sexta, 19 de abril de 2024
Qualidade de Vida

Osteopenia (perda precoce de densidade óssea)

22 Ago 2018 - 07h00Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Osteopenia (perda precoce de densidade óssea) -

A Osteopenia consiste na perda precoce de densidade óssea que torna os ossos mais fracos. Por isso, se não for tratada de forma adequada, a Osteopenia pode virar Osteosporose, que é um problema mais grave no qual os ossos estão muito fracos e podem partir com pequenas pancadas.

Isso acontece porque, sob a aparência de solidez e resistência, nossos ossos estão em permanente processo de renovação, eles se decompõem e reconstroem constantemente pela ação de três tipos de células: os osteoblastos, responsáveis pela reprodução da matriz óssea que entra na composição de todo o esqueleto; os osteócitos, células maduras que regulam a quantidade de minerais (especialmente de cálcio) no tecido ósseo e os osteoclastos, células gigantes que reabsorvem a massa óssea envelhecida para dar lugar a novas matrizes.

Geralmente, os minerais dos ossos, como o cálcio, vão aumentando até por volta dos 30 anos, porém, após essa idade os ossos vão se tornando cada vez mais fracos, sendo recomendado aumentar a ingestão de alimentos ricos em cálcio e vitamina D.

O pico de densidade mineral óssea ocorre na terceira década de vida. Depois de alguns anos de estabilidade, o equilíbrio entre produção e reabsorção de células ósseas e começa a ficar comprometido e os ossos se tornam mais fracos e porosos.

A Osteopenia se caracteriza por um desarranjo na microarquitetura do osso, levando a uma diminuição e fragilidade da densidade mineral óssea, surgi quando menos de 30% da massa óssea foi perdida. Não é dividida em graus ou subtipos, por isso, A classificação da Osteopenia é uma só, a densidade mineral óssea pode ser dividida em três diferentes graus: Osso normal, Osteopenia, Osteoporose.

Osteopenia não é uma doença, é uma condição pré-clínica que sugere a perda gradual de massa óssea que pode levar à Osteoporose, esta sim, uma doença, que compromete a resistência dos ossos e aumenta o risco de fraturas no fêmur, pulsos e coluna vertebral, levando a uma má qualidade de vida. A osteoporose é um grau mais avançado de perda de massa óssea em relação à Osteopenia, geralmente surge quando 30-40% da massa óssea já foi perdida. É uma doença mais grave, silenciosa e com potenciais riscos de fraturas.

A Osteopenia pode afetar mulheres e homens, são mais vulneráveis as mulheres com menopausa precoce ou na pós-menopausa, especialmente as brancas e as asiáticas, de baixo peso e estatura, que se ressentem da queda na produção do estrogênio, hormônio feminino que contribui para a absorção de cálcio e estabiliza o metabolismo ósseo.

Entre as causas da Osteopenia, é importante destacar o envelhecimento, que torna os ossos mais porosos e dificulta a absorção do cálcio, também fatores genéticos e hereditários, desnutrição, exposição insuficiente ao sol e sedentarismo. A Osteopenia pode ser ainda, a manifestação secundária de doenças em outros órgãos, como a tireóide, a paratireóide, o fígado e os rins.

O uso prolongado de alguns medicamentos (anticonvulsivantes, corticóides, hormônios tireoidianos), quimioterapia,  anorexia nervosaalcoolismo, cafeína e cigarro  podem influir negativamente na qualidade da formação óssea.

Nos homens, o problema se agrava depois dos 60, 70 anos, quando cai a produção de testosterona, o hormônio masculino.

A Osteopenia é uma condição absolutamente assintomática, não apresenta sintomas, os sintomas só aparecem quando os ossos estão seriamente comprometidos pela osteoporose, é uma doença silenciosa. Pode se apresentar com fratura, dependendo da propensão para baixa massa óssea de cada paciente.

Segundo critérios estabelecidos pela OMS, considera-se que a Osteopenia está instalada, quando a densidade mineral do osso gira entre menos 1% e menos 2,4%; portanto maior do que a perda fisiológica considerada normal para a faixa de idade.

Para saber se existe risco de desenvolver Osteopenia é aconselhado fazer um exame que avalia a densidade dos ossos, conhecido como Densitometria óssea, este exame é semelhante a um raio-X e, por isso, não provoca qualquer dor ou incômodo e a única preparação necessária consiste em evitar tomar suplementos de cálcio nas 24 horas anteriores.

Exames laboratoriais de sangue são úteis para avaliar possíveis causas secundárias da degeneração óssea, que exigem tratamento específico.

O tratamento para Osteopenia deve ser iniciado rapidamente para evitar o desenvolvimento de osteoporose, sendo importante alterar hábitos de vida como fazer atividade física regular e ingerir alimentos ricos em cálcio. 

É muito difícil reverter um quadro de osteopenia. Por isso, o objetivo maior é deter ou retardar a degradação do tecido ósseo que pode levar à osteoporose. O tratamento pode ser medicamentoso ou não medicamentoso.

O não medicamentoso consiste basicamente em adotar um estilo de vida saudável, o que inclui as seguintes medidas: optar por uma alimentação balanceada, rica em cálcio, (leite e seus derivados, por exemplo), vitamina D (ovo, salmão, atum, verduras de folhas escuras, grãos integrais e cereais) pode ser suficiente para repor os 1.000 mg diários de cálcio necessários para a saúde dos ossos.

Expor a pele ao sol, especialmente à dos braços e das pernas, sem passar protetor solar durante 10/15 minutos, no período da manhã ou no final da tarde, para garantir a síntese da vitamina D indispensável para a absorção intestinal de cálcio, praticar atividades físicas, se possível com algum impacto, durante 30 minutos, pelo menos cinco dias na semana, evitar o consumo excessivo de álcool e ficar longe do cigarro que prejudica muito a qualidade dos ossos e controlar a ingestão de cafeína, presente não só no café, mas também em vários tipos de chá, refrigerantes, chocolate e bebidas energéticas, porque interfere na absorção de cálcio pelo organismo.

O tratamento medicamentoso, em geral, é reservado para os quadros mais graves de Osteopenia e procura corrigir a deficiência de cálcio e vitamina D no organismo, o médico pode prescrever o uso de biofosfanatos, droga que têm demonstrado eficácia na preservação da densidade mineral óssea, e reposição hormonal, se não houver contra-indicações. Nenhum medicamento está livre de provocar efeitos colaterais indesejáveis e serem contra indicado em algumas situações, qualquer remédio, inclusive as suplementações de cálcio e vitamina D aparentemente inofensivas, só deve ser utilizado com prescrição e acompanhamento  médico.

O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia, atua em São Carlos.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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