sexta, 19 de abril de 2024
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Atendimento psicológico domiciliar

16 Set 2019 - 07h00Por (*) Bianca Gianlorenço
Atendimento psicológico domiciliar -

No atendimento domiciliar é o psicólogo quem vai até o paciente.

Essa modalidade de atendimento não é oferecida por todos os profissionais, tampouco pode ser solicitada por qualquer pessoa.

Uma pessoa não pode solicitar um atendimento psicológico domiciliar simplesmente porque tem vontade. Segundo as normas éticas que regulam a profissão, não se trata de um extra para comodidade do paciente ou um serviço diferenciado oferecido pelo psicoterapeuta.

Este tipo de atendimento somente deve ser considerado pelo profissional quando existe uma impossibilidade real de a pessoa deslocar-se até o consultório, provocada por limitações físicas ou psicológicas. Os quadros mais comuns são:

  • pacientes acidentados ou com dificuldades de locomoção
  • idosos
  • acamados
  • pacientes oncológicos
  • pacientes com depressão profunda
  • pacientes com síndrome do pânico
  • pacientes com fobia social e outros.

Que cuidados demanda o atendimento domiciliar?

É muito importante estar atento às características do local onde será realizado o atendimento, para que seja minimamente confortável e sem interferências. Entretanto, o que habitualmente pode ser um problema no atendimento no consultório, deve ser visto pelo profissional como uma questão que faz parte de acompanhar o paciente em casa.

O profissional tem que estar preparado para lidar com questões físicas ainda com mais delicadeza, já que o tipo de doença, a expectativa do paciente, a relação com a família e com outros profissionais da área de saúde afetará diretamente o desenvolvimento da terapia.

O próprio paciente (ou seus familiares/cuidadores), o médico ou a equipe de saúde que acompanha o tratamento podem solicitar ao psicólogo esta modalidade de atendimento, que será avaliada acerca de sua necessidade e/ou alternativas.

Dentre os profissionais da área da saúde que realizam o atendimento domiciliar, o trabalho do psicólogo nesta modalidade especificamente ainda gera muitas dúvidas envolvendo questões éticas do atendimento. Uma delas é o fato de que o psicólogo estará inserido na casa do paciente e em contato com muitas informações que poderiam não ser levadas para o consultório ou hospital espontaneamente pela pessoa atendida. Inclusive, é possível que haja a interferência de outros membros da família, por estarem no mesmo ambiente que o paciente e mesmo uma dificuldade dos demais moradores da casa em compreenderem como deve ser a relação com o psicólogo.

Portanto, é dever do psicólogo atuar de forma a evitar que tais situações prejudiquem o processo psicoterapêutico. Cabe a ele estabelecer os limites de sua atuação e estabelecer regras que considerem a ética em sua profissão.

É importante lembrar ainda que em determinados casos será necessário que haja atendimento psicológico a familiares/cuidadores do paciente, porém, este atendimento deve envolver questões ligadas ao paciente e o seu tratamento e não demais demandas que não tenham esta relação. Cabe também ao psicólogo esclarecer esse limite.

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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