sexta, 19 de abril de 2024
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Chikungunya

14 Mar 2019 - 06h50Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Chikungunya -

A temporada de dengue, zika e chikungunya está chegando. Saiba como esse vírus é transmitido e evite suas conseqüências, de febre a dor nas articulações.

Febre Chikungunya é uma doença parecida com a dengue, causada pelo vírus CHIKV, seu modo de transmissão é pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado comum nas cidades brasileiras e, menos comumente, pelo mosquito Aedes albopictus mais restrito a locais cheios de vegetação. A Chikungunya é uma doença viral causada pela picada do mosquito Aedes aegypti, que tem como principal complicação o surgimento de dor, inchaço nas articulações, aumento na temperatura corporal e mal-estar, em um quadro que lembra gripe ou mesmo dengue, que podem perdurar por até 3 meses, existem relatos de que estes sintomas podem permanecer por até 3 ou 6 anos, havendo também tendinite e alteração da sensibilidade nas mãos. 

A febre chikungunya teve seu vírus isolado pela primeira vez em 1950, na Tanzânia, recebeu esse nome, pois chikungunya significa “aqueles que se dobram” no dialeto Makonde da Tanzânia, termo este usado para designar aqueles que sofriam com o mal. A doença, apesar de pouco letal, é muito limitante o paciente tem dificuldade de movimentos e locomoção por causa das articulações inflamadas e doloridas, daí o andar curvado.

Os mosquitos transmitiam a doença para africanos abaixo do Saara, mas os surtos não ocorriam até junho de 2004, esse ano a febre chikungunya teve fortes manifestações no Quênia, e dali se espalhou pelas ilhas do Oceano Índico, de 2004 ao verão de 2006, ocorreu um número estimado em 500 mil casos. A epidemia propagou-se do Oceano Índico à Índia, uma vez introduzido, o CHIKV alastrou-se em 17 dos 28 estados da Índia e infectou mais de 1,39 milhões de pessoas antes do final do ano, os casos também têm sido propagados da Índia para as Ilhas de Andaman e Nicobar, Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Singapura, Malásia, Indonésia e numerosos outros países por meio de viajantes infectados, assim a preocupação com a propagação do CHIKV atingiu um pico em 2007, quando o vírus foi encontrado no norte da Itália após ser introduzido por um viajante com o vírus advindo da Índia.

Casos importados também foram identificados no ano de 2010 em Taiwan, França, Estados Unidos e Brasil, trazidos por viajantes advindos, respectivamente, da Indonésia, da Ilha Réunion, da Índia e do sudoeste asiático.

O vírus CHIKV foi identificado em ilhas do Caribe e Guiana Francesa, país latino-americano que faz fronteira com o estado do Amapá. Isso quer dizer que a febre chikungunya está migrando e pode chegar ao Brasil, onde os mosquitos Aedes aegypti e o Aedes albopictus têm todas as condições de espalhar esse novo vírus.

A febre chikugunya não é transmitida de pessoa para pessoa, o contágio se dá pelo mosquito que, após um período de sete dias contados depois de picar alguém contaminado, pode transportar o vírus CHIKV durante toda a sua vida, transmitindo a doença para uma população que não possui anticorpos contra ele. Por isso, o objetivo é estar atento para bloquear a transmissão tão logo apareçam os primeiros casos.

O ciclo de transmissão ocorre quando a fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com água, o saírem dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana, após este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas. O Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito adulto vive em média 45 dias, assim o indivíduo é picado, demora no geral de 2 a 12 dias para febre chikungunya se manifestar, sendo mais comum cinco a seis dias.                                                                                                                                               

Os sintomas iniciais mais comuns da Chikungunya são a febre e a intensa dor nas articulações, principalmente nas costas que é o principal diferencial da dengue. Geralmente os sintomas surgem 7 dias depois de ser picado pelo mosquito e duram até 12 ou 14 dias. Já o inchaço das articulações pode surgir até 60 dias depois do início dos primeiros sinais e sintomas, muitas pessoas infectadas com CHIKV não apresentarão sintomas.

O quadro clínico é muito semelhante ao da dengue, e os sintomas de febre chikungunya são Febre, Dor nas articulações, Dor nas costas, Dor de cabeça. Outros sintomas incluem Erupções cutâneas, Fadiga, Náuseas, Vômitos, Mialgias.

Nas mulheres surgem especialmente manchas vermelhas no corpo, vômito, sangramentos e feridas na boca, enquanto que nos homens e nas pessoas com mais idade o mais comum é surgir dor e inchaço nas articulações e febre que pode se prolongar por vários dias.

Ao acessar a corrente sanguínea, o vírus consegue se multiplicar e afetar uma membrana que recobre as articulações, assim as dores em dedos, pulsos e tornozelos, característica que ajuda a diferenciar a infecção de um quadro típico de dengue. Às vezes, esses sintomas persistem por meses ou até mais tempo, há muitas pessoas que são infectadas com chikungunya, mas não manifestam qualquer sintoma, não dá para saber quem vai reagir bem ou mal à invasão desse inimigo da saúde.

O diagnóstico pode ser feito por um clínico geral pelos sinais e sintomas que a pessoa apresenta e/ou através do exame de sangue que ajuda a orientar o tratamento da doença.

Não há tratamento específico disponível para a febre chikungunya. Para limitar a transmissão do vírus, os pacientes devem ser mantidos sob mosquiteiros durante o estado febril, evitando que algum Aedes aegypti o pique, ficando também infectado.

É importante apenas tomar muito líquido para evitar a desidratação, caso haja dores e febre, pode ser receitado algum medicamento antitérmico, como o paracetamol. Em alguns casos, é necessária internação para hidratação endovenosa e, nos casos graves, tratamento em unidade de terapia intensiva, como na dengue, pacientes com febre chikungunya devem evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que contenham a substância associada.

O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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