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Insegurança no trabalho e a Saúde Mental

15 Jul 2019 - 07h00Por (*) Bianca Gianlorenço
Insegurança no trabalho e a Saúde Mental -

Nos últimos anos, muitos países têm sofrido uma recessão econômica, fruto dos altos e baixos do sistema econômico.

Um dos resultados mais frequentes é a insegurança no trabalho. A diminuição dos empregos fixos e o aumento dos contratos de meio período ou por hora, afetam a população ativa. Alguns são afetados pela falta de experiência, enquanto outros são discriminados por causa da sua idade.

Esta situação causa instabilidade na vida de muitas pessoas, impedindo, em muitos casos, o desenvolvimento profissional que desejam, ou atrasando a chegada dos filhos, da compra de uma casa ou de uma tão sonhada viagem. Na maioria dos casos, a frustração provocada pela insegurança no trabalho afeta a saúde, tanto física quanto psicológica.

A insegurança no trabalho pode ser causada por diferentes fatores. Os baixos salários, em muitos casos, impedem de atender as necessidades básicas, levando a situações de estresse toda vez que é necessário enfrentar um gasto em dinheiro. A relação entre o trabalho e os interesses do trabalhador também é um fator importante, já que aqueles que não trabalham no que estudaram consideram seu trabalho insatisfatório. Os contratos de baixa qualidade (curta duração, jornada de meio período ou até horários aleatórios) também afetam bastante a ansiedade do indivíduo.

ansiedade é o resultado da superexposição ao estresse ou de um número excessivo de expectativas negativas sobre o futuro. Isso se manifesta quando os níveis de cortisol no sangue aumentam significativamente de maneira mantida ao longo do tempo. Esta situação pode levar ao desenvolvimento de doenças, má qualidade do sono ou outros tipos de transtornos.

Por outro lado, o estresse pode ser uma consequência de más condições de segurança no local de trabalho. Os trabalhos relacionados à construção ainda apresentam uma alta taxa de mortalidade, o que causa estresse entre seus trabalhadores. Estes, em muitos casos, se sentem expostos a perigos que oscilam entre a carga de máquinas ou objetos pesados ??e a exposição a agentes químicos ou muito quentes. Também podemos encontrar perigos na estrutura dos edifícios, onde não há equipamentos de segurança. Ou também em minas, onde os trabalhadores estão expostos a gases tóxicos e falta de oxigênio.

Uma situação instável no emprego pode gerar depressão nos trabalhadores, e o impacto pode ser especialmente contundente naqueles mais velhos.

As mudanças ocorridas na estrutura do mercado de trabalho oprimem o trabalhador; oprimem a força que move o capitalismo. Ao permitir a continuidade do sofrimento hoje instaurado pelas empresas, estaremos diante da falência do homem enquanto ser social. A saúde psicossocial dos trabalhadores deve ser valorizada, protegida e preservada. A força produtiva não pode ter sua subjetividade sufocada pela organização empresarial.

 O trabalho saudável é meio de valorização do indivíduo, de subsistência, de realização pessoal, além de estimular a criatividade e o prazer.

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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