quinta, 25 de abril de 2024
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CAFÉ E DIREITO: Uma mãe condenada

14 Jan 2018 - 03h09Por (*) Jaqueline Alves Ribeiro
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Todas as manhãs leio alguns artigos jurídicos para me manter atualizada, mas hoje me deparei com uma história que me causou repulsa, e resolvi escrever sobre o assunto.

Quem nunca pensou em como seria o País se houvesse prisão perpétua ou até mesmo sentença de morte? Bom, até hoje penso que existem pós e contras sobre o assunto, mas não estamos aqui para discutir isso, afinal o foco é outro e nós moramos no Brasil da corrupção, onde inocentes e pobres poderiam ser condenados injustamente.

Após ler esta matéria, você com certeza vai pensar em como as pessoas cometem "loucuras" sem medir consequências.

Imagina você, que exista uma mãe que esconde do pai as travessuras dos filhos. Acredito que isso seja algo normal em uma família, e nada prejudicial. Agora, imagine que uma mãe facilita os abusos do padrasto dentro de seu lar. As perguntas que vêm em sua mente devem ser: "Por que ela faz isso? O que leva uma mãe cometer tal ato?". Eu simplesmente não sei. Pode ser "amor" pelo marido, ou até mesmo insanidade.

Segundo uma notícia publicada no site Rota Jurídica no dia 08 de dezembro de 2017, uma mãe foi condenada por ter acobertado por anos os abusos sexuais praticados pelo padrasto contra suas duas filhas. A mesma teve como condenação 123 anos e 18 dias de reclusão.

As vítimas não sabiam que estavam sendo abusadas, elas achavam que estavam apenas ajudando em um "tratamento espiritual" que o padrasto necessitava. Os abusos aconteceram entre 1996 e 2007, e tudo se complicou quando a filha mais nova ficou grávida do próprio padrasto. Em juízo a mãe se mostrou surpresa ao descobrir que seu neto era filho de seu cônjuge. Mas segundo relatos de uma das filhas, era sua mãe que cobria seus rostos, e preparava o local dos abusos com lençóis e travesseiros.

Sei o quanto você leitor deve estar chocado ao tomar ciência de um crime como este. Infelizmente, abusos acontecem, e deixa um rastro de consequências por onde passa. Mas a pergunta que fica é: "O que leva uma mãe a consentir com esse crime?".

A seguir, deixo um pequeno trecho para reflexão:

"O querer ou não um filho passa pela representação do que se entende por ser mãe. Esse filho tanto pode ser a promessa de continuar a existência da família, como também algo que dará um significado à vida do casal; pode trazer também o risco de rompimento do relacionamento conjugal; pode ser encarado como uma promessa de realização de tudo o que não foi possível ser feito pelos pais; pode ser, inclusive, sinônimo de companhia, de segurança, de que terá alguém para cuidar e que, no futuro, cuidará deles". (Maldonado, Bichstein, & Nahoum, 1996).

(*) A autora é advogada na cidade de São Carlos, graduada em Direito no Centro Universitário Toledo, trabalhou como estagiária durante 4 anos na Defensoria Pública do Estado de São Paulo. OAB/SP 388.859. Contato e sugestões: jaquelinealribeiroadv@gmail.com.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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