos facilitam a higiene, mas lembre-se de consultar a pessoa antes de cortar seus cabelos, pois ela pode não concordar por questão religiosa ou por outro motivo. O banho de chuveiro pode ser feito com a pessoa sentada numa cadeira de plástico com apoio lateral colocada sobre tapete antiderrapante, ou em cadeiras próprias para banhos, disponíveis no comércio.

 Queda: As quedas são os acidentes que mais ocorrem com as pessoas idosas e fragilizadas por doenças, ocasionando fraturas principalmente no fêmur, costela, coluna, bacia e braço. Após uma queda é importante que a equipe de saúde avalie a pessoa e identifique a causa, buscando no ambiente os fatores que contribuíram para o acidente. Assim, podem ajudar a família a adotar medidas de prevenção e a tornar o ambiente mais seguro.

 Ao atender a pessoa que caiu, observe se existe alguma deformidade, dor intensa ou incapacidade de movimentação, que sugere fratura. No caso de suspeita de fratura, caso haja deformidade, não tente "colocar no lugar", procure não movimentar a pessoa cuidada e chame o serviço de emergência o mais rápido possível.

Reconhecendo o fim:

 Diante da possibilidade de morte de alguém querido a família ou o cuidador passa pelo sentimento de incapacidade e isso gera sentimentos contraditórios, tais como raiva, culpa alívio, etc. A raiva é um sentimento que aparece quando se percebe que não se pode mudar o rumo das coisas e prolongar a vida. A culpa está relacionada com o sentimento de não ter cuidado mais e melhor. Por outro lado, a morte de alguém que está sofrendo pode representar um alívio para a família e para o cuidador. Esses são sentimentos comuns e normais nessa situação, dificilmente são reconhecidos ou aceitos. É preciso que o cuidador e os familiares reconheçam seus limites e entendam que mesmo que esteja fazendo tudo o que é necessário para o bem-estar da pessoa, pode ser que ela não recupere a saúde. Ao longo da vida passa-se por várias situações: algumas coisas são perdidas e outras ganhas, tais como: ao crescer se perde a infância e se ganha à adolescência, ao mudar de casa ou de trabalho se pode ganhar mais espaço, ou melhor, salário, mas se perde o lugar que gostava ou se deixam os amigos, ao terminar um relacionamento amoroso e iniciar outro, os sentimentos também são contraditórios. Se sente tristeza pela perda do amor antigo, apesar de estar feliz com novo amor. Todas essas situações podem parecer insuportáveis e insuperáveis. Esse momento de sofrimento pela perda de alguém é mais bem suportado quando se tem com quem partilhar, pois esconder os sentimentos, chorar escondido, negar a perda não torna o sofrimento mais suportável.

Nessas horas cada pessoa tem seu jeito de procurar consolo para seu sofrimento como, por exemplo, rezar, mudar de ambiente, pensar sobre a vida, conversar sobre a situação, reencontrar velhas amizades, cuidar de si mesmo e reorganizar a vida.

Legislação importante:

 • Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741/03).

 • Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990).

 • Política Nacional de Saúde para Pessoa Idosa ( Portaria nº 2.528/06).

  • Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842/94; Decreto nº 1.942/96).
  • Legislação do Conselho Nacional de Direitos dos Idosos (Decreto nº 5.109/04).

 • Lei de Acessibilidade (Lei nº 10.098/00; Decreto nº 5.296/04).

 • Política Nacional para integração da pessoa portadora de deficiência (Lei nº 7853/89; Decreto nº 3298/99)

Órgãos de Direitos:

  • Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos - CNDI.
  • Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente - CONANDA.

 • Conselho Nacional de Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE.

 • Coordenadoria para Integração da Pessoa com Deficiência - CORDE

Rede de apoio social:

  • Instituições não-governamentais - ONGs como: Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Criança, Associação de Bairro, entre outros.
  • Igrejas que realizam trabalhos específicos, inclusive aquelas que prestam serviços no domicílio com ajuda para o banho, curativo e emprestam cadeiras de rodas, muletas etc.

 • Centros de Referência, casas-lares, instituições de longa permanência (ILPI), hospital-dia, centros de convivência, centros de reabilitação, centros-dia, entre outros. Recomendações de endereços eletrônicos:

Referências:

______. Ministério da Previdência e Assistência Social. Secretaria de Assistência Social. Idosos: problemas e cuidados básicos. Brasília, 1999.

______. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 269, de 13 de dezembro de 2006. Aprova a norma operacional básica de recursos humanos do Sistema Único de Assistência Social - NOBRH/SUAS. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 26 dez. 2006.

 ______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social - PNAS/2004 e Norma Operacional Básica - NOB/SUAS. Brasília, 2004.

 ______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Cartilha do BPC. Brasília, 2006.

______. Secretaria Municipal de Saúde. Manual para cuidadores informais de Idosos: guia prático. Disponível em: Acesso em: 8 abr. 2005.

DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Saúde. Subsecretaria de Atenção à Saúde. Gerência da Saúde da Comunidade. Núcleo de Atenção Integral à Saúde do Idoso. Manual de atenção ao idoso da rede da SES-DF. Brasília, 2006.

Ministério da Saúde - www.saude.gov.br

Ministério da Previdência Social - www.previdenciasocial.gov.br

Ministério da Educação - www.mec.gov.br

(*) O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia. Atua em São Carlos. Dúvidas e Sugestões: paulinhok10@hotmail.com / Facebook Paulinho Rogério Gianlorenço.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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