sexta, 19 de abril de 2024
Artigo Rui Sintra

Covid-19 - Portugal: de herói a vilão e de vilão a herói

07 Mai 2021 - 14h15Por Redação
Covid-19 - Portugal: de herói a vilão e de vilão a herói -

Portugal portou-se muito bem durante o início da pandemia de Covid-19, em 2020, graças à declaração de estado de emergência em 18 de março, que instituiu as mais rígidas medidas de contenção do vírus. Suspensão das atividades letivas, a proibição de circulação na via pública e viagens entre cidades, a par das medidas de prevenção de uso individual, foram algumas das medidas adotadas até maio desse mesmo ano, tendo o governo se precipitado na flexibilização das regras a partir dessa data. Nessa enganadora euforia inicial, o país foi apontado como um exemplo para os restantes países da União Europeia. As comemorações duraram pouco tempo, já que em novembro o país foi assolado por uma nova onda de contágio de Covid-19, o que obrigou o governo a recuar na flexibilização e reinstaurar um severo estado de emergência - do tipo: ninguém entra e/ou sai das cidades. Talvez acreditando que essa segunda onda seroa passageira, o governo português decidiu levantar um pouco as restrições no período das festas natalinas, e o pior aconteceu: Portugal mergulhou num caos total, quer em termos dos porcentuais de contaminação, quer em número de óbitos. Esse afrouxamento das medidas de restrição nos dias 25 e 26 de dezembro foi visto por especialistas como uma das causas para o aumento de casos de Covid-19 em janeiro de 2021. Esse aumento, por sua vez, motivou a adoção, por parte do governo, de um confinamento total, similar ao realizado nos meses de março e abril de 2020, o que deu resultados muito positivos. Graças a essa medidas, de “ovelha negra europeia” Portugal passou a ser visto novamente como um exemplo, um herói na prevenção e combate ao Covid-19. Intensificação da vacinação, gestão aprimorada dos consumos hospitalares e dos serviços de saúde, manutenção de alguns quesitos de prevenção (uso de máscaras, álcool-gel e distanciamento social, por exemplo) contribuíram para que Portugal esteja atualmente na última fase de um processo de desconfinamento gradual que faz dele um dos países-referência, salientando-se que esse desconfinamento não é a volta à normalidade, já que várias restrições serão levantadas, mas muitos comportamentos e atividades que víamos como garantidos ainda não podem ser realizados. Discotecas e bares continuam fechados, beber álcool na rua está proibido e as máscaras continuarão omnipresentes, entre outras restrições. Com a entrada do país em situação de calamidade, continua a não ser permitido o consumo de bebidas alcoólicas na via pública, como forma de evitar ajuntamentos, no âmbito das medidas de combate à pandemia que se mantêm em vigor. A violação destas regras está sujeita a multas que variam entre os 100 e os 500 euros, no caso de pessoas singulares, e entre os 1000 e os 5000 euros, para pessoas jurídicas. Também não será possível regressar aos estádios de futebol. Até 16 de maio, em todos os concelhos do país o “home-office” manter-se-á obrigatório. A partir desta data e até ao final do ano, esta obrigatoriedade verifica-se apenas nos concelhos com maior risco de contágio pela covid-19. Para casamentos, batizados, aniversários e outros eventos, o número de pessoas convidadas é correspondente a 50% da lotação do espaço que acolherá o evento Mesmo com o avanço da vacinação no país, o cumprimento das medidas de segurança e distanciamento social mantém-se imperativo. No último ano, as máscaras tornaram-se um bem de primeira necessidade, tão — ou mais — importantes do que o próprio RG: sem elas, o acesso a qualquer edifício ou negócio está simplesmente vedado por questões de segurança. A importância do uso de máscaras como prevenção e combate à contaminação de Covid-19 é considerado imprescindível, já que o seu uso passou a ser obrigatório na via pública. O uso de máscaras deve continuar a ser obrigatório pelo menos até ao final do Verão deste ano, quando se prevê a obtenção de imunidade de grupo, afirmou recentemente o primeiro-ministro português.

(*) O autor é Jornalista profissional / Membro da GNS Press Association (Alemanha) / Correspondente internacional freelancer. MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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