sábado, 20 de abril de 2024
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Coluna de Rui Sintra: Com as costas voltadas para o lado errado da cama

06 Out 2015 - 14h35Por Rui Sintra - Colunista
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O recente jogo de cena encenado pelo governo brasileiro, ao decidir cortar oito ministérios, de reduzir em 10% os salários da presidente da República e dos ministros, bem como extinguir trinta secretarias e três mil cargos de comissão, é encarado por muitos setores da opinião pública como um atentado á inteligência do cidadão, muito embora com essa medida se tenha descoberto a verdadeira face e atitude de um dos principais partidos políticos da base aliada, que, em face à "bondade" de ficar com sete desses ministérios, deixou de lado a sua posição de não nomear nomes para os mesmos e de vetar a criação da nova CPMF. Com o aceno dos novos ministérios, esse partido designou imediatamente nomes para ocupar as cadeiras e passou a apoiar a CPMF. Para muitos, essa atitude é semelhante á praticada nos meios da prostituição de classe alta, sem que, contudo, se tenha descoberto ainda quem é o cafetão chefe. Há um forte sentimento de indignação na sociedade, um forte odor a algo podre e que aumenta com o decorrer do tempo, em face ao que se tem observado nas últimas semanas. A última "pérola" do governo foi a atitude do governo, através da CGU, de pedir o afastamento do ministro Augusto Nardes, do TCU, relator do processo que julga eventuais irregularidades nas contas de 2014 da atual presidente da República, as famosas "pedaladas fiscais", cujo julgamento está marcado para dia 7 de outubro. É uma situação grave, beirando a gravidade antidemocrática que se vive em alguns países da América Latina, que, adicionada à declarada intenção do governo em "inventar" mais tributos, poderá resultar numa convulsão social súbita, até porque as mais atingidas estão sendo as camadas mais necessitadas, mais pobres, além do empresariado, que é quem faculta o emprego. Voltando à vã tentativa do governo mostrar que está cortando na própria carne, para ter uma desculpa para carregar ainda mais nos tributos, tudo indica que essa tímida movimentação convenceu pouca gente. A presidente e os ministros cortaram 10% dos salários? Isso resulta no quê? Num desconto de 4 ou 5 mil reais? "Mas isso é o preço de um jantarzinho com dois casais num bom restaurante de Brasília", alegou um barman meu amigo. Por outro lado, a extinção de oito ministérios e de trinta secretarias... Quem é e para onde vai o pessoal administrativo que trabalhava nesses locais? Alguém sabe? Três mil cargos de comissão foram extintos. Quem são eles, o que faziam, quais eram os seus salários e cadê eles, para onde foram? Onde estão esses números, essa mobilidade de pessoal? Cadê a tão apregoada transparência? Cadê a verdade das ações e todas as suas provas? Se saíram três mil cargos, com a entrada em funções dos novos ministros quantos cargos comissionados é que vão ser criados? Alguém sabe? O que se sabe, com absoluta certeza, é que em qualquer lugar do mundo a política é feita de mentiras, corrupção - inclusive a moral -, conchavos e embustes, só que na grande maioria dos casos tudo isso é feito de forma algo velada. Um grande amigo meu, companheiro de bancada, ao ouvir esta minha afirmação comentou com certa dose de humor (o humor ainda é gratuito!): (...) No Brasil - talvez por causa do clima - tudo é feito às claras, bem nas barbas do povo, que não se importa de dormir seja com quem for, inclusive com as costas voltadas para o lado errado da cama (...).

As informações cima são de responsabilidade do autor.

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