sexta, 29 de março de 2024
Direito Sistêmico

O despertar de um novo direito

14 Dez 2018 - 06h00Por (*) Dra. Rafaela C. de Souza
O despertar de um novo direito -

A graduação em Direito e o exercício da advocacia considero realmente como uma missão e que favorece a evolução pessoal e profissional almejada, e acerca desse anseio pretendo escrever algumas breves linhas, somente para entendimento e elucidação de como o direito sistêmico culminou como algo profundamente transformador.  

Aprendi que as dificuldades ou os “difíceis” nos auxiliam nos aprimorar e fortalecer para alcançarmos nossos objetivos. Adentrar na faculdade foi um grande desafio inicial, o desejo era enorme, mas à ausência de recursos tanto materiais quanto emocionais, também assim se apresentavam, e o financiamento estudantil foi um grande aliado nesse processo. Depois de formada, sabia da necessidade de honrar esse compromisso, assim, enfrentei novamente os “difíceis” e obtive a oportunidade de exercer a advocacia pública durante dez anos, que permitiu grandes avanços. Mas em outra etapa profissional, quando decido ser autônoma e ter o próprio escritório começo a passar por outras necessidades e anseios, os quais fazem com quem realmente me esforce a encontrar o meu lugar, onde realmente pudesse sentir a força que me motivasse a sair de casa todos os dias de casa para trabalhar com um profundo sentimento de que estava no caminho correto.

Uma busca interna incessante de autoconhecimento e entendimento dos medos, crenças limitantes, e até da maturidade pessoal necessária para o salto quântico que desejava iniciou-se e não parou mais. Já conhecia terapias sistêmicas e isso sempre fez diferença na minha vida e aliar à profissão era algo realmente desafiante e inovador. No ano de 2017 cursei o primeiro “Curso de Gestão da Advocacia Sistêmica” e isso mudou literalmente toda atuação profissional, como se realmente estivesse encontrado a “Força” ou o “lugar” há tanto tempo que estava à procura. O escritório, as peças processuais, os clientes, o atendimento, o contrato de honorários, modificaram-se, o salto profissional finalmente apresentou-se e foi acolhedor.

Trata-se realmente de uma nova forma de exercício da advocacia, ou seja, mais humanizada porque somente por meio desta tenho agora o sentimento de pertencimento e de entendimento dessa profissão na minha vida e no meu sistema familiar, e de que o sucesso almejado dependia do caminhar em direção à “mãe”, uma procura desde a infância, e que de repente, somente através da aceitação desta que eu teria algo há muito tempo esperado. Esse sistema familiar foi quem me trouxe até o Direito, e novamente até a advocacia sistêmica, pois por meio dessa nova forma de exercer a advocacia, que compreendi as dificuldades adrede mencionadas, e que merecem um profundo sentimento de gratidão.

Quando saímos do estado de subsistência para algo em direção ao sentido de vida, nos transformamos, não estamos mais fazendo algo mecanicamente, estamos num estado de que entendimento de que fazemos parte de algo muito maior que nós, e que o sucesso, o dinheiro, são meramente consequências, porque nos conectamos com o sentido da vida bem como da existência, e isso nos permite inúmeras possibilidades.

Dessa forma, por meio de um breve relato a intenção é demonstrar quantas possibilidades e portas podem abrir ao profissional do Direito que por algumas vezes não está mais sentido pertencente ao sistema judiciário, e que até pensa em largar essa profissão, ou que está a exercendo de modo automático, sem muitas perspectivas, e afirmo, sim é possível, esse reencontro com a profissão e com o exercício da mesma de forma que faça sentido para ambas as partes, ou seja, o advogado e o cliente, pois estes se conectam e servem de instrumento de crescimento um ao outro, e podem juntos alicerçar a Justiça almejada por meio do aprimoramento e da implantação de ferramentas sistêmicas no atendimento jurídico.

(*) É advogada sistêmica, Presidente da Comissão de Direito Sistêmico e da OAB Concilia de São Carlos, formada pela primeira Turma do Curso de Gestão da Advocacia Sistêmica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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