sexta, 19 de abril de 2024
Direito Sistêmico

Qual o grande desafio do advogado sistêmico?

22 Fev 2019 - 06h50Por (*) Dra. Rafaela C. de Souza
Qual o grande desafio do advogado sistêmico? -

Conversando com uma colega de profissão sobre um tema de palestra para advogados, nos deparamos com o grande desafio dessa nova advocacia de não estarmos no lugar errado, ou seja, como o sistêmico é algo que advém do campo da psicologia/filosofia/terapia, pode acabar muitas vezes confundindo quem não conhece profundamente a aplicação das Constelações Familiares no Direito.

O advogado, promotor de Justiça ou Juiz de Direito que são capacitados para aplicação da técnica das constelações no Direito, em nenhum momento estão autorizados à aplicarem processos terapêuticos com essa ferramenta colocada a disposição das partes para olharem mais a fundo na causa familiar dos seus conflitos jurídicos. Diferentemente o profissional que é Psicólogo ou Terapeuta, que tem como formação profissional a capacitação para atuar nesse processo de terapia.

Dessa forma, assim como o computador, a internet, os programas eletrônicos são uma ferramenta de auxílio ao advogado e às partes, não sendo autorizado nenhum outro tipo de intervenção sem a formação profissional devida.

O advogado para ter uma atuação profissional em consonância com sua missão de vida, é importante que ele se permita verificar em qual campo ele realmente tem força de atuação, além de escolher a área, por exemplo, família, penal, ambiental, e outras, reforço que o “Campo” seja, o seu lugar de força, no combate ou não.

O conflito parece pressupor o combate das partes, ou seja, A versus B, e vence qual for a verdade mediante sentença do Juiz, mas o conflito jurídico sobre o prisma do Direito Sistêmico, tem a sua grande função no sentido de possibilitar o reconhecimento pelas partes das suas responsabilidade e a razão do mesmos em suas vidas, e a partir dessa nova perspectiva, assumem um novo lugar nesse “embate”, podendo até mesmo deixar de existir, pois a razão que fazia o mesmo ter força também não esteja mais ali.

Trata-se de algo realmente inovador e grandioso, atualmente no Brasil, vários Estados Brasileiros já possuem no Judiciário projetos de Direito Sistêmico, em andamento justamente no sentido de possibilitar esse primeiro contato com as partes com esse novo olhar para o processo judicial.

Também não significa que Direito Sistêmico seja somente aplicável em situações de acordos, pode ser até mesmo que seja necessário o conflito e a sentença judicial, pois cada situação é de uma forma, mas abertura dessa nova porta à todos os envolvidos, seja no escritório de advocacia ou no Judiciário, um grande avanço para todos e para a sociedade, em consonância com as novas diretrizes do Conselho Nacional de Justiça e do Código de Processo Civil, que buscam novas alternativas para soluções de conflitos, em prol de uma cultura de paz.

Mas ainda essa possibilidade é algo em crescimento, ao longo dos anos, mesmo havendo já “robôs” que podem fazer petições iniciais, que podem ainda mais aumentar o número de ações no Judiciário, esse novo olhar para o Direito permitirá a tomada de consciência para a real necessidade de existência ou não do mesmo.

(*) A autora é advogada sistêmica, Presidente da Comissão de Direito Sistêmico e da OAB Concilia de São Carlos-SP, formada pela primeira Turma do Curso de Gestão da Advocacia Sistêmica de São Paulo/SP.  

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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