quinta, 25 de abril de 2024
Direito Sistêmico

Pais e Filhos!

19 Abr 2019 - 06h30Por (*) Dra. Rafaela C. de Souza
Pais e Filhos! -

Ao ler sobre pais e filhos esse tema pode nos remeter ao Direito de Infância e Juventude e bem como ao Direito de Família, temas esses que abordados de forma que inclua as ordens sistêmicas desenvolvidas pelo alemão “Bert Hellinger” e introduzidas no Direito por meio da coragem de uma Juiz de Direito, Dr. Sami Storch, podemos verificar que os conflitos que antes de se tornarem jurídicos, são “familiares”.

Vejamos tudo que a escritora Daniela Migliari nos ensina acerca disso: “Os pais e seus tijolos: Os pais dão tudo que podem aos filhos - a vida, o amor possível e, também, transmitem o peso dos emaranhamentos sistêmicos familiares. É o gozo e o preço da vida chegar a este filho! Os filhos amam tanto os pais que, em nome desse amor infantil, numa tentativa cega de retribuir o presente da vida, recebem e tomam pesos dos pais para si.  Ainda que pequenos, os filhos se arrogam na ilusão de poder ocupar um lugar maior do que os próprios pais, para aliviá-los de seus fardos. Como tijolos, esses pesos são ora impostos, ora recebidos e ora tomados cegamente pelos filhos, em movimentos salvadores dos pais, com a seguinte frase de fundo: “Mamãe, papai, eu por vocês”. A mesma frase também pode ser dita a avós, tios e familiares excluídos do sistema. Saga evolutiva NATURAL, que leva os filhos a muitos desenvolvimentos, crescimentos e dores. Com o tempo e bastante autoconhecimento - que pode ser muito facilitado pelas constelações familiares - é possível reconhecer o destino da mãe e do pai como algo deles, que os tornam únicos, e cujas dores e delícias eles próprios dão conta de lidar por si mesmos. Assim, os filhos recolhem-se no lugar de filhos, menores do que os pais. Menores porque receberam a vida deles, e não porque têm menos valor. Neste lugar humilde, conseguem reconhecer a grandeza dos pais e, por consequência, deixam com eles - os grandes - os tijolos que lhes são próprios. Saem da arrogância de querer salvar alguém tão maior do que eles próprios, e ficam livres para gozar suas próprias vidas, agradecidos por este presente. Com seus próprios tijolos, os pais se sentem aliviados e INTEIROS. Assim, o que acontece? Ao respeitar o destino dos pais e deixá-lo com eles, então, o filho cresce. Um tanto mais liberado e consciente do que irá transmitir aos seus próprios filhos.”

A intenção é demonstrar como a o entendimento das ordens sistêmicas: ordem; pertencimento e hierarquia e a sua facilitação por meio de exercícios sistêmicos, pode trazer ordem para o conflito e um novo olhar para a situação, que muitas vezes, devidos os “emaranhamentos” que nos encontramos não nos permitem ir em busca de uma nova saída, a não ser o Conflito Jurídico.

Outra informação importante é que conflito não significa “confronto”, por isso, quando estou em conflito jurídico, mas busco a solução ao invés do “confronto”, posso sim estar aberto a novas formas de resolução dos mesmos, mas caso o sentimento maior seja “afrontar” essas alternativas não obterão resultados. Pois podemos observar onde reside o sentimento de confronto, se estiver em uma das partes, a outra não terá no êxito na tentativa de solução.

Mas quando estamos falando de filhos e situações familiares a possibilidade de olharmos para estas questões tão delicadas que podem interferir no futuro emocional e de toda a vida de uma criança, por exemplo, as técnicas desenvolvidas de comunicação não violenta, oficinas de pais e filhos, constelações familiares e outras,  oferecidas em algumas comarcas pelos próprios órgãos judiciários, são realmente ferramentas muito eficazes om resultados grandiosos, frutos até de prêmios pelo Conselho Nacional de Justiça.

Portanto, caso as partes estejam abertas para esse novo olhar para suas questões mais prioritárias, o Direito Sistêmico é uma complementação ao Direito Tradicional como forma de atingir a Justiça e propiciar a cultura de PAZ no Judiciário. 

A autora é advogada sistêmica, Presidente da Comissão de Direito Sistêmico e da OAB Concilia de São Carlos-SP, formada pela primeira Turma do Curso de Gestão da Advocacia Sistêmica de São Paulo/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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