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Esquizofrenia

23 Dez 2019 - 07h00Por (*) Bianca Gianlorenço
Esquizofrenia -

A esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta 1% da população mundial e se manifesta, geralmente, entre os 15 e 35 anos.

Aos poucos, o indivíduo abandona as atividades rotineiras e se isola. Suas reações ficam estranhas e desajustadas, ele não esboça os sentimentos esperados diante de fatos tristes ou felizes, perde o contato com a realidade.

Embora a esquizofrenia não seja tão comum como outros transtornos mentais, os sintomas podem ser muito incapacitantes.

Tipos de Esquizofrenia

Os sintomas da esquizofrenia geralmente começam entre 15 e 35 anos. Em alguns casos raros, é possível que crianças também tenham. Os sintomas se dividem em três categorias: positiva, negativa e cognitiva.

Sintomas positivos da esquizofrenia

Trata-se de comportamentos psicóticos geralmente não observados em pessoas saudáveis. Pessoas com sintomas positivos podem “perder contato” com alguns aspectos da realidade. Os sintomas incluem:

  • Alucinações
  • Delírios
  • Pensamentos desordenados (modos de pensar incomuns ou disfuncionais)
  • Distúrbios do movimento (movimentos do corpo agitado)

Sintomas negativos da esquizofrenia

Estão associados a interrupções nas emoções e comportamentos normais. Os sintomas incluem:

  • Redução do afeto (expressão reduzida de emoções através da expressão facial ou tom de voz)
  • Reduzir os sentimentos de prazer na vida cotidiana
  • Dificuldade em iniciar e manter atividades
  • Redução de fala

Sintomas cognitivos

Para alguns pacientes, os sintomas cognitivos são sutis, mas para outros são mais graves e os pacientes podem perceber mudanças na memória ou outros aspectos do pensamento. Os sintomas incluem:

  • Baixo funcionamento intelectual (capacidade de entender informações e usá-la para tomar decisões)
  • Dificuldades para manter-se focado ou prestar atenção em atividades cotidianas

Os sinais da esquizofrenia são diferentes para todos. Os sintomas podem se desenvolver lentamente ao longo de meses ou anos, ou podem aparecer de forma abrupta. 

Comportamentos que são sinais precoces de esquizofrenia incluem:

  • Ouvir ou ver algo que não está lá;
  • Uma sensação constante de estar sendo observado;
  • Modo peculiar ou sem sentido de falar ou escrever;
  • Posicionamento corporal estranho;
  • Sentir-se indiferente a situações muito importantes;
  • Deterioração do desempenho acadêmico ou profissional;
  • Uma mudança na higiene pessoal e aparência;
  • Aumento da retirada de situações sociais e isolamento;
  • Resposta irracional, zangada ou com medo aos entes queridos;
  • Incapacidade de dormir ou se concentrar;
  • Aumento da retirada de situações sociais e isolamento;
  • Mudança na personalidade

O que causa esquizofrenia?

Ela é investigada há décadas, mas segue cheia de mistérios. Ainda não se sabe, por exemplo, o que acontece no cérebro desses sujeitos. Estudos apontam que ocorre algum defeito na produção ou na ação de um neurotransmissor chamado dopamina.

Na busca por explicações mais certeiras para a doença, algumas pesquisas foram vasculhar o DNA dos pacientes à procura de mutações genéticas. Não acharam nada que fosse significativo. Levantamentos até mostraram uma relação entre infecções ao longo da gestação ou traumas no parto a um maior risco de desenvolver a esquizofrenia. Mas nenhum desses achados é considerado decisivo na gênese do problema.

Tamanha falta de informação é um dos fatores que contribuem para um terrível atraso no diagnóstico. Há uma demora de sete anos entre os primeiros sinais e a detecção do transtorno.

Segundo a psicanalise, o fenômeno central da esquizofrenia é a cisão do Eu, em função do rompimento dos vínculos associativos, os quais, em condições normais, assegurariam um funcionamento unitário da personalidade. A cisão do Eu é apontada como um dos fenômenos primários da esquizofrenia, o qual provoca um rompimento de sua unidade e a tentativa de restituição dessa coesão perdida será manifesta através dos sintomas mais diretamente observáveis, a saber, alteração do fluxo do pensamento, a ambivalência afetiva, os delírios e as alucinações que buscam fazer frente à dissensão do eu.

Segundo Lacan (1955-1956), o desencadeamento da psicose (a esquizofrenia é um tipo de psicose para a psicanalise) está associado à constatação de que todo o saber que aquele sujeito até então possuía e utilizava para se sustentar dentro da ordem simbólica desaba após sofrer algum tipo de acometimento.

Tratamento

O tratamento é medicamentoso associado a psicoterapia.

O contato com o psicólogo é um pilar fundamental no controle e na recuperação da esquizofrenia. As sessões são indicadas para entender as emoções, ponderar os pensamentos e, principalmente, identificar os gatilhos que podem desencadear os surtos.

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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