sábado, 20 de abril de 2024
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Criança: Não é apenas sobre o ouvir, mas sobre o se conectar

11 Abr 2021 - 09h37Por Thálita Juliana Boni de Mendonça
Criança: Não é apenas sobre o ouvir, mas sobre o se conectar -

A aprendizagem e o desenvolvimento infantil estão diretamente ligados a emoção. Diz a neurociência, a qual é uma área que estuda o sistema nervoso, sua estrutura e suas funções, que quanto mais estímulos o cérebro recebe mais ele aprende. Mas, isso não é uma causa e consequência, ou seja, ensina logo se instrui. Na verdade, este processo depende de outros fatores e um deles é necessidade de envolver a afetividade, a emoção.

Ademais, os mecanismos que ocorrem no cérebro influenciam no comportamento do indivíduo. Assim, quando os estímulos são envoltos de afeição a conduta do sujeito será internalizar os conhecimentos e os demonstrar da mesma forma com que os obteve.

Visto isso, percebe-se o quanto uma ação se articula com a outra, se os estímulos que a criança recebe são agressivos, suas respostas serão da mesma altura. Afinal, agressão ensina agressão, empatia ensina empatia. Logo, toda a cordialidade ou, ainda, frieza e indiferença que envolvem o processo de ensino aprendizagem afetam o comportamento, a memória e, inclusive, a atenção da criança. E quando falamos de ensino aprendizagem não estamos nos referindo apenas aos conteúdos escolares, mas também o aprender e o ensinar a se comportar, o educar um filho, o treinar uma equipe. A maneira com que o aprendiz se conecta com o seu instrutor será externado através de suas ações, seu desempenho, sua comunicação.

Assim, nem sempre se trata de um distúrbio, de um transtorno, de uma dificuldade ou, ainda, de um mimo, de uma rebeldia, de uma manipulação. Por vezes, o agir infantil é consequente do ambiente, da estrutura familiar e dos agentes educacionais que instruem a criança. Logo, a maneira com que nos relacionamoscom ela e a emoção envolvida nessa relação trará consequências em sua aprendizagem, socialização, comportamento e, inclusive, em sua vida adulta. Todavia é válido destacar que não se trata apenas instruir e ouvir o público infantil, mas se conectar com ele. O conectar é gerar um sentimento bom, a afetividade, a emoção e, como vimos acima, isso estimula, isso ensina.

Olhe nos olhos, se coloque no lugar, abaixe o tom de voz. Observe suas ações, suas mudanças, sua socialização. Atenta-se na maneira com que a criança se expressa, olhe seus desenhos, ouça a sintonia do seu choro. Respeite quando ela diz “não”; “para”, “não estou gostando”. Entenda suas birras, não julgue e não a subestime. Sinta a força do abraço que ela te dá ou na sua fuga em relação a isso. Analise sua atenção, sua concentração. Avalie suas preferências. Tudo isso acarreta conexão e promove escuta. Por esse caminho, você se conecta, se afeiçoa, ensina e a criança aprende. Lembre-se que a maneira pela qual a criança se comporta pode dizer muito sobre a maneira com que ela aprendeu.

Percebe-se, assim, que ouvir uma criança não quer dizer apenas atentar-se em sua verbalização, mas em todos os fatores já citados. Essa ação vinda dos adultos ensina, previne frustrações, dores, sofrimentos e danos irreversíveis. Adulto, compreenda esse clamor, gere emoção, acalente, abrace e, muito além disso, conscientize-se que não é apenas sobre o ouvir, mas sobre o se conectar com uma criança.

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