quinta, 18 de abril de 2024
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Coluna de Tati Zanon: Selfies assassinas

08 Out 2015 - 17h17
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Começarei este artigo, querido leitor, contando-lhe algo que, nem de longe, é novidade: na atualidade, a ostentação e o exibicionismo (não seriam estas duas coisas sinônimos?) têm tomado conta da sociedade de uma maneira assustadora.

Por essas duas razões, algumas pessoas não têm medido esforços para se exibir virtualmente, e, pior do que isso, têm entrado em grandes enrascadas para tanto. Uma das provas vem de um acontecimento bem atual: a ex-prefeita da pequena cidade de Bom Jardim, no Maranhão, Lidiane Rocha, que deixou que a ostentação ofuscasse sua inteligência (caso ela tenha alguma) e, sem melindres, postou diversas fotos nas redes sociais exibindo viagens, carrões, entre outros produtos que, mais tarde descobriu-se, foram todos bancados pela verba pública.

Você deve ter conhecimento de várias histórias similares a essa, querido leitor. Mas agora uma nova versão de exibicionismo tem tomado conta dos usuários cibernéticos, e, diferente de Lidiane, que só pagará com um (provável) curto tempo na prisão por sua ostentação inconsequente e corrupta, outras histórias narram acontecimentos bizarros que têm levado à morte alguns exibicionistas descabeçados, e da maneira mais insana que podemos imaginar: através das famosíssimas selfies.

Em reportagem publicada no portal da BBC Brasil, parece que tem se tornado comum a publicação de selfies em locais e situações bem inusitados- e extremamente perigosos. A reportagem exemplifica alguns casos de morte "por causa de selfies": queda do Taj Mahal, disparos acidentais de armas (sim, pasmem! Tem gente que gosta de tirar selfies com uma arma apontada na cabeça), queda de pontes ou edifícios, choque em trilhos de trens e chifradas de touros (sim, pasmem ainda mais!).

O notório sociólogo polonês Zygmunt Bauman fez uma análise sobre esse fenômeno de exibicionismo nas redes sociais, e deu sua opinião a respeito: "a área de privacidade se transforma assim em um lugar de aprisionamento, e o proprietário do espaço privado é condenado a cozinhar em seu próprio caldo, constrangido em uma condição marcada pela ausência de ávidos ouvidores, ansiosos por extrair e arrancar os nossos segredos dos bastiões da privacidade, de jogá-los como alimento ao público, de fazer deles uma propriedade compartilhada por todos e que todos desejam compartilhar".

O caminho para "viralizar" agora tem nova receita, e a troco da privacidade e, em alguns casos, da própria vida, novas gerações não têm medido esforços para aparecer. Se antigamente dizia-se que "o peixe morre pela boca", na era digital, podemos dizer que "o peixe morre pela selfie". Seria cômico se não fosse trágico.

As informações acima são de responsabilidade da autora.

 

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