Dizem por aí que o ano só começa após o feriado de Carnaval, momento em que a rotina é retomada com mais força e maior exigência de organização.
É o fim das férias, início das aulas escolares e demais cursos.
Planejamentos são feitos para os próximos meses e o trabalho laboral volta a seguir um fluxo e ritmo mais contínuo para a grande maioria das pessoas.
Mas isso não quer dizer que os velhos problemas do trabalho tenham ficado para trás!
- A rotina exaustiva;
- As cobranças dos superiores;
- As metas a serem atingidas;
- Reuniões fora de hora;
- Horários rígidos a cumprir;
- Relatórios a entregar;
- As relações profissionais;
- A falta de diálogo;
- Imposições;
- O pouco espaço para tomada de decisões e autonomia.
São apenas alguns dos fatores que podem levar uma pessoa a apresentar sintomas depressivos e estresse graves.
Não é por acaso que a OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta em seus estudos que até o ano de 2020 a Depressão será a 2ª maior causa de incapacidade e afastamentos do trabalho.
No ano de 2016 foram mais de 75 mil pessoas afastadas de suas funções laborais por causa da doença e somente 5% são reintegradas ao trabalho.
O Clima organizacional é um conceito que compreende:
- O campo da subjetividade e diz respeito à forma como os trabalhadores percebem o seu ambiente de trabalho;
- O clima e as relações mantidas entre seus pares e as chefias;
- A abertura ao diálogo e comunicação;
- A transparência nos processos;
- A confiança;
- Condições de trabalho.
Trata-se, portanto, de um “ambiente psicológico” capaz de gerar resultados positivos para a empresa, mas principalmente ao funcionário, que estando satisfeito, torna-se corresponsável pela imagem e desempenho organizacional.
O Trabalho/Emprego portanto, não se resume apenas na relação de cumprimento de ordens, horários e recebimento de salário, mas ele tem uma faceta muito mais profunda que é a .
Ele nos fala sobre Pertencimento a um grupo/classe, sobre a capacidade aquisitiva de uma pessoa, de quem somos (características pessoais/personalidade), habilidades e desenvolturas, os conhecimentos, capacidade de mudança e crescimento, aprendizagem, etc.
E nos permite ter responsabilidade, cumprir e fazer compromissos financeiros, usufruir de lazer, realizar desejos e sonhos, além de ser uma importante rede social.
Diariamente as pessoas ocupam seus postos de trabalho com tudo o que tem e são em termos psicológicos e emocionais:
- Com seus traumas e medos;
- Sonhos e desejos;
- Expectativas e frustrações;
- Preocupações financeiras;
- Preocupações familiares.
E por mais que haja a necessidade de fazer separação e manter o profissionalismo, em algum momento ou por algum gatilho, essas questões pessoais surgem e em confronto com o ambiente psicológico do trabalho (se não for positivo) podem resultar em Depressão.
Apesar de ser um transtorno recorrente (infelizmente) e bastante presente nas Organizações, ainda é comum que seja negligenciado e não reconhecido, levando o profissional a sofrer sozinho com seus questionamentos, chegando a ser visto como preguiçoso ou desinteressado.
Para manter o ambiente organizacional saudável as empresas precisam, promover mudanças em sua Gestão, elaborar um alinhamento contínuo entre as necessidades organizacionais e do trabalhador, proporcionar um ambiente psicologicamente mais leve e prazeroso, além de saudável, incluir programas de Qualidade de Vida, suporte Psicológico, incentivo ao crescimento intelectual e profissional, Promover espaços de diálogo e aceitação e instrumentos que possam identificar abusos psicológicos e emocionais sofrido nas relações de trabalho.
Toda e qualquer ação voltada para a prevenção do adoecimento psicológico nas Organizações se reverte em um grande investimento no capital humano e principalmente na Saúde do trabalhador, resultando na diminuição de afastamentos e absenteísmo, no aumento da satisfação de seus colaboradores, aumento da produtividade, e um retorno de até quatro vezes o valor do investimento inicial.
O funcionário passa a maior parte do tempo dentro da organização, se esse ambiente não for saudável, obviamente ele irá adoecer.
A questão da saúde metal é bem delicada quando pensamos no ambiente organizacional, dificilmente há um programa de avaliação psicológica nos processos de recrutamento e seleção, não tendo um perfil psicológico do funcionário que dividirá o mesmo ambiente que você. Apenas diante da entrevista, que é a ferramenta mais utilizada, é impossível identificar se tal funcionário é portador de uma doença mental, o que pode gerar tragédias, como o caso do segurança que ateou fogo em crianças.
Hoje há empresas especializadas nesse tipo de serviço!
Empregadores pensem nisso!!! Invistam em Saúde Mental!!!
(*) A autora é graduada em psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica. Sugestões: biagian@hotmail.com. Facebook: Bianca Gianlorenço.
Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.