terça, 23 de abril de 2024
Artigo Rui Sintra

“Bolsa Família” até para mortos

24 Abr 2019 - 14h37Por (*) Rui Sintra
“Bolsa Família” até para mortos -

A notícia é velha (2016) mas continua atualizadíssima, principalmente no que respeita à procura dos verdadeiros responsáveis. Conta essa notícia, devidamente replicada nesse ano por diversos meios, que entre os anos de 2013 e 2014 mais de 500 mil funcionários públicos de todo o país teriam recebido indevidamente o “Bolsa Família”, num montante que, na época, somava perto de $R 2,5 bilhões. Esse montante e essa gigantesca fraude foram apurados através de cruzamento de dados feito entre o Ministério Público Federal, Receita Federal, Tribunais de Contas, TSE e Ministério do Desenvolvimento Social, correspondendo a cerca de 4,5% do total pago pelo “Bolsa Família” nesse mesmo período. Outro aspecto importante em relação a esse caso, é que dentre os mais de 500 mil funcionários públicos (na verdade o número correto é 584 mil), “318 mil eram empresários, 89 mil recebiam a bolsa de R$ 160, mas tinham feito doação para candidatos que disputaram campanhas eleitorais, e 49 mil beneficiários estavam mortos”, sendo que os municípios onde mais se detectaram casos suspeitos foram, Salvador, João Pessoa, Brasília, Recife e Manaus. Até os dias de hoje - já lá vão três anos - não se ouviu falar mais sobre este assunto. Não se sabe se as investigações prosseguiram seu rumo, se foram detidos alguns dos responsáveis pela fraude, ou quanto do dinheiro desviado regressou aos cofres públicos. Um verdadeiro mistério, com cheiro - uma vez mais - a impunidade, com odor forte a política suja, com cheiro a compra de votos e de favores. E, se este fato está diretamente relacionado com o programa “Bolsa Famíla”, que é importantíssimo em termos sociais para quem mais necessita, o mesmo tipo de investigação deveria ser feito, com profundidade, ao programa “Minha Casa, Minha Vida”, que é igualmente importante para quem realmente precisa de um lar, e que com certeza também padecerá de irregularidades. Contudo, as investigações deverão chegar a uma conclusão e a resultados que identifiquem os responsáveis pelas fraudes e o regresso às origens do dinheiro desviado ilegalmente. Será que há coragem para fazer isso, ou continuaremos a viver no país das fantasias?

(*) O autor é Jornalista profissional / Membro da GNS Press Association (Alemanha) / Correspondente internacional freelancer.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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