quinta, 25 de abril de 2024
Direito Sistêmico

Os filhos fazem parte do divórcio?

13 Dez 2019 - 06h50Por (*) Dra. Rafaela Cadeu de Souza
Os filhos fazem parte do divórcio? -

O escritor Joan Garriga tem a seguinte frase: "O problema não é se divorciar. O problema é se divorciar achando que tem razão. O divórcio deveria ser um ato de rendição."

De acordo com o Juiz de Direito, Dr Sami Storch, todo relacionamento que tem seu fim, iniciou-se no “amor”, e alguns, tem como frutos, os filhos, então esse amor, permanece vivo e segue neles.

Realmente um divórcio pode ter muita dor, ressentimento, mágoas, raiva, elas emoções precisam ser enfrentadas com maturidade e responsabilidade diante dos filhos. Há consequências, muitas vezes, patrimoniais, sendo que com a dissolução, tudo pode ser alterado, o lar, a escola, a condição financeira, e como agir diante de tudo isso?

E a pergunta inicial, os filhos devem ser apartados desse divórcio? Como é lidar com o fim de um relacionamento de meses ou de anos e ainda conversar com a criança e informar quando ele tem já entendimento, sobre a possibilidade de estar separada de um dos pais? Realmente algo extremamente delicado, mas, com a aplicação da visão sistêmica no Direito, o profissional jurídico, pode auxiliar as partes, ou seja, os pais, a adotarem atitudes que preservam os sentimentos tanto deles mesmos quanto dos filhos, e assim, conduzirem o término da relação, que no Direito, se denomina “Divórcio”, de uma forma em que um consiga olhar para o outro, mesmo as vezes, diante de sentimentos mal resolvidos, com respeito.

A guarda compartilhada olha para os pais e também para as crianças, mas isso depende de uma atitude responsável de cada genitor. O que um fala do outro quando um não está presente para o filho, faz muita diferença. Pois imagine, se a mãe fala mal do pai para filha, e logo em seguida, a deixa na casa dele, porque a lei que determina assim, como fica essa criança? Confusa, com medo, o que ela sentirá por esse pai? Percebem, existe uma linha muita tênue, algo que faz toda diferença. Imagine uma audiência em que ao invés de apontarem falhas uns dos outros, sentimentos de indiferença, esses ex-cônjuges, consigam uma olhar para o outro e dizer: “Foi assim, você foi o melhor para mim” “daqui por diante faremos diferente” “Esse filho é nosso”, caso isso seja possível, a justiça já se fez, com certeza esses pais entenderão as necessidades dos filhos e cuidarão deles, mesmo separados no casamento.

Que nessa época, possamos olhar com mais cuidado para as relações, para as famílias e com isso as crianças terão seu lugar de criança, e estarão felizes mesmo com pais divorciados. Isso parece ser possível!

(*) A autora é Advogada Sistêmica, inscrita na OAB/SP 225.058 e Presidente da Comissão de Direito Sistêmico da 30ª Subseção de São Carlos.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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