quinta, 25 de abril de 2024
Artigo Rui Sintra

Pandemia - A coisa também fede em terras de Sua Majestade

28 Mai 2021 - 08h24Por (*) Rui Sintra
Pandemia - A coisa também fede em terras de Sua Majestade -

Não... Não é só no Brasil que a desgraça e o luto se abateram sobre a população. Dos efeitos da pandemia propriamente dita, às inúmeras ações desastrosas permitidas e praticadas pelo três poderes da Nação, bem como por alguns estados e muitos municípios, transformaram nosso País numa grande vala comum onde repousam agora os restos mortais de perto de 445 mil pessoas. Isso é fato consumado. Contudo, não podemos apenas olhar para o nosso próprio umbigo, para a nossa particular situação; há que levantar nosso olhar um pouco mais além e enxergar, com clareza, que o desnorte causado pela pandemia não foi só aqui. Países mais desenvolvidos, poderosos e ricos que o Brasil também construiram suas valas comuns e não foram - nem são - imunes a estrondosos erros na gestão da pandemia, colocando seus cidadãos em um verdadeiro cadafalso. Só para falar do “Velho Continente”: Alemanha, Itália, França, Espanha e Portugal, foram alguns dos países que andaram “perdidos” no meio de uma pandemia que, acima de tudo, trouxe com ela um lote de informações cruzadas - nem sempre verídicas, uma confusão latente nos serviços de saúde pública e, até mesmo, uma falta de resposta e de ação concretas da OMS, que mostrou uma grande fragilidade e uma impotência em face a uma catástrofe global. Nem as “terras de Sua Majestade” escaparam ao inferno da Covid-19, mostrando que, lá como cá e como em todo o mundo, a pandemia passou a ser um vírus político e não um caso de saúde pública (perdoem meu raciocínio).

De fato, o Reino Unido foi duramente atingido pela pandemia, tendo perecido mais de 128 mil pessoas, sendo que, em determinado período, o país teve a maior taxa de mortalidade Covid-19 da Europa. Recentemente, Dominic Cummings, um ex-assessor do primeiro-ministro Boris Johnson e homem forte na proposta do “Brexit”, criticou o líder britânico por ter interpretado o vírus, no início da pandemia, como "apenas uma história assustadora" - isto em em fevereiro de 2020 -, tendo saído de férias por duas semanas enquanto a pandemia estava começando, além de ter sido responsável por atrasar as decisões de bloqueio. Assim, Boris Johnson é acusado de ter contribuído para a morte de dezenas de milhares de britânicos, que poderiam ter sido evitadas. Segundo o jornal “The Washington Post”, Cummings também confirmou perante dois comitês parlamentares que investigam a forma como o governo está lidando com a pandemia, que o primeiro ministro britânico, ao declarar um segundo bloqueio nacional, em outubro de 2020, disse que preferia ver "corpos empilhados" do que entrar em um terceiro lockdown. Por outro lado - saliente-se -, Cummings, enquanto assessor do premiê britânico, também é responsável, em 2020, por um verdadeiro desmoronamento da confiança pública no governo, ao ser acusado de violar as regras rígidas de bloqueio quando fez uma viagem familiar de 260 milhas através do país, (de Londres a Durham), enquanto ele e sua esposa tinham Covid-19.

No melhor pano cai a nódoa.

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