sábado, 20 de abril de 2024
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Paralisia do sono

24 Jun 2019 - 07h00Por (*) Bianca Gianlorenço
Paralisia do sono -

A paralisia do sono trata-se de um distúrbio do sono no qual a pessoa fica incapaz de realizar qualquer movimento voluntário.

A paralisia do sono acontece quando a atividade cerebral e corporal se descoordenam e é então que a consciência é recuperada antes da mobilidade corporal. Isso é a paralisia do sono: quando o cérebro acorda antes do corpo.

Isso significa que se algum dia você experimentar um episódio de paralisia do sono, por um curto período de tempo você ficará em um estado de consciência entre o sono e a vigília, e só será capaz de ver o que acontece ao seu redor, mas ficará incapaz de executar praticamente qualquer ação física. Portanto, não conseguirá se movimentar, muito menos pedir ajuda, e isso é apavorante.

A paralisia do sono não afeta as funções vitais como a respiração e os batimentos cardíacos, uma vez que estes movimentos são involuntários, mas ela traz consigo uma sensação tão desconfortável que gera uma ansiedade enorme. Além disso, é comum ter a sensação de asfixia ou dificuldade para respirar, mas isso é apenas uma consequência de não poder controlar conscientemente os músculos, e não há riscos de que você realmente pare de respirar.

A paralisia do sono pode ocorrer junto a outros fatores de natureza subjetiva: alucinações, sensação estranha de estar se observando, se sentir ameaçado, etc.

Como a paralisia do sono é um fenômeno do despertar incompleto da pessoa, que surge das transições entre o chamado “estado de sono” e de “vigília”, ela faz parte do grupo das parasomnias, de acordo com a Classificação Internacional de Transtornos do Sono, que afeta um a cada 1.000 habitantes. 

Parasomnias é o grupo de desordens do sono que são caracterizadas pelo movimento incomum no momento em que uma pessoa se encontra entre as fases diferentes de sono ou acordar.

A pessoa que se encontra sob a paralisia do sono está cognitivamente acordada, porém, ela experimenta sensações e emoções de paralisação de grande parte da musculatura voluntária, menos dos olhos e do diafragma. Também pode ocorrer a paralisia da laringe, na qual a pessoa se vê impossibilitada de falar.

Em geral, a paralisia do sono ocorre devido a uma falta de coordenação entre algumas áreas do cérebro e do sistema nervoso, que são responsáveis pelo envio dos comandos aos músculos controlados voluntariamente. Isto significa que mesmo que você recupere a consciência e esteja acordado, seus músculos ainda não estarão “ligados” ao cérebro, porque você continua no estado inerte que ocorre durante o sono REM.

Durante o sono REM, os músculos são “desligados” do que está acontecendo em nossa consciência, e isso é muito útil para que o nosso corpo não se movimente conforme o que experienciamos em um sonho. No entanto, essa utilidade desaparece durante a paralisia do sono, pois o mecanismo responsável pela separação entre os músculos e a consciência se volta contra nós. Felizmente, isso ocorre por apenas alguns segundos, mas isso não significa que não seja aterrorizante.

As causas desse distúrbios são várias, podem estar associadas a outras doenças, há o fator genético e o estilo de vida também influencia.

Tratamento:

O médico deverá fazer uma análise e ver se a paralisia não está associada a outras doenças.

Caso a paralisia do sono se manifeste como um sintoma isolado, não haverá maiores problemas.

Uma das formas que podem ajudar durante o tratamento da paralisia do sono é a manutenção de horários para dormir, respeitando os turnos.

Dormir pelo menos 7 horas, evitando exercer atividades noturnas estimulantes, como trabalho, jantar, uso de aparelhos eletrônicos e exercícios físicos. No momento da paralisia, a pessoa deverá manter a calma, já que não ocorrerá nenhum outro tipo de perigo e a sensação angustiante passará sem maiores consequências.

Em relação aos fármacos, como os antidepressivos e calmantes, existem medicamentos que são usados para tratar a paralisia do sono. No entanto, devem ser tomados somente sob prescrição médica, até por que, a própria utilização desses remédios podem dar lugar à paralisia do sono, em casos de interrupção.

Não existem danos físicos conhecidos que a paralisia do sono possa causar. Como a duração deste fenômeno costuma ser breve, não implica no prejuízo de nenhum tecido muscular nem problemas nas funções vitais, como a respiração e o sistema cardiovascular, por exemplo.

Mas, para quem está sob o efeito angustiante, não exclui as sensações extremamente desagradáveis que podem influenciar negativamente o seu dia a dia. Apesar dessas sensações desagradáveis, de asfixia e paralisação momentânea do corpo, bem como de estados alucinatórios, deve-se compreender que se trata de uma fase de transição entre o sono e a vigília, mas sem muitos perigos.

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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