sexta, 19 de abril de 2024
Artigo Rui Sintra

Na USP de São Carlos já se pensa nos pacientes Pós-Covid e na necessidade de tratamentos modernos para a reabilitação

04 Jun 2021 - 09h33Por (*) Rui Sintra
Na USP de São Carlos já se pensa nos pacientes Pós-Covid e na necessidade de tratamentos modernos para a reabilitação -

Ainda no meio da situação pandêmica causada pelo novo vírus SARS-Covid19, onde os desafios para poder acolher e tratar todos os contaminados são imensos, os cientistas já se deparam com outros desafios relacionados com o vírus, entre estes o tratamento dos pacientes pós-Covid.

Ao longo de mais de um ano inteiro de pânico e preocupação com a contaminação, todo o mundo já apercebeu que não se trata de uma “gripe“, onde em algumas semanas  pós-infecção as pessoas ficam zeradas, recomeçando suas vidas normalmente. No caso da COVID, tem ocorrido sequelas deixadas que podem se prolongar por muito tempo-, isto quando caso elas não assumem caráter permanente.

Os chamados “sobreviventes da COVID” estão sujeitos a diversos problemas de naturezas várias. Além disto, aqueles que precisam de internação também estão sujeitos aos efeitos de uma pós-hospitalização.

Começando por aqueles que são hospitalizados, a imobilização prolongada num leito, durante uma internação, causa escaras (profundas feridas causadas pela pressão do corpo na cama), uma enorme perda muscular com comprometimento motor, diminuição da capacidade respiratória, dores diversas e problemas de memória, dentre outros sintomas. Durante a hospitalização é necessário a realização de uma boa fisioterapia no leito, da melhor forma possível.  O nível desta fisioterapia dependerá da situação do paciente - se está totalmente sedado em uma UTI, ou se está num processo de hospitalização leve, ou de recuperação. Quando for uma hospitalização leve, o próprio paciente pode ajudar nos exercícios básicos, auxiliando a ação de um fisioterapeuta, mas, no outro caso, é necessário o uso de apoio externo com o auxílio de novas tecnologias disponíveis.

O uso da laser-terapia pode ajudar muito neste processo, pois após décadas de sucessivas experiências na chamada “reabilitação fotônica”, pode ajudar a dar um grande ganho ao paciente. Tratar o paciente enquanto hospitalizado já ajuda muito, evitando complicações no período de imobilização e mesmo nas consequências da doença. 

Para os pacientes que já venceram a hospitalização, ou que, por outro lado, nunca estiveram no hospital, em muitos casos há necessidade de se proceder a uma reabilitação intensa para evitar as sequelas. Apesar de ainda não se saber tudo o que pode ocorrer, as reclamações de quem teve Covid e não foi hospitalizado são constantes.

A laser-terapia já é bem estabelecida, aprovada  pelos diversos órgãos regulatórios: ANVISA no Brasil, FDA nos EUA e em praticamente todos os órgãos oficiais no mundo, e tem sido uma excepcional adição nos tratamentos onde se busca redução de dor devido a processos inflamatórios. Além disto, os efeitos da laser-terapia no tratamento dos edemas, aumento da regeneração tecidual, estimulo às funções neurológicas e regeneração, remineralizarão óssea, aumento da tolerância à dor com liberação de endorfinas e auxilio à circulação, são efeitos altamente desejados para a reabilitação dos pacientes Pós-Covid e que tenham sintomas diversos deixados pela doença. Em alguns países, já houve mesmo relatos do uso da laser-terapia para auxiliar a desinflamação pulmonar.

É bom salientar que muitos dos aparelhos de laser-terapia foram desenvolvidos aqui, em São Carlos, sendo que nesta cidade estão sediadas as melhores empresas deste ramo, sendo que é de certa forma natural que surjam iniciativas em produzir dispositivos e protocolos que auxiliem estas reabilitações dos pacientes.

Em uma das inúmeras conversas que tenho mantido com o Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, pesquisador do Instituto de Física da USP de São Carlos, que tem desenvolvido tecnologias reabilitadoras a laser, fui informado que ele irá promover, naquele Instituto, a formação de grupos de trabalho e parcerias com empresas com o intuito de acelerar tecnologias e protocolos que permitam tratar, de forma adequada, os pacientes acima mencionados.

Segundo Bagnato, “a tecnologia a laser permite acelerar processos regenerativos e auxiliar os pacientes pós-Covid, sendo nossa obrigação disponibilizar tudo isso, realizar ensaios clínicos com seriedade e disponibilizar estes equipamentos e protocolos para a sociedade. Temos que evitar os “achismos” e partir para os fatos, com base cientifica comprovada. Reuniões de grupos de trabalho e realização de ensaios terão seu inicio muito em breve, para que rapidamente todas as tecnologias desenvolvidas possam chegar a estes pacientes, com rapidez. Temos diversas tecnologias desenvolvidas com lasers, inclusive a combinação de laser com pressão negativa e com ação ultrassônica, que deverão ser essenciais no tratamento dos efeitos deixados pela Covid”.

Neste sentido, tenho já a confirmação que o Centro de Pesquisa em Ótica e Fotônica (Cepof), alocado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) vai organizar em breve o primeiro Workshop sobre terapias modernas para o pós-Covid.

Fiquemos, então, atentos a estas notícias.

(*) O autor é Jornalista profissional / Membro da GNS Press Association (Alemanha) / Correspondente internacional freelancer. MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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